13 Janeiro 2016 | Fábio Gomes
A influência da América Latina na distribuição mundial
Palestra da Expocine discute como Hollywood está se moldando a outros mercados
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A distribuição mundial tem se influenciado cada vez mais com a bilheteria da América Latina e, durante o primeiro dia da Expocine 2015, Bettina Boklis, diretora de marketing da Cinemark; Ricardo Cortes, VP de distribuição da América Latina da Paramount; e Érico Borgo, do diretor de conteúdo do Omelete, discutiram a importância desse mercado para Hollywood.
“É muito importante termos o nome Brasil exposto lá fora. Produções filmadas aqui e filmes falando do nosso País ajudam a potencializar o resultado. Os estúdios querem cada vez mais ter esse tipo de compromisso, trazendo essas filmagens e esses atores. O papel do exibidor é potencializar isso”, afirmou a executiva da Cinemark.
Para a Paramount, o departamento de produção vê a América Latina com grande importância. "Em agosto de 2016 lançaremos Ben-Hur com Rodrigo Santoro como Jesus Cristo, perfeito para o filme e perfeito para o Brasil”, afirmou Ricardo Cortes. Além disso, a comédia Pai em Dose Dupla conta com a atriz Alessandra Ambrósio e o novo longa das Tartarugas Ninja terá cenas gravadas nas Cataratas do Iguaçu.
Isso reforça a ideia de que o brasileiro gosta de se ver representado e Borgo usa a Fórmula 1 como exemplo de como a ascensão de um grande nome nacional influencia a popularidade do esporte. “Depois que não tivemos mais nenhum piloto disputando título, o esporte passou a perder espaço. Se tem um brasileiro lá, você vai seguir acompanhando. Isso cria uma nova camada de interesse em determinado filme”, explicou.
Destacar o País em meio a tantos outros colabora com a bilheteria e, para o especialista, sempre que artistas de Hollywood vêm para o Brasil divulgar seu lançamento quase que automaticamente o desempenho do filme cresce na bilheteria. “Você cria um buzz, que é hoje inerente ao sucesso de qualquer filme. Quanto mais você fala, melhor”, explicou.
Importância do cinema nacional
Apesar das coproduções com os EUA ainda não engrenarem, os especialistas destacaram como as coproduções brasileiras estão acontecendo com países da Europa e a América Latina. “Filme brasileiro é muito relevante para nós exibidores. Sempre promovemos e cuidamos com carinho, pois o resultado aparece”, explicou Betina.
Atualmente, a comédia domina as bilheterias nacionais, mas novos gêneros estão começando a explodir nas telonas e a executiva lembrou do sucesso de Carrossel, voltado a o público infantil. “O público reconhece, gosta de ver muitos atores e atrizes que estão no mercado, nas novelas, acho que conseguimos popularizar os cinemas. É importante atrair todo tipo de público e o filme nacional consegue”, completou.
Mesmo assim, a comédia ainda é tem uma forte influência na bilheteria. Ricardo lembra que entre os principais filmes do Top 10 Brasil e de países da América Latina, entre cinco e sete produções são comédias locais. “Aqui temos uma tendência regional, mas esses números provam que as comédias mandam e desmandam no país. Como indústria a gente precisa pensar o porquê das comédias. A minha visão é que, quando o consumidor vai ao cinema, ele busca entretenimento e uma conexão com o que está vendo e a comédia local faz essa ponta de maneira perfeita, com as piadas locais”, afirmou.
Borgo lembrou que isso pode ser um problema, pois a comédia é um produto que pode facilmente ser visto em uma tela de celular. “Se ele fica satisfeito rindo pelo celular, por que vai ver no cinema? Agora, outros gêneros se valorizam mais na tela grande, ver algo que você nunca viu”, afirmou.
Atualmente, há uma nova geração inteira sendo formada sem esse contato com o cinema. Eles não têm a necessidade de ver uma comédia em salas de exibição, pois acompanham YouTubers de seus celulares e computadores, e não precisam compartilhar risadas em um ambiente com outras pessoas. “Essa geração bem mais nova não tem a necessidade que nós temos. É difícil pra gente entender, pois eles acompanham o Periscope, o Snapchat e conseguem a mesma sensação de quando eu vou ao cinema, que é algo que amo. Eles precisam ser bem mais estudados”, afirmou Borgo.
Por fim, Betina explicou que na Cinemark há uma tradição de formar público. “Temos o Projeta Brasil Cinemark, onde deixamos um dia nossos cinemas com a exibição de filmes nacionais. Essa é uma iniciativa que conseguimos unir a cadeia toda, então temos iniciativas de festivais pra crianças e precisamos olhar esse público. Apoiamos o filme brasileiro em diversas propriedades que temos e isso é um papel nosso", finalizou.
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