18 Novembro 2015 | Fábio Gomes
Mesa discute a relação entre o cinema e a cidade
Especialistas falam como as salas de exibição podem colaborar com o desenvolvimento local
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Fechando o terceiro dia de palestras, subiram ao palco especialistas de economia criativa para falar sobre como o cinema pode auxiliar no desenvolvimento da cidade. Moderada por Mauri Palos, diretor da Expocine, o evento contou com a participação de Ana Carla Fonseca, diretora da Garimpo Soluções, e Renato Nery e Maurício Ramos, representantes da Spcine que substituíram o prefeito Fernando Hadadd, que teve um imprevisto e não pôde comparecer à convenção.
Um dos principais desafios do cinema, segundo Mauri, é atrair espectadores de uma maneira diferente. “Hoje as pessoas consomem mais vídeos, veem mais filmes, só que nem sempre nas salas de cinema. O cinema tem esse ponto de individualidade e, especialmente em cidades pequenas, é o segundo maior ponto de encontro cultural, atrás apenas da igreja. É uma referência na cidade”, afirmou.
Uma das possibilidades levantadas pelo executivo é levar pessoas aos cinemas com conteúdos alternativos. Seja passando vídeos de celebridades do YouTube, seja exibindo episódios especiais de séries de televisão. Além disso, outra ideia pode envolver a comunidade de uma maneira única.
“Tive uma experiência de fazer uma pequena mostra de vídeos amadores com pessoas que viviam no entorno da cidade. Elas produziam esses produtos e íam ao cinema assisti-los. Ver na telona e junto de outras pessoas muda a experiência e você ainda ganha esse público depois”, disse o executivo.
Na sequência, Ana Carla falou sobre como a economia criativa pode ajudar no desenvolvimento de várias cidades e citou o exemplo do Chile. Segunda ela, o país poderia ter feito um vídeo de incentivo para se filmar apenas em Santiago, porém, criou-se um círculo de locais até duas horas distantes da capital chilena como sugestão de filmagem.
Outro exemplo citado foi Buenos Aires que, para filmar, envolveu também os cidadãos, que eram incentivados a participar e melhorariam sua relação com as produções filmadas em sua cidade.
Renato Nery, que cuida da área de inovação, criatividade e acesso da Spcine, falou sobre como o atual prefeito de São Paulo valoriza a cultura. Segundo ele, em uma de suas primeiras reuniões com o mandatário ele afirmou que a cultura era peça fundamental para a mundaça da cidade. “Isso reverberou tão bem que não temos nenhum projeto isolado. Ela está completamente conectada com a política da cidade”.
Com isso, surgiram diversos debates de como a cultura poderia influenciar a cidade. Uma das novidades é um game que está em desenvolvimento onde o jogador pode definir o que fazer com o Minhocão, transformando aquele espaço. Segundo o executivo, a ideia serve para abrir e suavizar o debate sobre o assunto.
Maurício Ramos falou que a Spcine pretende reocupar a cidade e devolvê-la para o paulistano. Uma das principais ideias são os cinemas nos CEUs, levando equipamento de qualidade para periferia, inclusive com projetores da Christie. “Fizemos questão de trazer representantes para Expocine para que eles vissem que eram projetores de qualidade”, afirmou. Por conta disso, a expectativa é que sejam cobrados ingressos entre R$ 5,00 e R$ 10,00.
Além disso, outro objetivo da Spcine envolve os cinemas de rua, recuperando espaços atualmente abandonados. Um dos principais pontos desses cinemas é que eles criem um público, especialmente para filmes independentes nacionais e, assim, colaborem com o desenvolvimento da produção local.
"Precisamos criar esses eventos e situações para que o público conheça mais sobre o cinema e as pontas se conectem. É o que mais fazemos atualmente na Spcine", finalizou.
A Expocine será realizada até o dia 19 de novembro no Centro de Convenções Frei Caneca e tem cobertura especial do Portal Exibidor.
Leia mais:
- Confira a cobertura completa do primeiro dia
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