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09 Janeiro 2015 | Fábio Gomes

Produtores de "Eu Maior" explicam como o lançamento na web pode ajudar o filme

Mesmo lançando documentário na web, longa levou seis mil pessoas aos cinemas

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(Foto: )

Produtores e distribuidores começam cada vez mais a testar diferentes formas de lançamento de um filme. Quebrando a tradição atual, onde o longa estreia primeiro no cinema, pessoas ligadas a indústria estão testando novas maneiras de divulgar e estrear um longa utilizando primeiramente janelas como a Internet.

Um desses principais exemplos está ligado ao documentário Eu Maior, que utilizou a web como uma fonte de divulgação para sua produção. Produzido e dirigido pelos irmãos Paulo e Fernando Schultz, o filme fez da internet sua parceira desde as primeiras filmagens.

“O filme em si é sobre auto-conhecimento e busca da felicidade. Simples. Uma ação diferenciada que fizemos desde o início foi subir no site uma parte das entrevistas que fazíamos. Conforme fomos colocando, as pessoas foram assistindo esses entrevistados. Na média, cada uma tinha cerca de uma hora, uma hora e meia, e colocávamos uma pilulazinha entre três e cinco minutos”, afirmou Paulo Schultz durante a Expocine 2014.

Quer dizer, antes mesmo do filme ter sido terminado os cineastas já utilizaram a internet como divulgação, criando uma audiência para o seu trabalho. “Com isso, começamos a captar o poder das mídias sociais e as pessoas conseguiram compartilhar e entender o que é o filme”, completou Paulo.

Os irmãos, então, decidiram financiar parcialmente a produção via Crow Funding, sendo 25% financiado por pessoas físicas e, com isso, levantaram pouco mais de US$ 200 mil junto a 600 pessoas. Mesmo precisando financiar os outros três quartos do filme, os irmãos tinham a intenção de lançar o documentário na integra na internet e, mesmo assim, ainda conseguiram patrocinadores.

Entre as empresas que ajudaram a financiar o projeto estavam a Net e a exibidora Cinemark. “Conversando com a rede, falamos: ‘queremos lançar na internet logo de cara, mas a gente fez com capricho de cinema, somos cineastas de formação e queremos assistir isso na telona. Como podemos fazer?”, afirmou Fernando.

Junto à rede, os irmãos chegaram a seguinte solução: financiamento coletivo. Quem quisesse assistir ao documentário no cinema, deveria acessar ao canal da rede no catarse e apresentar o seu projeto para exibir o filme na cidade. Com isso, a pessoa teria de 03 a 07 semanas para levantar R$ 03 mil, valor mínimo para confirmar a exibição, junto a outros interessados. Cada contribuição de R$ 20,00 dava direito a um ingresso, o que daria uma plateia de, pelo menos, 150 pessoas. As exibições podiam ser realizadas na segunda, terça ou quinta-feira sempre às 21h00 em salas da Cinemark ao redor do país.

Caso a exibição fosse confirmada, o organizador ainda recebia mais dez convites e um DVD autografado pelos realizadores da obra. “Falamos com a Cinemark o seguinte: ‘Não vamos poder entrar no circuito comercial tradicional. Como faz? Que tal tentarmos um esquema de locação de salas?’ Só que como fechamos um pacote, o valor dele foi bem menor e isso fez com que que esses apoiadores fossem assistir ao longa no cinema por um valor de R$ 20,00, próximo ao valor da inteira de um ingresso”, explicou Fernando.

Mesmo com o filme disponibilizado no Youtube em HD, essa experiência de crow cinema levou seis mil pessoas às salas da exibidora ao redor de 19 cidades. “Levantamos R$ 150 mil e tenho quase certeza que a Cinemark fez mais dinheiro no dia em que Eu Maior foi exibido na segunda, terça ou quinta-feira naquele horário do que teria feito se tivesse programação normal”, explica Fernando.

Por fim, a dupla conclui que poderia ter feito o crow cinema antes e, apenas mais tarde, divulgado o longa na internet. Porém, não tiram o mérito da experiência e acreditam que as janelas se retroalimentam. “A experiência cinematográfica ainda não pode ser substituída pela experiência de assistir no youtube ou na televisão”, finalizam.

Na próxima edição da Revista Exibidor, confira uma entrevista especial com Felipe Braga, diretor de Latitudes, filme que foi lançado primeiramente na Internet e na televisão a cabo e, posteriormente, chegou aos cinemas. 

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