18 Dezembro 2024 | Renata Vomero
Fenômeno "Ainda Estou Aqui" e boas surpresas no line-up marcam ano da Sony: "Equipe não tem medo de errar"
Diretor Geral da Distribuidora, André Sala, concedeu entrevista exclusiva ao Portal Exibidor
Compartilhe:
2024, sem dúvidas, será bastante lembrado pela equipe da Sony no Brasil. Diante de um line-up sólido, com filmes bem posicionados no ranking da bilheteria brasileira, a distribuidora vive um momento especial com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que se tornou (segue a lista e contando): Maior renda e público nacional do pós-pandemia, maior filme do diretor no Brasil e maior renda e público do ano, além de ser nosso representante no Oscar.
Com mais de 2,75 milhões de espectadores nas seis semanas em cartaz e sem dar sinais de desaceleração, o longa é um dos grandes fenômenos nacionais. Unindo tribos do sul ao norte, de todas as idades, gêneros, raças e credos na torcida pela indicação ao Oscar [dedos cruzados], o filme vem dominando a conversa nas redes sociais - a Academia do Oscar que se cuide -, mas não só pela parte “memética” que o cerca, mas também pela discussão sobre a Ditadura Militar e suas consequências ao país, papel que vem exercendo de maneira muito importante.
O filme é brilhantemente protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello, partes fundamentais também nos bastidores e na campanha do filme, muito apoiada justamente nesse afeto e carinho que vem se criando em torno da produção.
“A gente identificou que a campanha era muito mais a parte da emoção do que qualquer outro tipo de venda. E isso ficou muito caracterizado pelo que aconteceu em Veneza. Deu muito o tom do tipo de carinho, do tipo de amor que o público brasileiro poderia dar ao filme. Então, a gente identificou que esse poderia ser o tom da campanha, de você trabalhar com o carinho das pessoas, com o cuidado das pessoas, com a vontade das pessoas de ver o Brasil representado mundialmente, de ver o nosso cinema sendo apreciado por todo mundo. Quando a gente entendeu o que esse era o tom da campanha, a gente começou a trabalhar bastante isso”, destacou André Sala, Diretor Geral da Sony no Brasil e VP sênior da Sony na América Latina, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor e que poderá ser lida na íntegra ao final do texto.
Apoiados nesse afeto, o time da Sony trabalhou em alcançar uma faixa maior de público para o filme, abrangendo tanto os adultos, quanto os jovens; tanto os cinéfilos, quanto o público menos frequente nas salas de cinema. E deu certo. Com apoio da Globo, já que o filme é o primeiro original Globoplay dos cinemas, foi possível capilarizar a campanha, com presença nas redes sociais e TV aberta.
Com o termômetro do filme esquentando para a temporada de premiações e sua escolha para ser o representante do Brasil no Oscar, essa frente também se tornou uma força de divulgação. Soma-se a isso, a definição da data de estreia, marcando o filme para estrear no meio de todas essas notícias, quando ele estava quente na boca do povo. Com isso, desde sua estreia, em 7 de novembro, o longa vem movimentando as salas e ainda não saiu do top 3 de bilheteria.
“Uma outra coisa que a gente soube fazer muito como distribuidora, é um mérito dessa equipe, de trabalhar isso com muito cuidado. A gente não teve medo da data. A gente escolheu uma data para que a gente pudesse aproveitar este momento do filme enquanto ele ainda estava no auge, não deixando esse momento passar e tentando adicionar mais esse momento à sua força”, destacou o executivo.
E é justamente esse combo de assertividade na programação e no marketing e a atenção ao comportamento do público que deu o tom da Sony em 2024. A distribuidora somou surpresas e emplacou ótimos filmes no ranking do ano. Juntam-se a Ainda Estou Aqui, sucessos como É Assim Que Acaba (2,9 milhões de ingressos), Venom: A Última Rodada (2,5 milhões) e Todos Menos Você (2,1 milhões), além de Garfield: Fora de Casa (1,8 milhão) e Bad Boys: Até o Fim (1,7 milhão). Com quatro filmes integrando o top 10 brasileiro de 2024 (seis filmes integram o top 20), se os resultados seguirem da mesma forma até o fim do ano, a Sony deverá ser a distribuidora número 2 de 2024.
“Este tem sido um ótimo ano para a Sony, toda a equipe deveria sentir muito orgulho, é um ano de muito orgulho e muita alegria pra gente. Ainda vamos fechar o ranking final, mas ao que tudo indica vai ser a distribuidora número dois do ano. Acho que se você perguntar para qualquer um, ninguém estava colocando a Sony ali na número dois do ano, isso se deve muito pelas surpresas e pelo trabalho e dedicação. É uma equipe que não tem medo de errar. É muito gratificante. Acho que 2024, se tivesse que resumir, é um ano de orgulho e muita alegria para a gente, porque todas as apostas que a gente fez, todas é um exagero, né? Porque a gente também erra, óbvio, mas várias apostas que a gente fez se concretizaram em resultados muito importantes. Não só para a Sony, para todo o mercado. Temos filmes no top 10, muito bem colocados, filmes que não estariam ali”, destacou Sala.
E com os bons resultados do ano, cresce a expectativa para 2025 na distribuidora, que traz um line-up com mais filmes nacionais: Vitória, Perfeitos Desconhecidos e Advogado de Deus, além de fortes títulos internacionais, como Karatê Kid, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, O Extermínio, entre outros.
“Só espero que a equipe esteja tão orgulhosa do que a gente fez este ano, quanto me sinto orgulhoso de tudo que a gente fez este ano enquanto equipe. Essa é a mensagem para todo mundo agora no final do ano, a gente fez muita coisa boa. Então, é a gente aprender e trabalhar para o próximo ano mesmo”, concluiu.
Confira a entrevista completa, realizada no dia 10 de dezembro :
“Ainda Estou Aqui” está sendo um fenômeno, é a melhor renda e público de 2024 e do pós pandemia, com possibilidade de ter uma carreira mais longa com números ainda para somar. Ao que vocês atribuem esses resultados e como vocês avaliam a atuação da Sony em torno do lançamento do filme?Logo a primeira pergunta bem fácil (risos). Todo sucesso de um filme como esse nunca é determinado por um ou dois únicos fatores. Muita coisa tem que combinar para dar certo. Uma coisa que é a função de uma distribuidora, e que foi a função da Sony nessa campanha, foi identificar como começar essa campanha, né? E a gente identificou que a campanha era muito mais a parte da emoção do que qualquer outro tipo de venda. E isso ficou muito caracterizado pelo que aconteceu em Veneza. Deu muito o tom do tipo de carinho, do tipo de amor que o público brasileiro poderia dar ao filme. Então, a gente identificou que esse poderia ser o tom da campanha, de você trabalhar com o carinho das pessoas, com o cuidado das pessoas, com a vontade das pessoas de ver o Brasil representado mundialmente, de ver o nosso cinema sendo apreciado por todo mundo. Quando a gente entendeu o que esse era o tom da campanha, a gente começou a trabalhar bastante isso.
E isso foi gerando, de novo, todo o tom que a gente queria, de carinho e de cuidado. Então, você monta todo esse tom afetuoso para a campanha. E aí todas as partes têm que acontecer ao mesmo tempo, né? As pessoas assistiram ao filme em Veneza, em festivais, na Mostra e no Festival do Rio. E começaram a retribuir de novo esse carinho, realmente estava demonstrado ali, durante as sessões, durante as entrevistas depois também. Você soma aí um trabalho, que diria incansável, do Walter Salles, da Fernanda Torres, do Selton Mello e do elenco em divulgar, em estar presente e estar constantemente demonstrando esse carinho de volta. A gente foi com uma parte do elenco até as sessões para agradecer a presença das pessoas. Fernanda gravou vídeos, Selton postou uma coisa muito bacana que foi "conta pra mim, como foi a sua sessão" e milhares de pessoas contando. Esse foi um dos trabalhos que a gente fez, que foi de todo mundo, estávamos todos conectados com esse tom de carinho, esse tom de cuidado.
Vocês também trouxeram o próprio Marcelo Rubens Paiva para as entrevistas e divulgação, que aumenta também esse tom afetuoso…
Exatamente. É muito importante, porque estava toda a equipe nisso, todos muito dispostos e tendo a prioridade de retribuir esse carinho também. Então, essa foi uma coisa muito forte e que está até agora na campanha, você vê que ontem [a entrevista foi realizada em 10 de dezembro], com as indicações do Globo de Ouro para o filme e para a Fernanda, voltou tudo isso de novo, né? Existe muito amor. Em relação ao público com o filme e com a campanha do filme também.
Uma outra coisa que a gente soube fazer muito como distribuidora, é um mérito dessa equipe, de trabalhar isso com muito cuidado. A gente não teve medo da data. A gente escolheu uma data para que a gente pudesse aproveitar este momento do filme enquanto ele ainda estava no auge, não deixando esse momento passar e tentando adicionar mais esse momento em sua força. Quando o filme entrou em cartaz, aquele primeiro final de semana foi aquela loucura, você olhava as sessões, assim, sábado às 4h da tarde, não tinha mais sessão em alguns cinemas. E não é que estava num circuito pequeno, estava em 600 e poucas salas. Aí você começa a campanha trabalhando isso, né? Essa sensação de querer ver e não poder ficar de fora.
Também ter Fernanda Torres do seu lado é um luxo, né? Porque o que ela gera de memes, o que ela gera de conteúdo. E o que ela reconhece isso, de maneira muito divertida, de uma maneira muito inteligente, né? Então é ela de um lado, o Selton do outro, muito ativo nas redes sociais. Foi um sonho de consumo conseguir juntar tudo numa campanha só, mas a data também foi fundamental. Um bom filme numa boa data, faz muita diferença, a gente teve uma abertura muito forte e ainda teve um feriado no segundo final de semana que solidificou o boca a boca.
Estou tendo a impressão que as pessoas estão vendo mais de uma vez este filme, voltando para ver com outras pessoas, eu mesma fiz isso. Essa é a impressão que vocês estão tendo também?
A gente tem notado isso e é interessante para a gente porque desde a primeira vez, quando eu, a Camila e a equipe começamos a trabalhar, nós nos perguntamos: “Quais são os nossos Pilares? Para onde a gente vai?” A gente tinha três caminhos que queria seguir ao mesmo tempo. O mais óbvio era o público do Walter Salles. Ninguém pode garantir nunca isso, mas esse público sabe quem é Walter Salles, curte o seu cinema, a sua filmografia. Eram pessoas que sabiam que o filme existia, estavam interessados e iriam comparecer ao cinema. Então esse é um filme de leitor de críticas. É todo um consumidor que já estava bem informado desde Veneza. A partir de Veneza, a partir dessa ideia da campanha do Carinho, a gente foi buscar dois tipos de público. A gente foi buscar um público jovem, que a gente achou que podia se interessar pelo filme, porque é um momento histórico que não é discutido no nosso país, ainda mais no nosso cinema. A gente sempre achou que era importante o jovem ter acesso a isso e a gente também achou que era importante a gente mesmo não criar aquela ideia de uma bolha, de ser nichado.
A gente queria e sempre ofereceu para todo mundo, entramos com o filme em todas as principais cidades. A gente entrou em todas as cidades, do cinema mais popular ao de arte, a gente não queria ficar isolado. E também aí contando com o filme sendo um original Globoplay. Fizemos uma excelente campanha na TV que ajudou a gente a popularizar. A campanha fala sobre o filme brasileiro indicado ao Oscar e isso nos ajudou também a trabalhar. Isso é para que a gente pudesse popularizar, então a gente trabalhou sempre estas três frentes.
A gente trabalhou os fãs de Walter Salles ali e a gente foi buscar um público jovem, mas aí você tem um jovem já mais inteirado nisso, aquele na faculdade, e o jovem que está mais ligados nas redes. É um jovem que foi porque a Fernanda Torres estava bombando, pelo meme, entrou numa onda, mas saiu do cinema modificado, ele saiu do cinema conhecendo a nossa história. Tem uma coisa muito interessante, que foi ter diferentes maneiras de atrair pessoas para o filme. E aí o filme faz o seu trabalho, e é isso que ele faz de melhor, comover as pessoas. Achar esses três pilares para a gente foi muito importante para não ter medo, e aí de novo, entra o trabalho da distribuidora, que tem que entender até onde ela quer ir, qual o tamanho do seu circuito sem medo. Então, a gente foi de A a Z.
Como foi essa negociação com os exibidores, esse trabalho de convencer a entrar com o filme e acreditar no projeto?
Não acho que nem foi a palavra convencer, no caso de alguns exibidores não foi nenhuma questão de convencimento, foi de olhar o circuito e falar é esse circuito mesmo.
A Sony tem uma preocupação, e isso aconteceu quando a gente sentiu lá em janeiro deste ano, a gente sentiu que Todos Menos Você estava começando a bombar no TikTok e que não era um lugar onde o exibidor está, nem eu estou. A gente sentiu que esse movimento estava virando alguma coisa de bilheteria, a gente saiu avisando os exibidores. Eles não nos entenderam totalmente, nos deram um circuito burocrático, tanto que a gente cresceu muito na segunda semana, cresceu na terceira semana e o filme explodiu. Foi a primeira grande surpresa que a gente trouxe para o mercado em 2024. Quando chegou em agosto, que a gente foi lançar É Assim Que Acaba, o exibidor prestou atenção no que a gente tinha para dizer, que era um livro muito forte, um livro muito feminino com uma fanbase que não é formada pelo exibidor, mas por sua filha, seu filho. E aí sim, o É Assim que Acaba, a gente já partiu de um circuito bem maior e foi uma outra surpresa. Quando chegou no Ainda Estou Aqui estava todo mundo meio vacinado já nesse sentido. A gente fez a apresentação na Expocine e mostrou tudo muito bem do que estava acontecendo.
Já era o filme brasileiro escolhido para o Oscar. Todo o cenário para mostrar para eles que esse carinho pelo filme poderia se transformar em bilheteria. Foi muito explicado para todos e todo mundo comprou realmente, todo mundo comprou a ideia e comprou e continuaram comprando. Nossa quarta semana foi a semana de maior número de salas do filme.
É nosso trabalho como distribuidor explicar para o exibidor o que é aquele filme e é função do exibidor estar aberto a receber essa informação, procurar essa informação também por sua conta para validar o que a gente está falando. A gente fez uma coisa que foi muito interessante com o apoio dos exibidores, que mostrou sinais do tipo de resultado que a gente poderia ter na mão, que foi a pré-venda do filme, foi uma pré-venda interessante, não temos comparativos na Sony do cinema nacional, mas dá para olhar com algumas coisas que a gente fez dos nossos próprios filmes. A gente começou a verificar que as sessões estavam começando a encher os cinemas óbvios, a zona sul do Rio de Janeiro, a Avenida Paulista, estavam começando a encher bastante. Só que você vê ao longo do final de semana que isso vai contaminando os outros cinemas populares, foi o contrário que aconteceu com É Assim que Acaba, que encheu o popular primeiro e depois foi contaminando a área mais de arte, vamos chamar assim. Garanto para você que a gente sempre teve total apoio dos exibidores até no sentido de eles nos escutarem sobre um filme que não estava tão óbvio assim.
Pensa, esse filme não estava no line-up de ninguém até meados deste ano, estava fora do radar de todo mundo. Inclusive da distribuidora.
Como está sendo essa nova fase agora que está chegando a temporada de premiações, tivemos as indicações ao Globo de Ouro, as expectativas são de mais indicações [faz sinal de dedos cruzados]. Como está sendo esse planejamento?
A gente tinha uma expectativa no começo, de uma ordem natural, o filme entra e começa a cair. E aí começa a esfriar no fim do ano e, vindo a indicação ao Oscar [faz sinal de dedos cruzados], voltamos com ele. Até agora a gente não conseguiu fazer isso porque ele não caiu, ele entrou com esse número de salas, ele cresceu, ou seja, ele ficou em primeiro lugar na sua abertura, na segunda semana ele foi o número dois do ranking, na terceira semana, ele voltou para a primeira posição do ranking, na quarta semana, ele caiu para número dois e, na quinta semana, ele tá no número dois de novo. Ele até agora não baixou da segunda posição no ranking semanal [na sexta semana o filme ficou na terceira posição]. Até agora continuamos com a estratégia de manutenção do filme.
Óbvio que tem tudo, toda semana acontece alguma coisa, uma semana ele vira o maior filme do Walter Salles no Brasil, a outra semana ele vira o maior filme do pós-pandemia brasileiro, aí ontem ele ganhou duas indicações ao Globo de Ouro, que a gente não ganhava há décadas. Então a gente vê pela programação que a gente tá recebendo agora, o que vai ser a sexta semana do filme em cartaz no cinemas [cine-semana de 12 de dezembro], a gente não está nem preocupado em nova fase, porque a primeira fase não acabou ainda.
Tem muita coisa acontecendo, tem um grande filme brasileiro para estrear ali com o Auto da Compadecida 2, que deve receber um bom circuito. Tenho a sensação que com isso o nosso circuito dê uma diminuída. A gente vai voltar em janeiro, mas nunca saímos do cinema. A nossa ideia é retomar uma nova fase da campanha com a indicação do Oscar. A gente retoma uma nova fase de investimentos de campanha. A gente retoma essa carreira, esse mês e meio que a gente tem da divulgação, uma vez que saia a indicação do Oscar, e acho que mais pessoas vão se interessar.
Ainda tem muita gente que ainda não foi assistir ao filme, que acham que podem se emocionar demais, muita gente no Rio de Janeiro, que se lembra daquela época. Mas é isso, não tem nova fase porque a gente não terminou a primeira ainda.
O que está representando para vocês esses resultados, esse momento que estão vivendo agora e neste 2024?
É um misto de orgulho e de alegria. A gente teve momentos muito felizes este ano. A gente começar ali em janeiro com a surpresa de Todos Menos Você, que foi uma surpresa para todos mesmo, inclusive, para a gente em termos da onde ele chegou. Nosso orgulho! O Brasil foi um dos países que sempre apostou em É Assim que Acaba. O livro era muito conhecido, então o Brasil sempre liderou. O estúdio nos permitiu liderar bastante essas decisões para a nossa região e o Brasil é um dos principais países do mundo para o filme.
A gente teve uma questão muito legal na América Latina, o estúdio nos apoiou muitíssimo para lançar Garfield três semanas antes do mercado americano. Era um momento que era uma janela, um buraco de filmes família. Não só no Brasil, na América Latina, mas dando mérito aqui, porque foi a equipe do Brasil de vendas que identificou essa janela, acreditamos nisso e o estúdio defendeu a ideia. Conseguimos entregar um belíssimo número de Garfield para o mercado.
No caso do Brasil específico [falando de Ainda Estou Aqui], a gente teve essa, não vou dizer que é sorte porque é o trabalho de muita gente para chamar de sorte, mas eu acho que a gente ganhou esse presente, todos nós aqui, de poder ter esse filme na mão e entender, não vou tirar o mérito da distribuidora nesse sentido, a gente entendeu o que esse filme poderia ser. Acho que ninguém esperava, mas a gente entendeu que ele era um filme que tinha um potencial de ser esse orgulho nacional, de ser trabalhada essa questão do carinho e as pessoas falarem tanto dele. Agora não tem mais controle sobre isso, ele ganhou vida própria. As pessoas comentam, divulgam, a foto da Fernanda na Academia bateu recorde, isso não foi a gente. É algo que o brasileiro tomou para si.
Enfim, esse tem sido um ótimo ano para a Sony, toda a equipe deveria sentir muito orgulho, é um ano de muito orgulho e muita alegria pra gente. Ainda vamos fechar o ranking final, mas ao que tudo indica vai ser a distribuidora número dois do ano. Acho que se você perguntar para qualquer um, ninguém estava colocando a Sony ali na número dois do ano, isso se deve muito pelas surpresas e pelo trabalho e dedicação. É uma equipe que não tem medo de errar. É muito gratificante. Acho que 2024, se tivesse que resumir, é um ano de orgulho e muita alegria para a gente, porque todas as apostas que a gente fez, todas é um exagero, né? Porque a gente também erra, óbvio, mas várias apostas que a gente fez, elas se concretizaram em resultados muito importantes. Não só para a Sony, para todo o mercado. Temos filmes no top 10, muito bem colocados, filmes que não estariam ali.
Agora falando em especulação, precisa ver melhor isso, mas é capaz que a gente tenha ali os únicos dois filmes originais, que não são franquia ou sequência. Embora É Assim que Acaba e Ainda Estou Aqui sejam baseados em livros, eles não são sequências ou franquias.
Então, de novo, 2024 é motivo de bastante orgulho aqui, a gente tá com uma equipe cansada, mas muito orgulhosa do resultado deste ano com certeza.
Todos Menos Você também entra nessa conta…
Verdade! E essa é uma coisa legal que tá um pouco no DNA da Sony. A Sony, é claro, que busca as suas franquias, a gente quer ter o nosso Bad Boys, Jumanji, Homem-Aranha, mas é um estúdio que também busca propriedades intelectuais originais. O Todos Menos Você também é mais um caso como este. Uma comédia romântica, de baixo orçamento, com um resultado desse e que tem essa campanha que se estabelece no TikTok.
E tendo feito esse balanço de 2024, com a atuação de vocês se destacando. Como vocês avaliam o mercado nesse ano 2024? Qual é o cenário que vocês enxergam despontando e quem é esse espectador de 2024 indo aí para 2025?
Muito difícil responder isso, né? Quem é esse espectador? Olhando para os números este ano, a gente tem essa mania de ficar comparando com 2019 e ser pessimista, o que é muito natural. E então eu vou tentar não ser nenhuma das duas coisas neste momento. Quando você tem um ano que Divertidamente 2 fez o que fez, e não é só pelo número, olha o volume de pessoas que esse filme afetou de uma maneira positiva, de que esse filme mobilizou por semanas. Cinemas abarrotados de gente, abarrotados de pessoas, então, quantos filmes não foram beneficiados por este, pelo resultado dele. As pessoas se comoveram, se interessaram, estavam presentes numa sala de cinema. Quantas pessoas Divertidamente não trouxe de volta? Quantas pessoas Ainda Estou Aqui não segue trazendo de volta para o cinema? Um público adulto, a gente sempre tinha um certo receio do primeiro fim de semana, porque se focassemos muito no adulto, ele não tem prioridade de ver na estreia, não tem FOMO, tem outros compromissos e prioridades.
O filme conseguiu criar essa necessidade nas pessoas e ainda está trazendo tantos jovens. O Selton e a Fernanda estão falando muito disso também nas entrevistas, de tantos jovens assistindo ao filme. Então olha o que "Ainda" está fazendo pelo cinema brasileiro. Todas as animações que foram sucesso este ano, que continuam trazendo um público família de volta. Olha Moana, o que está fazendo, o que Meu Malvado Favorito fez em julho. Todas essas animações ali no top 10 do ano. Vejo como um ano positivo no sentido de que muitos filmes conseguiram mobilizar pessoas para o cinema.
E continua sendo a nossa função, a gente tem que buscar esse público. A gente tem que voltar a criar hábito nas pessoas de ir ao cinema, de confiar que vai ter uma boa diversão no cinema e isso leva tempo, sim. Antes fosse como diziam, que leva 21 dias para criar um hábito. Não é assim com cinema, infelizmente! A gente tem que achar essa fórmula. Tem muita coisa para fazer, no sentido de entender o nosso público, entender que ele mudou. Existe uma percepção, e a gente viu isso um pouco nas pesquisas e nas conversas das pessoas, que a experiência de cinema acaba sendo uma experiência cara.
Quando a gente fala de experiência de cinema,não adianta só baixar o preço do ingresso. É o transporte da pessoa até o local onde ela quer assistir ao filme, é a alimentação dessa pessoa durante a sessão e depois da sessão. O estacionamento em shopping center. Tem todo um grupo ali de custos que acaba gerando para essa pessoa. Então como é que a gente pode melhorar essa experiência? Como é que a gente pode baratear essa experiência? Claramenteé só em baixar o preço do ingresso.
E aí é a coisa legal dos filmes infantis fazerem muito sucesso. Porque você leva as famílias de volta para o cinema e cria o hábito da criança. A criança vai virar um adolescente que vai continuar curtindo o cinema e você vai alimentando isso, leva tempo. Eu sei que todo mundo tem conta para pagar semana que vem, a gente também tem isso, todo mundo tem, mas o hábito leva tempo e é o que vai fazer a gente ganhar. Tem que ter continuidade, diversidade de produto na tela. É importante a gente lançar todo tipo de filme, a gente lança drama, thriller, super-herói, comédia. Tem que colocar tudo na tela e ter todo tipo de público de volta para dentro da sala de cinema. E tem que entender esse público.
A velocidade do espectador no cinema mudou um pouco para alguns filmes também. Eles não vão correndo no primeiro dia, talvez eles nem estejam presentes no segundo, no terceiro dia, mas eles vão ali no domingo, e começa a aumentar segunda-feira. E aí o boca a boca começa a ficar positivo e o filme começa a pegar na segunda semana. O mercado precisa entender que os filmes merecem essa chance. Alguns públicos não se comportam como o jovem, que precisa ver quando sai, o adulto não tem tanto isso, ele se organiza, não se importa de ver depois. A gente tem que entender e respeitar um pouco, tentar ativar esse público de volta, né?
Não posso falar por todos. Vou dizer o que eu vejo com a Sony, eu vejo que é um ano que teve muita coisa para a gente olhar e aprender. A gente teve erros e teve acertos, mas muita coisa interessante acontecendo que a gente deve parar para analisar e aplicar em estratégias para o próximo ano. Isso pode trazer coisas muito positivas para a gente, muito mais do que só olhar à seco os números. Tiveram muitas surpresas legais este ano e que deveriam ser analisadas para entender como é que a gente pode replicar isso mais para frente. Como é que a gente pode entender que um "A Substância", pode ser a "A Substância" antes de ele chegar na tela. Sei que minha frase ficou confusa, mas você entendeu, né? (risos). A carreira dele foi muito interessante, ele foi segurando ali. Esse é um filme de continuidade, né? A gente tem que olhar para esses filmes com atenção e carinho. O filme era de streaming, mas era um filme de cinema. O Brasil ainda fez proporcionalmente menos do que a América Latina, mas estou muito curioso para o que vai acontecer com a versão dublada, achei uma grande sacada fazerem isso.
Então, este é um ano muito legal de surpresas, né? Estou fazendo questão de destacar dos outros também, porque seria muito mais fácil ficar só no nosso umbigo aqui, olhando só para as nossas surpresas, mas é importante falar, porque foi um ano de surpresas no mercado. A gente tem que ver os números, tá certo, todo mundo faz sua lição de casa. Mas vamos olhar para quem quebrou a barreira independente do número, que surpreendeu de uma maneira positiva ou até negativa.
Se um vai bem, todos vão bem, o mercado todo se beneficia…
Esse é o grande barato do nosso mercado. Claro que a gente quer que o nosso filme chegue no melhor número, que seja o primeiro do final de semana. Mas quanto mais pessoas forem assistir a outros filmes, mais meu trailer vai passar, mais você cria o hábito. Eu posso não ganhar hoje, mas vou ganhar daqui a três semanas, aí isso vai ser importante para mim.
A está tentando reconstruir esse hábito que a gente perdeu por uma questão do mundo, ali o mundo jogou uma tragédia na cabeça da gente e a gente continua trabalhando sobre esse efeito. Se livrando desses efeitos. Então foi um ano de aproveitar e entender todas as surpresas que a gente teve agora e entender como é que a gente pode replicar o que foi positivo e evitar o que foi negativo para o ano que vem.
Falando em ano que vem, o que vocês destacam do line-up de vocês e quais são as expectativas para 2025?
A gente está vindo de um ano muito positivo e a gente espera continuar com essa onda. A gente sabe que está vivendo um momento muito feliz o Ainda Estou Aqui e a gente espera continuar refletindo esses resultados em outros filmes, em especial no cinema nacional. A gente tem Vitória, filme dirigido pelo Andrucha Waddington, com a Fernanda Montenegro, que é o lançamento que a gente tem em março do ano que vem, então, a gente espera seguir com essa onda de carinho, que Vitória já está recebendo. São muitos elogios ao trailer, que está passando no cinema. Lançamos também a primeira produção brasileira da Sony, Perfeitos Desconhecidos, em parceria com a Arpoador Filmes, isso é bem interessante pra gente também, um elenco divertido, uma comédia muito divertida. Uma comédia muito inteligente, então, a gente está gostando muito do que vem por aí. Temos um novo filme do Wagner de Assis, que é o Advogado de Deus, com estreia em julho. Tem muita coisa acontecendo, muito mais coisa que a gente vai anunciar nos próximos meses.A gente está voltando! Tem muita coisa de nacional acontecendo, que a gente já anunciou e a gente vai continuar anunciando. Isso é bacana pra gente.
Muito feliz que a gente tem Karatê Kid, que o estúdio está ali criando um encontro de universos de Karatê Kid. Vai ser muito importante ano que vem. Temos o próximo filme da Margot Robbie, ainda sem título em português, mas é o próximo filme dela depois de Barbie, então, há uma expectativa de todos. Muito feliz que estamos de volta com Danny Boyle, em O Extermínio, com nova versão, o trailer foi lançado agora, com boa repercussão.
Para mim vai ser um tiro no pé se você usar essa frase, mas vou falar (risos): mas eu já estou velho o suficiente e vou lançar de novo Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado. É uma marca tão icônica de filmes de terror ali dos anos 1990, como foi Pânico, e a gente consegue trazer de volta essa marca. Então, é isso, são coisas muito legais que vêm por aí nesse sentido de que podem ser boas surpresas de novo pra gente e que vão fazer com que nosso ano seja divertido. Tem muita coisa nova chegando e mais coisas que a gente vai anunciar. Têm filmes ainda que a Sony está datando lá fora, é um 2025 que vem com bastante coisa. Vamos anunciando conforme forem pintando os line-ups.
E agora, gostaria só de arrematar esse bate-papo sobre 2024?
Acho que dissemos tudo, mas só espero que a equipe esteja tão orgulhosa do que a gente fez este ano, quanto me sinto orgulhoso de tudo que a gente fez este ano enquanto a equipe. Então, acho que essa é a mensagem para todo mundo agora no final do ano, a gente fez muita coisa boa. Então é a gente aprender e trabalhar para o próximo ano mesmo.
Compartilhe: