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06 Outubro 2023 | Yuri Codogno

”Inteligência artificial pode ser uma solução para produzir e distribuir”, segundo especialistas

Painel “Novas tecnologias para distribuição e exibição” discutiu o assunto na Expocine 2023

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(Foto: Mariana Pekin)

O uso da inteligência artificial e automação de software tem causado grandes mudanças em toda a cadeia da produção cinematográfica. Muito se fala do elo da produção, entretanto o painel Novas tecnologias para distribuição e exibição buscou encontrar caminhos para que esses dois segmentos também possam usufruir dos benefícios que os avanços tecnológicos trazem. 

O painel aconteceu no último dia da 10ª edição da Expocine e contou com: Filippo Scanzano, diretor de cinema, esporte e entretenimento na Smart Pricer; Juan Zapata, cineasta da Zapata Filmes; e moderação de Rafael Meschiatti, consultor e estrategista pela Daik Strategy Design.

“A inteligência artificial pode ser uma solução para produzir e distribuir. O maior problema de distribuição é a comunicação. Mas hoje temos mais espaço para quem quer se propor e o que estamos propondo e desenvolver um sistema e uma plataforma que pensa em entender o filme e criar um sistema de comunicação para isso”, explicou Zapata. 

Filippo completou: “Eu concordo que a tecnologia vai mudar muito e estamos usando tecnologias avançadas. E cremos que tenha mais espaço para todos, mas o custo deve ser flexível e temos que nos adaptar a essas mudanças que podem ser feitas na frente de tecnologia. Precisa ser corajoso para criar coisas novas”. 

Na visão dos especialistas, a inteligência artificial pode auxiliar no processo  de planejamento e pesquisa da distribuição, poupando meses de trabalho. Por exemplo, uma IA com um prompt de comando bem definida poderia descobrir como se comunicar adequadamente com o potencial público de um filme. Essa situação - assim como outros empregos da IA - poderia, em um olhar mais direto, ajudar os países latino-americanos a distribuir seus filmes para as nações vizinhas. Como ressaltou Zapata, “90% dos filmes latinos não se propõe a chegar no mercado internacional”, o que diminui consideravelmente a arrecadação do longa.

“Não temos oferta de filmes latinos. Não nos vemos integrados como cinema latino-americano e o Brasil é um dos lugares mais difíceis para programar filmes latino-americanos. Têm interesses políticos atrás disso. Temos que mudar isso e criar um sistema onde nos vemos nos cinemas”, explicou Zapata. 

Aliás, a própria exibição poderia utilizar a tecnologia para fazer processos semelhantes e conseguir entrar em contato, como através de e-mail marketing, com quem se cadastrou no mailing da rede. Desta forma, pouparia todo um longo processo de trabalho que pode culminar em gastos desnecessários. 

Filippo também destacou que as novas tecnologias poderiam ajudar a distribuição e exibição a terem uma relação mais harmoniosa: “Temos problemas maiores e precisamos de mais transparência entre os dois. Mas, afinal, mais renda e todos poderão se beneficiar com mais resultados financeiros”. Juan Zapata concordou com a visão do colega, acrescentando que o objetivo de ambos deveria ser o de conversar com o público final. 

Além da IA, Filippo destacou que há outros caminhos (os quais as tecnologias podem auxiliar) para melhorar os resultados de distribuição e exibição. “A eventização do cinema. Se você pensa no Super Bowl, por exemplo, é muito mais do que o jogo. Isso cria um produto diferente e pode aumentar a sua renda e pode, por exemplo, ter a Noite da Barbie. Então esse tipo de coisa dá certo e podemos cobrar preços diferentes e dar um retorno com isso. Podemos tentar imaginar qual tipo de demanda para um evento, mas quando tem o preço perfeito e então adaptar para o que as pessoas estão dispostas a pagar… isso não seria possível sem a tecnologia”. 

Apesar do tema ser distribuição e exibição, Zapata citou um exemplo de como a IA ajuda também na produção: “O que estou vendo como tendência são filmes que custam muito menos do que antes, especialmente nas plataformas de streaming. Tem que surfar nas tendências, mas não deixar de ter sua proposta. O mercado mudou completamente e, nesse momento, aceitamos essa proposta ou entendemos que precisamos produzir por menos”.

Segundo ele, um filme que produzia por R$ 300 mil e vendia por R$ 500 mil, agora é vendido por R$ 100 mil. Isso é, se for vendido. Então também é necessário enxugar os custos. Em um exemplo prático citado, uma produção de R$ 3,2 milhões custou, com o auxílio da inteligência artificial, apenas 15%  do valor - e a principal economia foi no planejamento do projeto. 

Por fim, alertou: “Obviamente temos muitas questões éticas para discutir e temos que fazer isso bem. Uma equipe de 100 pessoas vira de uma de 15”.

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