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22 Setembro 2022 | Ana Paula Pappa

"Estamos silenciando talentos se não os incluirmos no mercado", afirma Lázaro Ramos

O painel abordou os bastidores do filme e suas estratégias de divulgação

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(Foto: Expocine22)

A Expocine 2022 trouxe o painel Por trás das câmeras de Medida Provisória , o filme mais assistido nos cinemas entre abril e junho de 2022 no Brasil. Dirigido por Lázaro Ramos e estrelado por Taís Araújo, Alfred Enoch, Seu Jorge entre outros grandes nomes, a produção virou case de mídia e impacto social para o mercado nacional, estreando em 265 salas de cinema do país e subindo para 368 salas na segunda semana.

A conversa contou com o diretor Lázaro Ramos, a head da Globo Filmes, Simone Oliveira, e a CEO da distribuidora Elo Company, Sabrina Nudeliman Wagon, que compartilharam histórias, resultados e aprendizados adquiridos com a produção.

Explorando os bastidores da produção do filme, o grande destaque ficou por conta das estratégias de divulgação. Em parceria com a Globo, a exibição exclusiva no BBB22 e a matéria no Fantástico já alavancaram o título gerando maior curiosidade sobre seu conteúdo. Paralelo a essas ações, o filme gerou o equivalente a mais de R$70 milhões em mídia espontânea, resultado da incessante entrega de Lázaro e sua equipe em fazer com que o filme se tornasse o mais relevante possível. 

"Às vezes nós atores não temos paciência para fazer conteúdo para as redes sociais, mas temos que entender o momento em que vivemos e precisamos ter verba para isso!”, ressaltou Lázaro.

O diretor faz o contraponto entre entretenimento de impacto e entretenimento de escuta, ressaltando a importância de criar uma narrativa que fizesse sentido para todos os públicos que queria atingir. “Quando produzi Namíbia, não! - espetáculo teatral escrito por Aldri Anunciação - já havia um incômodo em mim sobre como são criados os conteúdos sobre a população negra, então comecei a liderar outras produções em busca de encontrar uma linguagem diferente”, explicou 

A ideia era oferecer uma produção que não explorasse o sofrimento do povo negro, mas que gerasse discussão e reflexão em uma obra que transita entre humor, drama e thriller. Mesmo com o atraso de um ano não justificado pela Ancine, o filme gerou grande audiência para os cinemas e continua a atrair o público do streaming, já que entrou para o catálogo da Globoplay três meses após ganhar vida nas telonas. 

Para Sabrina Wagon, CEO da Elo Company, “o segredo é ter uma cabeça criativa e suar muito”. A busca por patrocinadores e uma produtora que entendesse a grandiosidade e importância dos temas abordados foi um dos impasses, mas acabou gerando oportunidades para repensar o modelo de marketing e de divulgação que seria implementado. 

“Unimos a experiência dos profissionais com cabeça aberta à inovação e muito esforço para a divulgação dividindo forças em dois pilares: as inserções na grande mídia posicionando o filme como uma produção relevante para o grande público, e também incluímos uma parte importante da audiência que não tem dinheiro para ir ao cinema, então criamos o rolezinho do Medida Provisória com patrocínio de 7 empresas que sabem que não adianta apenas ter bons produtos se não estiverem  conectadas com temas da atualidade”, explicou a executiva da distribuidora. 

Em um filme predominantemente negro, Lázaro conta que a escolha dos 77 atores levou em conta os méritos artísticos, mas não deixou de lado o potencial de atração de público que cada um tem. “Tivemos que compreender a escolha comercial também”, completa. 

Para ele, é preciso entender que existe inteligência nos profissionais negros e que as ações afirmativas não trazem benesses apenas para esta população. “Estamos silenciando talentos se não os incluirmos no mercado”, afirmou. 

Ao serem perguntados sobre a escassez de mão de obra qualificada no mercado, Simone e Sabrina convergem sobre a grande demanda para grandes produções acontecendo ao mesmo tempo, porém também é importante refletir sobre as formas de seleção de profissionais que podem estar sendo deixados de lado por um processo excludente. Um dos caminhos é pensar em abrir oportunidades e estar receptivo. 

“Medida Provisória teve a maior equipe negra da história e isso não é algo a ser comemorado e sim levado para debates e reflexões”, enfatizou Lázaro.

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