Exibidor

Notícias / Expocine / Expocine 22

21 Setembro 2022 | Yuri Codogno

Painelistas conversam sobre a importância das film commissions para a produção nacional

Representantes de três cidades contaram suas experiências no setor

Compartilhe:

(Foto: Divulgação)

O painel Film commissions: formação, desenvolvimento e aprendizado aconteceu na tarde desta quarta-feira (21) na Expocine e trouxe pontos relevantes da importância desse movimento para o fomento do audiovisual brasileiro. Moderado pelo diretor e roteirista Marcos Jorge, representantes de três cidades passaram suas experiências para os espectadores da sala.

“Para um diretor, locação é uma coisa muito complexa. No Brasil, a gente tem sempre dificuldade de locação, então é fundamental o trabalho dessas film commission”, comentou Marcos Jorge ao abrir o debate e após dar algumas experiências das dificuldades que já teve com isso. “Aqui no Brasil a gestão pública demorou a entender a importância dessa política pública”, completou Daniel Celli, representante da film commission da cidade do Rio de Janeiro.

A film commission é uma atração de investimento, segundo Daniel, e melhora o ambiente de produção, sendo muito estratégico para cadeia produtiva do audiovisual e influenciando nas camadas de produção. Mas para Flávia Gonzaga, da film commission da cidade de São Paulo, o trabalho vai além: “ela precisa atuar como um serviço considerando todos os seus clientes, não exclusivamente o setor audiovisual. Uma film commission que vai ter um bom funcionamento, vai atender também a gestão pública, quanto os munícipes. Porque se não considerar todas as pontas, vai criando uma política que não vai ter um bom funcionamento a longo prazo”. 

Flávia ainda lembrou que as film commissions precisam trabalhar para evitar transtornos e desgastes para todos os lados, que muitas vezes estão acumulados há anos. Isso porque locações mal feitas em determinados pontos da cidade podem trazer prejuízo aos cidadãos locais. 

Em relação aos planos para atrair as produções, Gabriel Portela, secretário adjunto de cultura de Belo Horizonte, lembra que eficiência e desburocratização são importantes atrativos: “trabalhamos com a média de três dias para liberar filmagens. [Além disso] a gente tem descontos para equipamentos públicos, como parques e museus e praticamos uma escala de descontos”.

Gabriel também destacou que é importante haver continuidade das film commissions, independentemente de possíveis trocas de governo a cada quatro anos: “criamos editais específicos, formação por escolas voltadas à arte e cultura. Hoje a gente tem um decreto que estabelece esses fluxos e prazos. Independente de quem está aqui, existe uma estrutura criada e toda essa política foi criada em diálogo com o setor audiovisual”.

O trabalho das film commissions também se destaca por auxiliar, em parte, na produção do projeto, indicando lugares mais adequados e que caibam no bolso, especialmente se for filme de baixo orçamento. “Produções de baixo orçamento e independentes têm descontos maiores. Mas um processo muito importante é a inteligência. Produtores podem acionar a film commission e marcar uma reunião e tentar ter apoio para buscar os lugares mais baratos. Temos preços que são definidos por outras secretarias, mas influenciamos na gestão dos preços públicos. Parques mais procurados têm preços mais elevados, então a gente pode influenciar a escolher menos escolhidos”, disse Flávia.

Daniel também lembrou que algo que pode ajudar qualquer film commission é a formação de um catálogo. “A gente tenta sempre estar bem próximo aos profissionais, associações, grupos e reuniões. A questão dos catálogos de profissionais, serviços e locações é muito estratégica. Ele é atualizado mensalmente e vamos ampliando e divulgando esse catálogo. Promover o audiovisual é fazer o catálogo, porque é o que mais se acessa, especialmente para produções internacionais”, concluiu Daniel.

Por fim, o moderador ressaltou a importância das film commissions como algo que acrescenta qualidade e referências locais à produção. “É fundamental que a gente filme nas nossas cidades, porque não basta nossa língua nas telas, é também nossa realidade”, concluiu Marcos Jorge.

Compartilhe: