21 Setembro 2022 | Renata Vomero
"Falta representatividade real de pessoas 50+", dizem profissionais do audiovisual
Painel sobre economia prateada abriu encontros da nona edição da Expocine
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Na manhã desta quarta-feira (21) aconteceu o primeiro painel desta Expocine. Sob o título Economia prateada e as oportunidades para o audiovisual, o encontro reuniu Layla Vallias (Hype50+), Daniela Busoli (Formata), Yuri Fernandes (ILC) e Kelly Dores (PropMark - moderação) para falarem sobre as possibilidades e oportunidades para os consumidores de audiovisual que tenham mais de 50 anos, no que se chama de economia prateada.
A expectativa é de que cada vez mais a sociedade, especialmente a brasileira, tenha aumento dessa população, o que impõe a necessidade de pensar em como retratá-los, além de oferecê-los experiências que os aproximem do audiovisual e seu consumo.
Segundo dados trazidos pela Hype50+, consultoria de marketing voltada para o consumidor maduro, são mais de 30 milhões de brasileiros que se encontram nesta faixa de idade, ou seja, 4 em cada 10 consumidores são esse público, sendo eles responsáveis em 64% das vezes por sustentar suas casas, com os maiores valores monetários circulando entre os cidadãos de 50 a 75 anos. Infelizmente, o audiovisual e a publicidade ainda não deram conta de representá-los da maneira mais diversa e realista possível.
“Como mercado ainda reproduzimos a ideia de um velhinho e o outro contraponto é de um super idoso, os dois distanciam da maioria das pessoas, é legal, mas tem que mostrar essa diversidade na maturidade, para aprofundar na conversa e pensar na interseccionalidade”, comentou da Layla Vallias, cofundadora da empresa Hype50+..
E não é que faltem exemplos, Daniela Busoli, fundadora e CEO da Formata Produções, criou recentemente o programa humorístico Casa Paraíso, do Canal Multishow, que conta com elenco majoritariamente formado por atores com mais de 60 anos e que, pelo sucesso, escancarou a demanda do público.
“Uma pessoa de 50 anos não é um idoso, não temos que estigmatizar e pensar que estamos falando com pessoas idosas, são pessoas que querem se ver na tela de forma real. Foi um sucesso, tanto é que vai para a TV Aberta”, reforçou, ainda complementando o quanto o gênero de humor funciona com esse target. A produtora também assina a franquia Os Parças, com Tom Cavalcante, e o filme A Suspeita, com Glória Pires, entre muitos outros projetos protagonizados por atores maduros, que, segundo ela, sentem dificuldade de encontrar papéis.
Se falamos na dificuldade de pessoas 50+ de se verem representadas nas telas ou contempladas como consumidoras em publicidade, esse recorte do etarismo se torna ainda mais dramático pelo olhar LGBTQIA+.
E foi justamente pensando nisso que o jornalista Yuri Fernandes produziu a websérie LGBT+60, que já conta com mais de 2 milhões de views no YouTube. O projeto tem como objetivo retratar pessoas da comunidade vivenciando sua velhice ou expressando sua maturidade, seja como casal e família, seja vivenciando a solitude.
“O que me instigava como homem gay era não me ver na maturidade, não ter essa representatividade, isso me instigava muito.No começo a preocupação era sobreviver, não era pauta a velhice. Agora vemos a história acontecendo diante de nossos olhos, temos o direito de casar e agora conseguimos ver modelos de famílias, já conseguimos nos ver, mas a terceira idade é um caminho que a gente tá engatinhando”, reforçou o jornalista.
Os três profissionais presentes ainda reforçaram a perda que o mercado tem de deixar esse público de lado, tanto por serem consumidores, no geral com ticket médio mais alto, que querem se ver em tela, tanto como oportunidade de contar novas histórias e explorar um novo caminho narrativa em meio a tantos lançamentos.
“As histórias estão aí é só abrir mais os olhos e ouvidos para ver”, finalizou Layla.
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