03 Abril 2019 | Renata Vomero e Fernanda Mendes, las Vegas
Painel apresenta panorama sobre o cenário de documentários atual
Primeiro debate do dia trouxe diferentes profissionais do cinema para falar sobre o gênero
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O primeiro encontro do terceiro dia da CinemaCon 2019 teve como tema o documentário. Para enriquecer o debate foram convidados Lisa Bunnell, da Focus Features; Lesley Chilcot, cineasta; Elissa Federoff, da NEON; Robert J. Lenihan, presidente da AMC Theatres e Matty Tyrnauer, cineasta. O painel foi apresentado pelo analista de mídia da Comscore, Paul Dergarabedian e mediado por Steve Bunnell da Alamo Drafthouse.
Como 2018 foi um bom ano para os documentários nos cinemas, tendo o gênero inclusive batido recordes de lançamentos. Esses números modificaram de certa maneira o mercado, que passou a ter bons olhos para estes filmes. “Há alguns anos os documentários não passavam nos cinemas. Hoje eles passam e dão dinheiro para as bilheterias”, afirmou Steve Bunnell.
Entre os profissionais, existe um otimismo quanto ao gênero, já que o ano passado foi bom, fazendo com que existam grandes expectativas para 2019. “Esses diretores transformam assuntos que não são tão falados em conteúdos de arte completos”, acrescentou Paul Degarabedian.
Trazendo a visão de distribuição para a conversa, Lisa Bunnell mostrou ser aberta e estar em busca dessas narrativas. “Nós procuramos por assuntos de documentários, vemos documentários lindos, damos esperança e mudanças para as pessoas com os documentários”.
Elissa foi responsável pela distribuição de Amazing Grace, que conta a história de Aretha Franklin, que demorou 47 anos para ser lançado e foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Berlim. “Esse filme demorou muitos anos para ser produzido. Foram muitas dificuldades para realizar, por conta da família, políticas, enfim. Tem muita história por trás. É muito incrível a experiência, é muito imersivo, você se insere na história dela, você não acha isso todo dia em outros filmes”, ela revela.
A importância de dar espaço para esses filmes no cinema e em boas salas também é imprescindível para enriquecer a experiência cinematográfica do espectador, que tem a chance de ver boas histórias de maneira mais completa. “É fantástico ver documentários em Imax Screen, por exemplo, onde muitos blockbusters são exibidos. Não acho q muitos documentários encaixam neste formato, mas há uns que ficam incríveis, como Free Solo”, comentou Robert Lenihan.
Conforme vem sido bastante discutido este ano, desde a temporada de premiações e principalmente durante este CinemaCon, a questão do streaming também foi levantada, já que grande parte dos documentários chegam aos espectadores apenas desta maneira. “Streaming ajuda os documentários, mas não é uma desculpa para eles não passarem no cinema. Eles captam as audiências, por conta de questões, como o marketing. Os exibidores têm que ter uma comunicação efetiva. Precisamos nos conectar com as audiências”, disse Matty Tyrnauer. O assunto trouxe a questão da necessidade trabalhar a comunicação com o público para levá-lo ao cinema, não só com o público, mas com o mercado exibidor também, para conseguir espaço nas salas. O que acaba sendo uma facilitação da própria CinemaCon, conforme afirmou Lesley Chilcot: “Em 2016, vim aqui na CinemaCon com um documentário sobre Al Gore (Uma Verdade Inconveniente) para falar com os exibidores, porque é um dilema. Eles não iam querer passar nos cinemas um doc sobre Al Gore. Mas alinhamos as comunicações e o filme acabou fazendo US$15 milhões, então eu agradeço muito a vocês”.
Em dado momento do painel, Lisa Bunnell foi muito aplaudida pelo público ao citar a magnitude e importância de ter um filme exibido no cinema. “Quando você vê um filme no cinema, você tem oportunidade de conversar sobre o que está rolando e encontra assuntos em comum com outras pessoas, isso cria uma interação humana que é muito importante. Os diretores veem e pedem para distribuirmos na Netflix direto e falamos sempre: ‘você não pode perder a oportunidade de ter o seu filme nos cinemas, para as audiências verem a sua mensagem e, assim, juntar as pessoas. Ficamos muito felizes em colocar no cinema, é muito importante”, ela ainda finalizou: “Estamos em um ano de eleições, é um ano para ter as pessoas nos cinemas. Meus filhos viram um doc na escola e ficaram chocados com coisas q não sabiam. Precisamos educar as pessoas, há muita fake news por aí. Os cineastas fazem filmes que realmente fazem a diferença e falam com o que podemos lidar e fazer melhor”.
Confira a cobertura completa do terceiro dia da CinemaCon
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