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10 Março 2023 | Renata Vomero

Bilheteria norte-americana deve se recuperar com aumento de estreias no ano, aponta relatório

Cinema Foundation divulgou seu primeiro estudo sobre o estado da indústria

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(Foto: iStock)

A Cinema Foundation, fundação sem fins lucrativos da NATO, divulgou seu primeiro relatório completo sobre o estado atual da indústria de exibição na América do Norte. O documento traz alguns importantes apontamentos sobre número de salas, quantidade de lançamentos, força das estreias exclusivas nos cinemas, streaming, pirataria e média do valor do ingresso atual.

Um dos números interessantes que abrem o relatório é sobre a quantidade de salas tanto na América do Norte, quanto nos EUA, incluindo também um panorama global. Atualmente, a quantidade de telas (como eles mesmos intitulam) é de 42 mil na América do Norte, abaixo dos 44,2 mil de 2019. A queda se reflete nos resultados dos EUA, que conta com 39 mil telas (41,1 mil em 2019). O cenário não é o mesmo em nível global, temos atualmente 212,5 mil salas de cinema ao redor do mundo, valor 5,8% maior do que em 2019, quando eram 200,9 mil.

Tendo isso em vista, os exibidores estão se movimentando para trazer melhorias em seus cinemas para que o público tenha a melhor experiência possível, talvez entendendo que seja melhor ter menos salas, mas que elas estejam com a melhor tecnologia e conforto.

39% dos exibidores planejam adicionar mais salas no formato premium (PLF) nos próximos três anos, 54% desejam melhorar o sistema de som e 53% o de projeção. Já 42% programam trazer mais poltronas reclináveis e 37% pensam em oferecer opções de drinks e bebidas alcoólicas para os espectadores com idade apropriada.

Um dos pontos mais interessantes e que vem sido destacado tanto pela própria NATO, quanto por analistas da indústria, é o quanto a bilheteria depende do número de lançamentos, que tem sido mais enxuto desde o início da pandemia.

Segundo o relatório e a própria presidente do Cinema Foundation, Jackie Brenneman, há um cenário de recuperação da bilheteria com base na análise filme a filme. Em 2020 a arrecadação com venda de ingressos na América do norte foi de US$2,2 bilhões, em 2021 de US$4,5 bilhões e em 2022, ano mais próximo da normalidade, foi de US$7,5 bilhões.

No entanto, o ano passado somou apenas 71 grandes lançamentos nos cinemas, diferente dos 112 de 2019, ano em que a arrecadação foi de US$10,10 bilhões. A título de curiosidade, a média de renda por título foi de US$90,2 milhões em 2019 e US$91,7 milhões em 2022. Para 2023, estão programadas 107 grandes estreias, número muito próximo ao de 2019.

Já referente ao valor médio do ingresso para o cinema, corrigido pela inflação, em 2022 ficou em US$10,53, menor do que em 2019, cuja média foi US$10,58. Este era um dado que não tinha atualização deste o último ano pré-pandemia.

Quanto ao streaming, o relatório trouxe um apontamento bastante relevante e que tem sido pontuado em outras pesquisas e análises: a relação cinema e streaming. Tem sido observado que filmes com lançamento amplo e exclusivo nas telas grandes, têm melhor performance quando chegam depois nas plataformas digitais.

No ranking dos filmes mais assistidos dos principais serviços do mundo em 2022, o maior número deles foram os que ganharam estreia nos cinemas na América do Norte. Dos 30 títulos apontados, 22 tinham esse tipo de lançamento tradicional, representando 74%.

E mais, 9 em cada 10 dos participantes do estudo conduzido pela fundação diziam saber quando um filme do streaming havia sido lançado primeiro nos cinemas. Em outubro de 2021, 44% disseram estar mais propensos a assistir algo nas plataformas que tenha estrado em cartaz antes.  Já em fevereiro de 2023, esse valor subiu para 50%.

Embora o relatório não se debruce profundamente sobre a questão da pirataria, ele reforça os dados da MUSO, de análise de downloads ilegais, sobre o quanto os picos de pirataria se relacionam com a disponibilidade do conteúdo nas plataformas digitais. Quanto maior a janela entre um e outro, mais distante da estreia nos cinemas está esse pico de pirataria.

Referente aos conteúdos, os filmes são o grande carro-chefe dos cinemas, obviamente, no entanto, o público vê bastante valor na experiência cinematográfica também para consumir outros tipos de produções, 77% dos entrevistados pela fundação se interessam pela exibição especial de alguma série de televisão e 72% por algum show ou concerto diretamente na tela grande.

E mais, uma parcela desses espectadores está disposta a pagar mais caro nos ingressos para poder ter essas experiências, enquanto, outra parcela parecida (em cerca de 20%), deseja pagar o mesmo valor.

Pensando, então, nos filmes, alguns gêneros claramente são mais queridinhos do público do que outros. 52% do público prefere ver comédia nos cinemas, 49% gosta de ação e thriller, 42% preferem terror, 36% assistem mais a dramas e 29% optam por romance.

A ideia com o relatório, semelhante ao que a NATO apresenta anualmente na CinemaCon, é trazer um panorama da indústria e também gerar ideias e insights nos profissionais do mercado de ponta a ponta. No link é possível acessar o relatório completo.

 

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