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Artigo / Mercado

18 Agosto 2017

Os Exibidores reinventam o modelo de negócio para atrair clientes

A Netflix tem um plano para impulsionar o negócio de filmes, mas o cinema tradicional pode ou não ser parte disso

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A, cada vez mais poderosa, Netflix diz que vai “revigorar o negócio do cinema, mas os complexos de cinema podem não desempenhar um papel importante em seu plano”.

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Conforme seu relatório divulgado na semana do dia 14/08/2017.

No relatório, a Netflix concentrou-se na importância de agitar o negócio do cinema, que tem visto um número cada vez menor de pessoas indo aos complexos.

“Assim como mudamos e reinventamos o negócio da TV, colocando os consumidores em primeiro lugar e tornando o acesso ao conteúdo mais conveniente, acreditamos que a internet TV pode igualmente revigorar o negócio do cinema”, continua no relatório – “Este ano vamos lançar 40 recursos que vão desde filmes de grande orçamento até cinema independente de base”.

A Netflix tem um plano para impulsionar o negócio de filmes, mas o cinema tradicional pode ou não ser parte disso.

A Netflix contraria o modelo de Hollywood, com relação à sua estratégia de lançamento e o compromisso de disponibilizar os filmes em sua rede de streaming no mesmo dia em que eles passam nos cinemas. Enquanto sua rival, a Amazon decide respeitar os cinemas ao não transmitir filmes até os 90 dias após o seu lançamento nas salas de cinema, a Netflix se recusou a fazer isso.

Isso levou todas as principais cadeias de filmes a se recusar a exibir filmes da Netflix.

Mais recentemente, o modelo da Netflix deixou muita gente contrariada no Festival de Cannes, com dois títulos “Ojka” e “The Meyerowitz Stories”, adicionados à programação deste ano, obrigando o Festival anunciar que, a partir de 2018, um filme só se qualificaria na programação se tiver uma versão exibida num cinema na França.

Os Exibidores sozinhos não vencerão essa briga, pois será necessária a aliança com os estúdios, mas resta saber se os estúdios estão mais preocupados em socorrer os Exibidores ou definir suas próprias estratégias de streamings.

Segundo o relatório da IBIS World, nos EUA e Canadá, a concorrência dos serviços VOD, como Netflix, tornou mais fácil o acesso em casa ou em dispositivos móveis e, deslocou o consumo de filmes para longe dos cinemas nos últimos cinco anos.

No mesmo relatório, as vendas brutas de bilheteria aumentaram nos EUA e no Canadá – de US$ 10,2 bilhões em 2011 para US$ 11,4 bilhões em 2016 – onde a maior parte desse crescimento foi atribuída aos preços dos ingressos mais elevados, bomboniere e filmes em 3D.

Mas o crescimento do público em geral estagnou, segundo o relatório, com o número de ingressos vendidos nos EUA e no Canadá mantendo-se estável em 2016 em relação ao ano anterior, em 1,32 bilhões. Segundo dados da MPA América, esse número foi de 1,6 bilhões nos anos anteriores ao início dos anos 2000.

Nos dados recentemente divulgados pela ANCINE, nós ainda estamos vivendo um crescimento de bilheteria e audiência – essa é a boa notícia. A realidade Brasileira reflete o que aconteceu nos EUA, com um ou dois anos de atraso e, com isso, podemos prever que num futuro próximo enfrentaremos as mesmas dificuldades que eles passam atualmente – essa é a má notícia.

A estratégia adotada pelos Fabricantes e Fornecedores de equipamentos tradicionais da indústria da exibição tem sido oferecer a sofisticação da infraestrutura existente, em salas com projeção laser (dois projetores em alguns casos), som imersivo com a necessidade de altos investimentos em processadores, caixas e amplificadores, telas PLF com marca própria ou IMAX, poltronas reclináveis e 4 motion e sistema 3D com dois projetores.

Sem dúvida alguma a experiência oferecida aos abastados cinéfilos é diferenciada, pois nunca se terá a mesma condição em casa, mas fica a dúvida até onde irá a capacidade de upgrade dos Exibidores?

A sensação é que estamos trabalhando nos efeitos e não nas causas dos problemas, pois num mundo digital é questionável se investir pesado somente em equipamentos, sem a mesma atenção aos softwares de gerenciamento, sistemas de automação, monitoramento e informações de mercado.

Vários exibidores começam a descobrir e formar alianças com Fornecedores que se mostram mais sensíveis aos seus custos, necessidades e expectativas, criando a certeza que a relação custo x benefício é a ciência mais exata que tem para aprender a se defender.

Mas nem tudo é infraestrutura, pois inúmeros cinemas em todo o mundo responderam alterando seus modelos de negócios para atrair públicos maiores, oferecendo mais serviços de qualidade, onde alguns têm bares, cafés ou restaurantes com serviço completo no local, para que os clientes possam jantar e assistir um filme. Outros estão comercializando suas salas para diversos fins, como conferências, palestras, ações de convivência e até mesmo cultos religiosos.

Temos alguns cases de sucesso com lobbies de cinema transformados em bares da moda, com cardápios assinados por chefs e painéis de LED com shows e eventos ao vivo, onde até é possível entrar, consumir, se divertir e assistir um filme, mas isso não é obrigatório.

Luiz Fernando Morau
Luiz Fernando Morau | morau@integradora.digital

Profissional sênior em infraestrutura, desenvolvimento e integração de soluções no audiovisual, digital cinema, broadcast, games, VR, AR e digital signage. Sócio e CEO da INTEGRADORA DIGITAL

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