17 Março 2020
O que será do cinema pós Coronavírus?
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Como um ser microscópico consegue gerar um pesadelo tão grande? Como um ser deste consegue criar um colapso econômico mundial?
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Em todo e qualquer mercado que passe por nossos pensamentos, enxergamos um colapso. Li em um artigo neste último fim de semana que a penicilina nos EUA é produzida 100% na China desde os anos de 1950s. Um surto de infecção hospitalar em meio à manutenção do tratamento do Coronavírus naquele país pode ter proporções catastróficas, uma vez que, aqui, a China não exporta tal remédio desde o início deste ano por razões óbvias.
Isso é só um problema dentro de uma indústria (a farmacêutica), entre tantos outros, desde bens de consumo até o colapso bancário no caso de inadimplência em massa. Lembre-se que se somarmos todas as dívidas do planeta, esta cifra já está em US$ 255 trilhões.
Já passamos três parágrafos e nem falamos da nossa indústria, a do audiovisual. Temos cinemas encerrando suas operações por exigência de governantes ou até mesmo pela histeria, embora respaldada em prevenção, da população em evitar se juntar a locais com aglomeração de pessoas, estúdios e produtoras simplesmente pararam, ocasionando atrasos em produções futuras e até mesmo as atuais – vide as novelas da TV Globo que simplesmente pararão de ser exibidas nos próximos dias. Distribuidores em todo o mundo estão trabalhando de casa adiando lançamentos e estudando como lançar seus próximos títulos em um ambiente com umas 15 semanas a menos que nos anos normais.
Não há precedentes em todos os 125 anos desta indústria onde poderíamos consultar e criar previsões mais assertivas, mas espera-se um prejuízo generalizado em todo o globo que irá reverberar um pouco para 2021, uma vez que títulos do próximo ano e que estavam em produção encontram-se, agora, parados. E o que será de nós após esta crise passar? E vai passar rápido como um Tsunami, deixando um estrago inimaginável.
Mas não podemos ficar parados em choque. Precisamos nos animar, precisamos nos erguer e reconstruir o que o Tsunami derrubou.
O governo federal já ensaia ajuda em diferentes frentes que, somadas, estamos falando já de mais de R$ 300 bilhões de benefícios. São postergação do pagamento de tributos federais, como PIS e Cofins, durante os próximos três ou quatro meses, postergação de parcelas de empréstimos já correntes em bancos e, lógico, crédito para empréstimos em juros diferenciados.
Outros Estados e Municípios também já estão se movimentando. Em São Paulo, por exemplo, o governador João Dória já anunciou uma ajuda de R$ 225 milhões às empresas paulistas.
O mercado do audiovisual (exibidores, distribuidores e produtores) também pode fazer sua parte e pressionar a ANCINE para que recursos ainda não alocados – como mais de R$ 700 milhões do FSA – possam ser utilizados para a recuperação de todas as empresas afetadas por esta paralização sem igual.
Enfim, parece que estamos no apocalipse, mas há uma grande luz no fim do túnel e todos que trabalham no audiovisual poderão se reorganizar ao fim desta crise e manter seus negócios.
Falem com seus bancos (principalmente os estatais), com a ANCINE, com bancadas legislativas, com governantes locais. Todos estão se preparando para manter o seu negócio funcionando.
Não desanime, vai passar, e filmes não faltarão aos cinemas, recursos para novas produções estarão disponíveis e estaremos recuperados antes do que imaginamos.
Força, que passaremos por esta juntos!
Marcelo Lima | marcelo.lima@tonks.com.br
Marcelo J. L. Lima é fundador e CEO da Tonks, empresa responsável pela Expocine, Portal Exibidor e Cine Marquise. Analista na indústria de cinema, Marcelo Lima também presta serviços de consultoria no setor.
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