Em 2019, o universo cinematográfico da Marvel parecia ser imbatível. No início daquele ano, o primeiro “Pantera Negra” havia conquistado sete indicações ao Oscar, incluindo uma nomeação inédita a melhor filme para um longa de super-herói; um triunfo que nem a franquia de Christopher Nolan, “Cavaleiro das Trevas”, havia conseguido. Ainda em 2019, a história dos Vingadores como equipe chegava ao fim, com o “Vingadores: Ultimato” ultrapassando a marca de 2 bilhões de dólares em bilheteria global. 

Mas então algo aconteceu.

Pode-se culpar a pandemia, decisões criativas, fadiga da audiência… as possibilidades são diversas. Entre os lançamentos mais recentes, filmes como “Deadpool & Wolverine” (2024) e “Homem Aranha: Sem Volta para Casa” (2021) conseguiram se destacar e ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares, mas é interessante observar que a nostalgia era um pilar importante em ambos os casos, já que os filmes contaram com o retorno de atores que interpretaram super heróis no passado. 

No entanto, apesar dos filmes de super-heróis ainda serem dominantes nas bilheterias mundo afora, os resultados alcançados outrora são uma sobra comparativa incessante. Sequências de sagas de personagens populares sofreram queda na bilheteria global nos últimos anos. “Pantera Negra 2” registrou uma retração de 36% no comparativo com o primeiro filme, enquanto “Thor 4”, “Guardiões da Galáxia 3” e “Homem-Formiga 3” também sofreram retração no comparativo com os seus respectivos installments anteriores. 

A maior retração aconteceu com a personagem Capitã Marvel. Tendo o seu primeiro filme lançado em 2019, no auge do MCU, a produção conseguiu ultrapassar a marca de 1 bilhão de dólares na bilheteria global. Porém, “As Marvels”, sequência lançada em 2023 que contou com outras personagens do universo Marvel, registrou uma bilheteria 82% menor que “Capitã Marvel”, tornando-se o menor faturamento da empresa.

Isso significa que filmes de super-herói estão com os dias contados? Não. No entanto, a questão é até que ponto um universo compartilhado pode ser relevante e em que medida essas produções dependerão de personagens específicos para ultrapassar a barreira bilionária da bilheteria. Talvez os lançamentos de 2025 possam nos ajudar a entender. 

 Dois novos filmes de super-heróis serão lançados no verão americano: “Superman” e “Quarteto-Fantástico”. Enquanto o primeiro representa o início de uma nova fase da DC após fracassos como “The Flash”, o segundo introduzirá o Homem-elástico e a Mulher Invisível para o universo cinematográfico Marvel, duas décadas após o lançamento da primeira formação do Quarteto-Fantástico ainda sob o selo FOX.

De acordo com os dados da Parrot Analytics, empresa líder em análise de entretenimento global que mapeia toda a jornada de descoberta de um conteúdo, o “Superman” registrou um pico de demanda global de 100 vezes a média de todos os títulos trackeados pela Parrot durante o lançamento do seu trailer, enquanto o “Quarteto-Fantástico” apresentou um pico de demanda global de 57 vezes. A demanda é uma métrica desenvolvida pela empresa que engloba o consumo de buscas online, redes sociais, consumo em sites de vídeos e em plataformas open-streaming. Além de quantificar a popularidade de um conteúdo na economia da atenção, a demanda é capaz de acompanhar a força de um título antes do seu lançamento, identificando o interesse da audiência ainda no período de marketing. 

“Superman” e o “Quarteto Fantástico” apresentam os primeiro e o terceiro maior pico de demanda global entre as produções que serão lançadas em 2025; o live-action de “A Branca de Neve” completa o pódio na segunda posição. O último lançamento da Marvel em fevereiro de 2025, “Capitão América: Admirável Novo Mundo”, alcançou uma abertura de quase 200 milhões de dólares globais em seu primeiro final de semana, apesar das críticas negativas. Porém, a queda de bilheteria durante a segunda semana foi significativa, o que pode impactar o faturamento total do longa durante sua exibição nos cinemas.

O desempenho desses novos lançamentos pode indicar pistas valiosas sobre o futuro dos filmes de super-herói. Caso a performance de “Superman” e “Quarteto-Fantástico” seja positiva, o gênero pode ganhar uma nova sobrevida através da força de personagens clássicos, com a audiência indicando ainda ter fôlego para novas histórias. Porém, caso a performance seja abaixo do esperado, a indústria precisará reavaliar seus investimentos no gênero e buscar novas abordagens para manter seu apelo. Nesse cenário de incertezas, a confirmação do retorno de Robert Downey Jr. à Marvel, agora em um novo papel, sugere que o estúdio ainda aposta no poder da nostalgia para atrair o público.

A ver.