06 Novembro 2024
A arte transforma vidas, o audiovisual transforma a sociedade
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Vi muitas vidas serem transformadas pela música. Conheci pessoas que tornaram-se ídolos de gerações e que, de outra forma, jamais teriam acesso a um emprego de qualidade ou à perspectiva de uma vida melhor. Lembro-me de quando, em 1983, usei um banheiro para gravar duas músicas do professor de inglês Richard Court que chamaram atenção da, então, gravadora CBS, hoje SONY, e que fez com que o professor ficasse conhecido como Ritchie. Seu sucesso “Menina Veneno” o transformou, da noite para o dia, no maior vendedor de discos do Brasil, ultrapassando a marca de 1,2 milhão de discos. Lembro também quando, em 1991, um jovem de Belford Roxo, bairro periférico do Rio de Janeiro, e que trabalhava como ajudante de mecânico, me pediu que o ajudasse a “gravar uns funks” de sua autoria, pois um amigo iria abrir uma gravadora para aquele estilo de música. Quando o disco foi lançado, o sucesso permitiu que o artista, DJ Ratinho, montasse seu próprio estúdio e se tornasse respeitado no Brasil como produtor musical, trabalhando com artistas como Mr. Catra, Mc Dieddy, entre outros.
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Em 2009, quando uma chuva torrencial arrasou a comunidade da Rocinha, fechando os túneis de São Conrado e destruindo casas e vidas, minha sócia e esposa, Adriana Andrade, aproximou-se de nossos vizinhos para tentar ajudar e acabou por iniciar a reconstrução de uma obra social chamada “Troque sua arma por um pincel”, então administrada por um ex salva-vidas, muito querido na comunidade, conhecido como Tio Lino. Sua missão era oferecer um lugar seguro para as crianças ficarem ao chegarem da escola até que seus pais voltassem do trabalho. Adriana conseguiu, com a ajuda de amigos, recuperar e reestruturar o local e, como a ação envolvia crianças e adolescentes, era acompanhada de perto pelo, então, conselheiro tutelar Heber Boscoli. Heber era um compositor que viu nos estúdios da Visom uma oportunidade de ter gravações de qualidade para suas músicas e eu passei a ouvir as histórias do Conselho Tutelar, órgão que eu não tinha muito conhecimento e que resolvi trazer à luz, através de uma produção audiovisual, por ser um serviço tão importante para a sociedade.
Assim, propus ao meu amigo e roteirista Marco Borges desenvolvermos uma série para TV com personagens e histórias inspiradas em casos reais. Em 2012, nasceu o primeiro projeto de ficção da Visom Digital, a série “Conselho Tutelar”. No início de 2013, durante o evento Rio Content Market, a Visom apresentou o projeto à TV Record que abraçou a ideia e coproduziu a primeira temporada da série, levando-a ao ar em dezembro de 2014. O inquestionável sucesso fez com que o número de denúncias e acessos ao serviço dos Conselhos Tutelares em todo o Brasil fosse multiplicado por 100, aumentando a importância e os salários desses servidores. Eu, o diretor geral da série Rudi Lagemann, o protagonista Roberto Bomtempo e o conselheiro e consultor Heber Boscoli, recebemos a encomenda Pedro Ernesto por serviços à cidade do Rio de Janeiro das mãos da vereadora Tânia Bastos.
Através do cinema e da TV, as pessoas têm a oportunidade de experimentar sensações e reagir às situações na segurança de uma sala de cinema ou mesmo de suas casas. Essas sensações provocam reações e um grau de engajamento fortíssimo com o tema apresentado pela obra audiovisual. Foi assim no caso de “Conselho Tutelar “ e deverá ser assim no caso da nossa nova série “Estranho Amor”.
Dirigida por Ajax Camacho, com Juliana Knust no papel principal e Raira Machado como sua antagonista, é uma obra de extrema relevância e da mais absoluta urgência para tentarmos reduzir a onda de violência doméstica, especialmente contra as mulheres, que assola o Brasil. Em briga de marido e mulher todos temos que meter a colher. O que não podemos mais fazer é achar que estas questões familiares não nos pertencem, pois temos casos nefastos perto demais de cada um de nós. Uma série como “Estranho Amor” precisa de todas as telas do país para poder falar com o maior número de pessoas em nossa sociedade. Por isso, “Estranho Amor” tem a coprodução do canal AXN (Sony), da TV Record e conta também com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da RioFilme, órgão da Secretaria Municipal de Cultura, que disponibilizou o mecanismo de “Cash Rebate” pela primeira vez na produção de uma obra seriada de TV.
Na série, uma delegada de polícia vê sua própria história ser contada pelos crimes de violência doméstica que ela investiga, enquanto tenta se esquivar dos ataques de uma influenciadora digital que não consegue corrompê-la. A série foi escrita por Ingrid Zavarezzi, autora que traz em sua própria história as dores de tal covardia. Ela desenvolveu a personagem Vânia Jardim de forma tão tridimensional que a Visom, com a coprodução da H2O e financiada pela lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, produziu na cidade de Piraí, Estado do Rio, um filme homônimo, no qual Vânia é interpretada pela atriz paraense Mony Gester e seu marido Paulo Carvalho é personificado por Paulo Vilhena. O longa tem ainda participações especiais de Marcelo Serrado e Roberto Pirillo e está sob a direção de Liloye Boubli. A trama contará a história pregressa de Vânia que vemos apenas em flashbacks na série e que deverá estar pronta para lançamento no primeiro trimestre de 2025.
Outros temas de grande relevância para nossa sociedade e que estão na linha de produção da Visom versam sobre o sistema carcerário brasilleiro e o desaparecimento de pessoas, temas que, como os anteriores, afetam diretamente o equilíbrio das famílias em todo o mundo.
O governo brasileiro tem viabilizado a produção audiovisual, a criação de propriedade intelectual e a empregabilidade do setor através de leis de incentivo e de recursos públicos. A Visom, por sua vez, vê como necessário o retorno de tais investimentos à sociedade na forma de capacitação de mão de obra especializada, renovação dos talentos da dramaturgia brasileira, dando oportunidade a atores e atrizes estreantes, sempre apoiados por grandes nomes que, com seu reconhecimento, possam garantir a audiência das obras, pois, no fim das contas, estamos falando sobre entretenimento, entretenimento com resultado e esse resultado é a nossa própria evolução social.
Carlos de Andrade
Carlos de Andrade é um empresário carioca com 45 anos de experiência na indústria do entretenimento. Sócio Gerente da VISOM DIGITAL, empresa que completará 40 anos em 2025, Carlos atua como criador, produtor, diretor técnico e gestor dos projetos da empresa. Com formação em engenharia de áudio nos Estados Unidos, atua também como professor do curso de Formação Executiva em Music Business da Fundação Getúlio Vargas. Dirigiu a Associação Brasileira de Produtores de Discos, ABPD, e é membro fundador da Associação Brasileira de Música Independente - ABMI.
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