10 Maio 2019
Transformação do audiovisual
Séries de TV fazem parte do universo de formatos da televisão desde a década de 1950
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Nos últimos 20 anos, elas conquistaram um lugar de destaque como entretenimento de qualidade apresentando roteiros desafiadores e atraindo roteiristas, diretores e atores que nunca antes tinham se aventurado na televisão.
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Em um movimento no qual a “Família Soprano” foi um dos expoentes, as séries passam a ter arcos dramáticos que funcionam como pano de fundo de cada temporada e personagens com perfis complexos. “Antigamente, cada episódio era independente do outro. Não havia sofisticação das tramas”, aponta Rubens Rewald, dramaturgo e professor de roteiro no curso de Audiovisual da Universidade de São Paulo (USP). Foi a partir dos anos 2000 que as narrativas ficaram mais sofisticadas. “O tempo começa a fazer parte das histórias, que ficam mais complexas, e os personagens têm uma transformação.”
Enquanto as séries se tornam mais complexas o cinema americano trilha o caminho oposto, investindo em remakes de filmes de sucesso, novas séries de filmes baseadas em livros como “Harry Potter” e o “Senhor dos Anéis” ou revisitando histórias de super-heróis, na tentativa de criar franquias altamente rentáveis. Em algumas situações como no caso de “Star Wars”, a série original composta por três filmes deu origem a mais nove filmes: cinco já exibidos, um ainda em produção e mais três anunciados para exibição até 2022, além de spin-ofs explorando o mesmo universo. O investimento necessário para produzir um (potencial) blockbuster é gigantesco e por conta disto, os estúdios buscam minimizar ao máximo os riscos. A necessidade de obter resultados que justifiquem este investimento exige também que os roteiros sejam voltados para o grande público. A consequência direta desta demanda é a falta de espaço para experimentação.
Ao mesmo tempo o conceito de que migrar do cinema para a televisão significava um rebaixamento na carreira de um ator deixa de existir, e grandes nomes do cinema buscam participar deste novo mercado. Jane Fonda com “Grace and Frankie”, Kevin Spacey em “House of Cards” e Susan Sarandon em “Feud: Bette and Joan” são alguns exemplos deste movimento, bem exemplificado pela série “Big Little Lies”. “Big Little Lies” é uma minissérie em seis capítulos produzida pela HBO que tem em seu elenco, entre outros, Nicole Kidman, Laura Dern, Reese Witherspoon e Alexander Skarsgård. A série estreou em 2017 no canal HBO e ganhou 19 prêmios, entre os quais melhor série e melhor atriz (Nicole Kidman) no Emmy 2017 e no Globo de Ouro 2018. Já teve a sua segunda temporada anunciada, agora com Meryl Streep juntando-se ao elenco.
A televisão, que sempre foi considerada uma forma menor de entretenimento se comparada com o cinema, transformou-se, através de suas séries, no meio onde a criatividade tem espaço para se desenvolver. É o território onde os roteiristas estão no comando das histórias em oposição ao cinema, no qual o conteúdo, devido aos riscos envolvidos, é definido pelos estúdios.
Paula Cavalcanti
É a CEO da Fremantle Brasil desde junho de 2015, período no qual foram lançados importantes formatos como “X Factor” e “A Casa”. Paula foi durante nove anos diretora de produção do SBT, responsável por toda a linha de shows incluindo a “Praça é Nossa”, o “Programa do Gugu”, “Hebe” e o “Programa Silvio Santos”. Esteve à frente do lançamento da “Casa dos Artistas”, grande sucesso de 2001. Também foi diretora de produção da TV Bandeirantes por três anos.
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