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Artigo / Mercado

12 Junho 2024

De volta ao Brasil: as perspectivas de quem apresentou seu primeiro projeto em Cannes

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Este ano fui pela primeira vez ao Marché du Film, o mercado de cinema que acontece junto ao Festival de Cannes, no sul da França. O meu primeiro longa metragem como diretor, A Casa da Árvore, foi convidado para fazer parte de um evento do Marché du Film chamado BloodWindow, um showcase para compradores internacionais de alguns filmes de terror, suspense e fantasia ainda não lançados comercialmente.

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Apesar de já imaginar e ouvir falar da grandiosidade do evento, nada te prepara para estar realmente lá pela primeira vez. A sensação é de estar no centro do mundo do cinema, onde as maiores negociações acontecem de um lado, e do outro lado os maiores diretores, diretoras, atrizes e atores estão esperando para ter seus filmes exibidos em meio a uma multidão de cinéfilos. E no meio disso tudo, eu. Pela primeira vez me sentindo parte de um festival tão importante, mesmo sem estar oficialmente na programação do Festival de Cannes.

Uma vez dentro deste espaço tão plural e enérgico, você passa a compreender melhor as dinâmicas da produção e comercialização internacional da indústria do audiovisual e começa a se sentir mais preparado para dar passos maiores, mais ambiciosos em relação ao tamanho de seus projetos.

Volto de Cannes com ainda mais empolgação do que quando saí do Brasil. Após trocas com produtoras incríveis, agentes de vendas, distribuidores e tantas outras pessoas e organizações fundamentais para a cadeia produtiva, é possível ter uma visão mais holística do processo e juntar algumas peças deste quebra cabeça complexo que é a produção de filmes. Sem dúvida nenhuma, recomendo que todo amante do cinema e, principalmente, todos aqueles que desejam se estabelecer em uma indústria tão competitiva, procurem saber mais sobre o Marché du Film e o Festival de Cannes. Garanto que é uma sensação única e inesquecível, a qual você irá tentar reproduzir ano após ano.

Para além dos contatos internacionais, é importante ressaltar a construção de comunidade que as organizações brasileiras, especialmente a Cinema do Brasil, Spcine e Creative São Paulo propiciam com seus programas de apoio à produtoras, sessões de networking e seus famosos happy hours, onde é possível trocar com produtoras do Brasil inteiro, bem como com os convidados estrangeiros. O apoio à internacionalização do cinema nacional é uma medida imprescindível para o crescimento da nossa indústria, e missões internacionais como a de Cannes são estruturantes para este fortalecimento.

Foi uma honra enorme ter feito parte da delegação brasileira que participou do Marché du Film e do Festival de Cannes, em um ano emblemático onde o Brasil foi um dos países de maiores destaque, com o filme Motel Destino, de Karim Ainouz, na competição oficial e outras obras em diversas outras mostras.

Espero que esta tenha sido a minha primeira de muitas participações e que eu possa continuar a aprender com meus colegas e amigos da indústria, contribuindo para o cinema nacional e buscando novos parceiros internacionais para contar histórias que atravessam os oceanos.

Flávio Ermírio
Flávio Ermírio

Durante a pandemia em 2021, idealizou um ambicioso projeto de baixo custo, que viria a se tornar o filme “A Casa da Árvore”, em que foi diretor. Exibido e premiado em diversos festivais internacionais, incluindo o Marché du Film do Festival de Cannes, Flávio vem recebendo destaque com suas técnicas pessoais e dramáticas, e representará o Brasil no final de 2024 no FANTLATAM na Argentina, principal premiação de Cinema de Fantasia da América Latina. O diretor também acumula experiência em curta-metragens, dirigindo as obras “Impenetrável”, “Todo Coração”, “Culto Pessoal” e “Margem”. Flávio fundou também a Poétika, produtora de conteúdo criativo para Cinema, Televisão e Teatro que tem como objetivo fomentar a economia criativa e fortalecer a produção cultural brasileira.

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