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Artigo / Programação

07 Fevereiro 2024

Programação e premiados

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De janeiro ao fim de março as programações circulam em torno das premiações. Por mais questionamentos que a Academia venha enfrentando, bem como o Globo de Ouro, as discussões - necessárias -, não chegam ou pesam menos para o grande público do que para a crítica especializada, visões nem sempre convergentes. 

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Nos 10 filmes mais vistos, Pobres Criaturas, com 11 indicações, é o terceiro mais visto no ranking nacional (dados Comscore 5/2), ficando o 2º lugar para o brasileiro Nosso Lar e a liderança para Tudo Menos Você, impulsionado pelo protagonismo de Sidney Sweeney. Das salas para o streaming, a atriz reconhecida mundialmente pela série Euphoria é destaque da Mubi brasileira, com o rosto em tom cor de rosa destacado no filme Reality, um thriller, dispensando artifícios de maquiagem e diálogo com a geração Z, seu público de origem. Local compartilhado por Jacob Elordi, destaque de Priscilla, filme de Sofia Coppola que traçou caminho distinto de Elvis (Baz Luhrmann). O primeiro não figurou na lista de indicados ao Oscar, enquanto o segundo não levou a estatueta de nenhuma das oito categorias na qual foi indicado. Porém, foi o título mais transmitido nos serviços de assinatura dos Estados Unidos nos indicados na categoria melhor filme do Oscar, em dado publicizado pela consultoria Nielsen (com notícia de 3/3/2023). 

Corrida de obstáculos 

Nas salas comerciais independentes, Vidas Passadas é o que consegue se manter mais low profile nas premiações, laureado pelas associações de críticos especializados, New York Film Critics Circle e National Society of Film Critics, diferente de Pobres Criaturas, Anatomia de uma Queda e Zona de Interesse, com passagens barulhentas pelos Festivais de Cannes, Veneza. Agora todos se encontram no Oscar 2024 e seguem os mais vistos no disputado circuito paulistano, acompanhados de perto por Os rejeitados, mantido pelo carisma indie de Paul Giamatti, discreto se não fosse o caso do público esquecido após a sessão no bairro carioca de Botafogo. Pergunto-me se a equipe do filme soube do caso. 

Pensando no mercado nacional, ficamos com as perguntas: A consolidação de um prêmio brasileiro ajudaria na aproximação entre os filmes e a audiência? O fortalecimento dos festivais nacionais ajudaria na formação do público, ao popularizar o entendimento das categorias das seleções, o que é levado em consideração para ser o melhor filme entre aqueles, assim como melhor direção, figurino, fotografia, etc. Nós adoramos votar, vide as edições do BBB. E sobre os lançamentos? Como investir em lançamentos nacionais para o primeiro trimestre que compartilhem os espaços de exibição com os Oscarizáveis, Globos de Ouro e afins? 

Márcia Scapaticio
Márcia Scapaticio

Jornalista e mestranda em Estudos Culturais pela USP, trabalha com cinema há 10 anos, atuando em crítica e curadoria, internacionalização do cinema brasileiro em mostras/festivais, editais, difusão audiovisual em streaming e programação.

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