08 Dezembro 2023
Cinema e programação: Reflexões sobre a 15ª edição do Ventana Sur
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A 15ª edição do Ventana Sur completa o calendário de mercados internacionais de cinema do ano, mantendo-se como o mais relevante da América-Latina.
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Com atividades voltadas para produção, coprodução, fundos de financiamento, painéis sobre paridade de gênero, atrativos para filmagens com foco nas Film Commissions e os destaques para animações na seção Animation!, documentários no DOC SUR, cinema de gênero na BLOOD WINDOW. Ainda o espaço para screenings, com projetos e filmes selecionados para o mercado.
As discussões sobre paridade de gênero foram recorrentes, bem como a divulgação de relatórios. Um exemplo foi a apresentação do segundo reporte de igualdade de gênero no audiovisual Iberoamericano. Arrisco dizer que este foi o ano em que questões de gênero foram abordadas com consistência, associando organizações independentes a instâncias institucionais de cada país. Não só a teoria, enfatizou-se a atuação de profissionais independentes organizadas, tanto em ações práticas de prevenção e cuidado no dia a dia de set de filmagens, com guias de orientações e canais de atendimento e assessoria jurídica.
O onipresente streaming traria uma mesa de discussão pertinente que foi cancelada de última hora. Mesmo assim vale menção, considerando que no centro estariam as plataformas latinas: Cine.Ar e BAFILMA, para falarmos sobre o crescimento das plataformas, desafios da programação e difusão audiovisual considerando novos espaços de projeção de conteúdo e o diálogo com outras formas de exibição.
O desenrolar dos produtos audiovisuais foi bem contemplado e motivo de entusiasmo, vide os pitchings, sinalizando o gás de uma geração de realizadores em sintonia com as mudanças paulatinas do mercado indicadas acima.
Um adendo é a importância dos eventos de mercado tratarem sobre programação e exibição de uma maneira direta, encontrando meios para a maioria dos conteúdos audiovisuais deixem de ser projetos e cheguem ao público, às salas, aos streamings. A distribuição só é de impacto quando chega ao público.
E, no caso do Ventana Sur, que sirva de lembrança - um tanto amarga – do quão escassa é a troca entre as produções Latino-Americanas e de como ainda conhecemos pouco do que é produzido no nosso quintal.
Márcia Scapaticio
Jornalista e mestranda em Estudos Culturais pela USP, trabalha com cinema há 10 anos, atuando em crítica e curadoria, internacionalização do cinema brasileiro em mostras/festivais, editais, difusão audiovisual em streaming e programação.
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