14 Dezembro 2018
A aposta da Ancine na Inteligência de Dados é uma aposta no diálogo com a sociedade
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A Ancine, centro nervoso de execução da política brasileira de audiovisual, está diante de um encruzilhada histórica. Os desafios são vários e são grandes.
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O setor é palco de uma revolução tecnológica que dilui a diferença entre Cinema, TV, Internet e Games, borra as fronteiras nacionais, desafia modelos de negócios e marcos legais. Com isso, a Ancine precisará dar ao país um mapa claro dessa paisagem em transformação, permitindo que empreendedores e consumidores aproveitem oportunidades e se beneficiem do rápido crescimento de forças globais como os mercados de VOD e Games.
Outra tarefa importante é o aperfeiçoamento dos mecanismos de fomento à produção independente, pois ela é indispensável em qualquer país com um ecossistema criativo competitivo e plural, capaz de gerar inovação e relevância para seu mercado e o resto do mundo, gerando riqueza.
Mas hoje nenhum desafio é maior do que atender às exigências da sociedade brasileira, cada dia mais consciente e que compreende o impacto da política na sua liberdade e no seu bolso. O brasileiro demanda do Estado clareza de objetivos e critérios, eficiência de execução e resultados condizentes com o que a população precisa. Desejamos dar resposta rápida e completa a essas exigências com um projeto de gestão baseada em dados públicos e indicadores concretos de avaliação alcançáveis somente com inteligência de dados.
Essa inteligência permite, por exemplo, o cruzamento de dados do parque exibidor, desempenho de filmes e indicadores de desenvolvimento georrefenciados de forma que possamos analisar a realidade da sala de cinema no contexto das circunstâncias que a cercam, orientando uma ação mais precisa da Ancine em benefício do empreendedor e da população que ele atende.
Para cumprir sua missão, já não basta ao setor reafirmar a importância da cultura ou seu papel econômico, nem admoestar o público sobre os perigos da ausência do Estado, mas demonstrar, com clareza e transparência, qual papel essa política vêm desempenhando no desenvolvimento do setor, quem ganha com ela, o que justifica seu custo, o que se gera em emprego e renda, de que forma influencia o conteúdo que nós e nossos filhos assistimos, sob que princípios e a partir de que valores se dá a escolha desses conteúdos.
Dados são retratos da realidade. O acesso a eles de forma organizada permite que o debate sobre essa realidade supere a divisão ideológica e permita um diálogo fundamentado em fatos. A transparência permite à sociedade formular suas próprias hipóteses, propor soluções e construir participação cidadã na construção da riqueza e da mentalidade das próximas gerações.
A Ancine vem dando passos fundamentais na direção desse encontro com o cidadão brasileiro, que culminam na decisão de colocar a atividade de coleta, análise e publicação de dados, tanto internos como de mercado, no centro de seus processos decisórios e em caráter de ampla acessibilidade pública, trazendo o debate para a arena democrática de forma a construir, junto com empreendedores e cidadãos, um futuro do tamanho dos nossos sonhos.
Daniel Mattos
É cineasta e professor, doutor em comunicação pela UFRJ, novo superintendente de Análise de Mercado da Ancine, professor de pós graduação em roteiro, atuou na implantação do novo sistema de seleção de projetos do FSA, baseado na análise automática de dados primários
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