18 Novembro 2022
+Mulheres à frente das narrativas
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O +Mulheres Lideranças do Audiovisual Brasileiro é um grupo representado por uma rede de colaboração entre líderes do mercado audiovisual que trabalha para que cada vez mais mulheres se tornem líderes dentro do setor, tanto na construção das narrativas como na condução da construção da própria indústria. O grupo foi fundado em 2019 e tinha inicialmente, aproximadamente quarenta mulheres que, juntas, decidiram trazer a pauta da Igualdade de Gênero em cargos de liderança do setor.
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Decidimos juntas abarcar algumas frentes de ação como a busca por informações de qualidade, ações de formação e capacitação e defesa da indústria audiovisual.
O grupo é dividido em alguns núcleos que trabalham as principais frentes e objetivos do mais mulheres, esses núcleos são: Formação, Internacional, Comunicação, Políticas Públicas, Pesquisa e Relações Institucionais.
Analisando os números brasileiros relativos a gênero e raça nas obras audiovisuais da Ancine (2018) assim como em outras pesquisas realizadas, pudemos notar que somos muitas as mulheres do setor com formação universitária em cargos de assistência e outros cargos técnicos, mas quando o assunto é definir as narrativas, liderar o roteiro, a direção e mesmo a produção, a proporção de mulheres é muito mais baixa, muito abaixo do almejado, já que somos a maioria na população brasileira.
Atentas a isso, as mulheres que compõe a rede do +Mulheres e que já ocupam posições de liderança no setor, mulheres com vascularidade e impacto consolidado, assumiram algumas frentes de ação na busca do nosso objetivo primordial que é a inclusão de mais mulheres nestes cargos de liderança.
Nosso núcleo Internacional, do qual tenho prazer de ser a líder e coordenadora, decidiu, por exemplo, continuar o trabalho que havia sido iniciado anteriormente pela Agência Nacional do Cinema: trazer iniciativas de políticas e movimentos pela Igualdade de Gênero, através do Seminário Internacional Mulheres do Audiovisual. Executamos com sucesso algumas ações muito importantes até hoje.
Desde 2020, em razão da pandemia da COVID19, tivemos duas edições online, nas quais apresentamos iniciativas da França: as políticas implementadas pelo CNC, apresentadas pela secretária-geral, Leslie Thomas, e o Coletivo 50/50, apresentado por uma de suas fundadoras, Delphyne Besse, representantes de organizações da sociedade civil da Iberoamerica, e claro, do Brasil.
Neste ano de 2022, tivemos a felicidade de realizar a primeira edição presencial pós pandemia, com a realização do +Mulheres em parceria com Instituto Cultural da Dinamarca e o Festival Ponte Nórdica. Tivemos o patrocínio da Spcine e do Fundo Nórdico de Cultura e apoio do Instituto Rouanet, Instituto Dona de Si e das Embaixadas da Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega no Brasil.
Conseguimos trazer convidadas internacionais profundamente relevantes: a grande líder da equidade de gênero, Anna Serner, ex-CEO do Instituto de Cinema Sueco que, com políticas afirmativas, atingiu a paridade de gênero nos cargos de liderança dentro dos filmes apoiados pelo órgão; e Felicia Jackson, diretora do festival THIS, especializado em narrativas, para traçar o panorama da representação das mulheres nas séries ao longo dos últimos anos.
Essa troca com essas mulheres potentes e donas de um histórico invejável de conquistas efetivas de paridade de gênero, foi muito significativo para nosso grupo.
O evento trouxe além desses dois grandes nomes, mesas brasileiras com Erica de Freitas, Maria Gal e Suzana Pires, conversando sobre suas atuações em ações de inclusão de mulheres, mulheres pretas, mulheres periféricas e seus trabalhos e redes; Ylla Gomes e Alessandra Meleiro, que juntas realizaram o Mapeamento das Entidades Representativas do Setor, uma ferramenta importantíssima para que mais pessoas encontrem seus grupos e que coletivamente busquemos a valorização do nosso setor e nossa diversidade dentro dele.
Encerramos nosso evento com o anúncio da iniciativa do +Mulheres em parceria com ONU Mulheres no Brasil que mobilizaram juntas a Carta- Compromisso pela Igualdade de Gênero no Audiovisual, assinada inicialmente por quatro produtoras (O2 Filmes, Pródigo, Gullane e Conspiração) e que tem o objetivo de através deste projeto piloto, mobilizar outras produtoras e outras empresas do setor a serem também signatárias deste compromisso, que busca uma atuação dos profissionais do setor de forma mais justa e equilibrada.
Como bem ressaltou Anna Serner:
“precisamos contar quantas somos para entender de fato o tamanho do problema a ser enfrentado e resolvido”.
Trabalhamos para que, no futuro, não seja mais necessário lutarmos pela afirmação óbvia de que as mulheres possuem a mesma capacidade e o mesmo direito de serem protagonistas das suas próprias narrativas.
Juliana Funaro
Juliana Funaro é Sócia e Diretora Executiva de Entretenimento da Barry Company. Formada em direito pela Universidade de São Paulo, com especialização em Direito Internacional pela Université Paris-Dauphine, atua em entretenimento há 24 anos. Produtora de inúmeras obras audiovisuais com ampla experiência em coproduções internacionais, é responsável por projetos exibidos e premiados em Cannes, Locarno, Berlim e Toronto. Produziu séries de TV em parceria com Disney, Turner, Discovery, Globosat e TV Cultura. Na Barry Company está a frente de relevantes projetos e produções, incluindo coproduções internacionais com Israel, Portugal, Uruguai e França, e séries de TV em parceria com Disney, Fox, Globo, ESPN e Netflix. Produziu o longa-metragem “Shine Your Eyes”, estreia mundial na 70ª Berlinale, e “Eduardo e Monica” (2022) que ficou 20 semanas nos cinemas do Brasil.
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