11 Novembro 2022
O fim do conteúdo alternativo
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Estamos vendo crescer no mundo todo novas opções de conteúdo chegando até a programação dos cinemas. Games, música, esportes, muita coisa já foi tentada e muito mais terá de ser testado. Não haverá uma resposta, um modelo, uma fórmula perfeita que atenda a todas regiões, perfis de públicos e formatos que poderão figurar como alternativas, mas não deve haver dúvidas em relação ao potencial dessas novidades. Então, qual será o lugar do conteúdo alternativo?
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Selmo Kaufmann, hoje na Ancine, amigo e com grande visão sobre o mercado do cinema foi quem primeiro me disse: "O Cinema não é uma sala escura que passa filme." Impactado por essa frase e na posição de Vice-Presidente de Estratégia, Inovação e Cultura, contribuí para a atualização da visão do Grupo Consciência, que hoje apresenta-se como sendo: "Transformar o cinema na melhor experiência de consumo coletivo de conteúdo".
Essa visão compreende o entendimento de que o cinema reserva emoções que serão completamente novas para o público e também para quem trabalha nesse mercado.
Em 2019 vivemos o que muitos chamariam de um dos melhores resultados da série histórica, mesmo diante de uma ocupação média de somente 21%. O que deve nos fazer pensar a respeito do que é capaz de atrair mais pessoas para os lugares, tantas vezes vazios, das muitas salas Brasil afora.
Com frequência, a resposta a essa pergunta é apresentada com convicção: "Experiência!".
Mesmo que essa ideia ainda esteja limitada à oferta de um cardápio um pouco mais sofisticado, ou à possibilidade de saborear cervejas artesanais.
É um começo, mas muito distante de tudo o que pode significar desfrutar da companhia de quem se ama e com quem nos divertimos, para curtir seja quais forem os momentos que poderemos encontrar projetados na grande tela.
Vemos aos poucos o cinema abrir-se para oportunidades que confirmam a potência que é ver um artista que admiramos na tela grande. Sejam atores e atrizes, ou bandas e influencers. Sejam filmes e séries, ou gamers e podcasters.
O Grupo Consciência está comprometido a trabalhar por uma nova realidade no cinema, uma que atraia mais público, oferecendo a ele aquilo que não imaginava poder encontrar na telona. Uma, que garanta melhores resultados aos exibidores que poderão ver crescer suas taxas de ocupação e ticket médio, já que falamos de eventos diferenciados. Finalmente, que estimule os distribuidores a explorar novas possibilidades, de modo que o aumento da diversidade de conteúdos explore as necessidades dos muitos nichos que tem demandas reprimidas e que, atendidos, elevarão os patamares de resultado do negócio.
O sucesso passado da exibição do show da banda BTS, ou a mais recente apresentação do Coldplay são grandes exemplos do cinema como altar do entretenimento.
Os números e resultados dessa transmissão já não são mais novidade, mas o fato de novas possibilidades de conteúdo não serem exclusividade das grandes redes é digna de nota.
Tivemos o prazer de acompanhar o evento de transmissão ao vivo da Topázio Cinemas, no dia 28/10 que teve 76,4% de ocupação, com 90,5% de vendas online e deixou muita gente emocionada com a experiência, como podemos ver na cobertura que fizemos.
"O avanço da tecnologia e dos sistemas digitais de projeção, abriu novas e inúmeras possibilidades para os cinemas. Shows, palestras, games e tantas outras atividades podem ser exibidas na tela grande. É uma oportunidade e tanto para os exibidores complementarem a programação e em momentos ociosos das salas", disse o Paulo Celso Lui, Diretor Geral da Topázio Cinemas e Presidente do Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas do Estado de São Paulo.
Guerino Lui Neto, Diretor de Operações da Topázio Cinemas, complementou ainda com uma perspectiva importante: "Tem muita gente que não pode pagar mil reais num ingresso de show, então o cinema será a chance de acompanhar atrações que de outra forma não teriam acesso".
Quanto a mim, tive a oportunidade de testemunhar a preocupação tanto do Paulo, quanto do Guerino, com cada aspecto da experiência do seu público, otimizando fluxos da fila de acesso, discutindo como incrementar a produção em termos de luz e som. Além de promoverem com sucesso a extensão dos conteúdos na tela, com palestras, grupos de discussão e, em outras palavras, conteúdo ao vivo, complementar ao que seus clientes encontram na já diferente programação.
Além de democratizar o acesso do público à determinadas atrações e das próprias redes à verem sua ocupação crescer, novos conteúdos irão impor aos profissionais do segmento o desafio de reeducar as pessoas a não mais fazerem silêncio e a desligarem seus aparelhos celulares, mas a mostrarem que não só é permitido, mas desejado, que gritem, assobiem, vibrem e acima de tudo, que sejam felizes!
Quanto mais felizes as pessoas puderem ser dentro do cinema, mais razões terão para voltar.
E aí, teremos todos nós cumprido nossa missão. Quem sabe, então, não nos encontraremos em um show numa sala de cinema por aí?
Para celebrar, porque a verdade é que o futuro muito próximo parece acolher muitas opções, não mais como alternativa, mas simplesmente como conteúdo.
Rafael Meschiatti
VP de Estratégia, Inovação e Cultura do Grupo Consciência e Fundador da Daik Strategy Design Estrategista especializado em mapeamento de valor e modelagem de negócios, tendo trabalhado em consultorias e agências de grandes grupos de comunicação, como WPP e Publicis, à frente de projetos de empresas nacionais e multinacionais listadas na Fortune 500 em contextos B2B, B2C e Digital. Entre elas Toyota, Cargill, Bayer, Monsanto, Vale, Votorantim, Yamaha, Nestlé, Sherwin Williams, Bradesco, Dell, Avon e Mary Kay.
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