07 Outubro 2021
O Multiverso Pós-Digital: Metamorfoses na Indústria Cultural
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“A unidade é a variedade, e a variedade na unidade é a lei suprema do universo.” (Isaac Newton).
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Em março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia, paralisando todos os setores e seus movimentos presenciais. O estopim de uma revolução, em curso, para toda humanidade e para os setores que abarcam a Indústria Cultural. Grandes corporações, premiações, eventos, filmes, festivais e lançamentos foram conduzidos e reduzidos à velocidade da micro-nanotecnologia para bolhas virtuais digitais na incumbência de seguir executando a fotossíntese que sustém o pulmão do mundo, que movimenta o sentido da existência e que torna possível o exercício da ciência: Comunicação.
O Teórico Canadense Marshall McLuhan, pioneiro dos Estudos Culturais e da Filosofia das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica dos primeiros computadores e das telecomunicações, vislumbrou o conceito de Aldeia Global (1964) para explicar a tendência de evolução do sistema mediático como elo de ligação entre os indivíduos em um mundo cada vez mais conectado com os efeito de novas tecnologias da comunicação.
O Universo de possibilidades para o mercado audiovisual foi transfigurado para o multiverso pós-digital: a retomada dos eventos presenciais e suas transmissões virtuais dando o exemplo do início de uma nova era, pós-remota em que Humanos são reais e artificiais ao mesmo tempo. Novas possibilidades de interação em várias situações e para distintas tarefas. Os conteúdos e os eventos presenciais da mesma forma dialogam com sistemas remotos.
Uma das principais novidades da maior feira de tecnologia do mundo, a Consumer Eletronics Show foi a conexão de Humanos artificiais 3D, com Humanos reais: como no novo filme do diretor Malcom D. Lee com a Warner Bros: Space Jam: Um novo legado, que ilustra os anos 3000 e incorpora os personagens reais, protagonistas do filme, para realidade virtual comandada pelo Algoritmo, que no caso, é o vilão.
O conteúdo Audiovisual no mundo pós-digital se propaga de uma forma distinta, ainda pouco explorada e conhecida, e é preciso a cautela do tempo para decodificar suas projeções. Não são as mesmas transmissões, são reprogramações que incluem mais possibilidades e um enxame de produções simultaneamente ativas e integradas.
A organização do modelo Emissor- Mensagem - Receptor foi desconstruída para as mais diversas combinações possíveis e o Receptor cada vez mais é o protagonista do processo e do futuro do mercado cinematográfico.
Através da decodificação do padrão de consumo e do perfil da audiência que grandes decisões que envolvem todo setor audiovisual são tomadas. Se o público optar por frequentar a versão presencial dos grandes eventos como: Mostra Internacional de Cinema, CCXP, Cinema Con e Expocine; todos os membros que compõem a organização para o funcionamento da Indústria Cultural cooperam em sincronia visando oferecer a melhor experiência. Se o receptor decide consumir o conteúdo em sua versão digital, a dinâmica é construída do mesmo modo. Consequentemente à cadência da adaptação: o modelo híbrido faz com que todos estejam presentes em lugar algum e simultaneamente em todos os ambientes. A fragmentação e a unificação dos mundos atreladas ao emaranhado das redes voláteis.
Como lidar com enxame de conexões em rede? A audiência descobriu seu poder de veto e inclusive cápsulas particulares cinematográficas já estão em funcionamento nos grandes centros mundiais, tornando possível a experiência de não seguir a programação cinematográfica oferecida pelos exibidores.O sistema VOD da grande sala começou e deu start com maestria para Nova Teoria Social da Mídia que tem a audiência orquestrando todos os setores do mercado audiovisual, atuando nos poderes que regulam a sociedade através da comunicação de massa. A audiência passa a ser no mundo pós-digital o poder político, econômico, coercitivo e simbólico. Players, emissores e os próprios conteúdos seguem a partitura algorítmica dos consumidores.
O mundo segue conectado como Aldeia Global e os veículos de comunicação como tambores tribais que mantém cadências rítmicas tradicionais com os grandes festivais e convenções ao comando do desejo da audiência. Grandes eventos e festivais, em suas versões presenciais, promovem a consagração de conteúdos híbridos ressignificando o papel multissetorial da experiência. Hologramas, plataformas, conexões virtuais e reais humanos e supra humanos, produções que se adaptam as mais variadas projeções. Conectando e emocionando pessoas reais além das fronteiras do Multiverso observável, talvez até outro você captando mensagens e propagando viagens presencialmente no digital e digitalmente presencial: tudo, ao mesmo tempo e agora.
A metamorfose é constante na pós-digitalização viral, como previu Byung-Chul Han : “No Enxame:Perspectivas do Digital.”
Ana Júlia Ribeiro
Ana Júlia Ribeiro é apresentadora; Mestre de Cerimônias da Expocine; Professora de Teorias da Comunicação e Direção de Atores e Apresentadores nos cursos de Cinema, Jornalismo, Relações Públicas, Rádio e Televisão e Produção Audiovisual da FAAP; Membro e Pesquisadora do Complexus - Núcleo de Estudos da Complexidade de Edgard de Assis Carvalho. Possui Bacharelado em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV e mestrado em Ciências Sociais - PUC - SP.
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