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Artigo / Tendências & Mercado

22 Setembro 2021

Streaming: adeus, era de ouro; bem-vinda, era da consolidação

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Muitos ainda encaram o streaming como uma terra que mana leite e mel. Tratam seu crescimento como permanente, ilimitado, inquebrantável. Ledo engano. A transmissão de vídeos pela Internet é uma atividade comercial como outra qualquer. Como tal, está sujeita às mudanças de comportamento dos consumidores, mudanças essas que, muitas vezes, podem ser desfavoráveis às empresas.

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O streaming está longe de ser uma novidade. A Netflix, por exemplo, entrou nesse segmento em 2007, ou seja, há 14 anos atrás. Mas foi só agora, graças à pandemia de covid-19, que o video on demand começou a viver sua era de ouro. A necessidade de isolamento social fez com que parte relevante da população ficasse mais em casa, ampliando o tempo disponível e forçando a aquisição de novos hábitos. Na esteira da tragédia, muitos negócios nasceram e cresceram. Mas agora que a vacinação avança nos principais mercados globais, o streaming entra em uma nova era: a da consolidação.

São vários os sinais de que essa era da consolidação já vigora. Em primeiro lugar, o consumo de vídeo sob demanda já está amplamente disseminado. Segundo a Comscore (1), 96% dos internautas brasileiros acessam algum serviço de OTT. Cabe ressaltar que tal percentual inclui o líder inconteste da categoria, YouTube. Além disso, é notória a redução na quantidade de lançamentos de plataformas. Em dado momento, houve uma espécie de engarrafamento de novos serviços, com poucos dias separando as novidades. Por fim, tornou-se mais frequente a oferta de descontos, indo além dos tradicionais combos. Em meados deste mês de setembro, por exemplo, dois grandes players anunciaram promoções: o Telecine (2), com seu "Assista 4 e Pague 2", e a Paramount+ (3), que, por tempo limitado, cortou pela metade o preço do seu plano anual.

Mas o que significa consolidação? Crise? Saturação? Ocaso? Prenúncio do fim? Nada disso. Quer dizer apenas que o video on demand se firmou e terá que aprender a manter-se não apenas diante da acirrada concorrência com outros meios, mas também da competição com outras atividades que ocupam a rotina do público, como encontros sociais, deslocamentos para o trabalho e idas ao cinema, por exemplo.

Todo mercado já viveu sua era de ouro. Trata-se de uma fase em que tudo é belo e novo, a expansão parece eterna e qualquer pequena ação é vendida como revolucionária ou, como alguns insistem em dizer por aí, "disruptiva". Isso não seria diferente com o streaming. Cabe agora às incontáveis empresas que entraram nesse setor permanecerem relevantes para as pessoas, dando-lhes motivos suficientes para ficarem com os olhos na tela, e não na vida que, aos poucos, parece retomar seu rumo.

Para vencer na era da consolidação, não basta ser pioneiro ou ter ido bem na era de ouro. É preciso reinventar-se constantemente. No caso do mercado de comunicação, onde o vídeo sob demanda se insere, é preciso também oferecer a melhor tecnologia e, sobretudo, o conteúdo mais interessante, pois é ele que, de fato, atrai e retém consumidores.

 

Links - Referências:

 

Comscore (1) - https://www.comscore.com/por/Insights/Blog/O-mercado-de-OTT-Video-Content-no-Brasil

 

Telecine (2) - https://www.comscore.com/por/Insights/Blog/O-mercado-de-OTT-Video-Content-no-Brasil

 

Paramount+ (3) - https://adnews.com.br/paramount-anuncia-assinatura-pela-metade-do-valor/

 

 

 

 

Fernando Morgado
Fernando Morgado

Consultor e palestrante de marketing e inteligência de mercado. Já atuou para empresas como B2W, Band, Globo e SBT. Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso. Professor convidado de instituições nacionais e estrangeiras. Autor de vários livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos - A Trajetória do Mito. Membro da Television Academy, entidade organizadora dos prêmios Emmy. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM.

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