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Artigo / Tendências & Tecnologias

08 Junho 2021

Implementando som imersivo

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Com a pandemia solta ainda estamos em tempos de incerteza, forçando a apertura condicional de salas e com limitações de ocupação. Mas pela experiência em outros países, temos a certeza de que na medida que a campanha de vacinação avance, inexoravelmente o número de casos e fatalidades irá diminuir, e em algum momento do futuro retomaremos nossa atividade a pleno. Nos países recuperados teve até filas para entrar nos cinemas.

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Embora seja este um momento extremadamente difícil para pensar em novos investimentos e melhoras nas salas, não é fantasia supor que existe um futuro nesta atividade e fazer planos é bom e construtivo para continuar navegando. Como exercício, vejamos como é o processo  de implementação de melhoras no cinema, para que o espectador tenha a melhor experiência na sua volta.

 A nossa indústria é áudio – visual. O áudio é um dos fatores que podem afetar, e muito, a exibição de um filme, e sabemos que parte da atração reside no som. Resulta interessante como preaquecimento, analisar a implementação de um sistema de som imersivo Dolby Atmos.  Hoje contamos com bastante conteúdo que inclui esta tecnologia de som, inclusive em versões dubladas ao português. Antecipando essa ação, vejamos aqui o que implica mudar o sistema de som de uma sala para este sistema.

Dolby procura que todas as etapas que serão descritas a seguir, sejam rigorosamente controladas com o objetivo de que o sistema se desempenhe à perfeição, desde o projeto até a colocação em funcionamento. Neste sistema, se aplica o conhecimento e a experiência mais avançada em sistemas de áudio, o estado atual da arte. 

O primeiro passo é contar com as plantas e cortes da sala com as suas dimensões, sobre as quais será feito o projeto. O sistema precisa da instalação de um conjunto de caixas de som surround especificas para este uso. Elas têm maior número que nos sistemas 7.1, e são colocadas em cinco fileiras, sendo que duas percorrem os muros laterais, duas ao longo do teto e uma quinta no muro do fundo da sala. Adicionalmente, existem outras caixas que complementam a reprodução das caixas surround. No sistema de som da tela, se esta for menor a 12 metros de largura, não há necessidade de grandes mudanças, a não ser que amplificadores e caixas estejam sub dimensionadas. Para larguras maiores, é recomendável aumentar o número de caixas de três para cinco. Aqui, é importante que as cinco sejam da mesma marca e modelo, para manter a consistência do timbre.  No caso de estar subdimensionadas, a substituição cria a oportunidade de atualizar para as novas tecnologias de caixas, onde nos últimos anos tem se introduzido numerosas melhorias técnicas. O mesmo é valido para as caixas subwoofers do canal LFE. O projeto é construído com o auxílio de uma planilha de cálculo. Em primeiro lugar se inserem as dimensões da sala, o que permite avaliar as margens de potência necessárias para as diferentes escolhas de marcas e modelos de caixas e alto-falantes, o número ideal de caixas surround, a sua distribuição e conexionado. Existem muitas opções de marcas e modelos catalogadas tanto de caixas como de amplificadores, e há muitos recursos para regular o número de caixas entre o ideal e um mínimo aceitável, de acordo com o orçamento disponível.  Existem recomendações específicas que devem ser seguidas em relação à geometria da sala e a distribuição das caixas, e uma vez resolvidos todos os compromissos e exigências, a solução deve ser desenhada nas plantas, com a posição precisa das diferentes caixas de som e seu conexionado. O projeto se completa com a planilha mencionada.

A seguir, o projeto se submete a Dolby para aprovação, onde uma equipe de engenheiros avalia a conformidade com as normas. Em caso de discrepâncias, estas se resolvem em forma interativa até chegar a uma solução, e então o projeto é aprovado. Este é um passo exigido para liberar a compra do processador de som, coração do sistema.  A etapa seguinte é a construção e instalação de todo o sistema em base ao projeto aprovado. Geralmente é necessária a montagem de andaimes na sala, para poder instalar as caixas de som.  Em particular, a instalação das caixas surround no teto precisa da construção de suportes e sua fixação, junto com medidas rigorosas de segurança.

Uma vez finalizada a fiação e a construção da cabine, é necessário testar cada uma das vias e caixas. Instalações grandes podem precisar de mais de cinquenta caixas de som.

Finalmente, é feita a colocação em funcionamento e calibração do sistema. Esta precisa ser feita por um técnico especializado, e é muito crítica para o correto funcionamento do sistema todo, um elo importantíssimo. As etapas aqui são numerosas e não vou detalhar.

Lembremos que o sistema Atmos inclui a localização espacial dos sons, e assim o processador de som precisa ser preparado para cada auditório específico, e por isso nele são inseridas informações particulares da sala, como ser as dimensões, número de caixas, as suas localizações etc. A diferença dos sistemas 7.1, cada caixa individual é equalizada. Para isto é utilizado um grupo de microfones e um software muito sofisticado. Nesta etapa, a sala precisa estar em silencio total durante algumas horas. Também são habilitadas as comunicações com o projetor e servidor, e por último se verificam muitos aspectos do funcionamento e se personalizam algumas funções às necessidades do exibidor.

A consequência desta tarefa é a correta reprodução do conteúdo, seguindo um padrão internacional que normatiza a reprodução do som, para ter consistência entre produção e a exibição, para que o conteúdo chegue ao espectador da mesma forma em que foi concebido.

Carlos Klachquin
Carlos Klachquin | CBK@dolby.com

Carlos Klachquin é gerente da DBM Cinema Ltda, empresa de serviços, projetos e consultoria na área de produção e exibição cinematográfica. Formado como engenheiro eletrônico fornece suporte de engenharia em tecnologias de áudio, entre outras empresas, para Dolby Laboratories Inc, sendo responsável também pela administração de operações vinculadas à produção Dolby de cinema e ao licenciamento das mesmas na América Latina. Desde 2013, trabalha na implementação do programa Dolby Atmos na América Latina, incluindo a supervisão da instalação e a regulagem dos sistemas em cinemas e estúdios e da produção de som Atmos no Brasil.

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