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Artigo / Tendências & Mercado

12 Maio 2021

Não existe o tempo...

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...Só existe o passar do tempo.

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Essa frase é atribuída a Albert Einstein, que entendia desse negócio de tempo, espaço, e outras matérias bacanas sobre as quais não vamos falar aqui, até porque não entendemos quase nada desses assuntos.

O que entendemos, mesmo que só um pouco, é que o tempo passa rápido. Já estamos no meio de Maio, e logo o ano (outro?) vai terminar sem que o mercado de Cinema tenha voltado inteiramente ao normal.

Mesmo que as atividades no setor de Cinema estejam retornando a níveis mais robustos, puxados pela normalização do mercado norte-americano e de alguns países da Europa e Asia, por aqui, embora indicando uma leve retomada, as coisas continuam incertas. Esperamos que em breve as pessoas voltem aos Cinemas em bom volume, e contribuam para que esse importante segmento volte ao normal.

Seja qual for a velocidade e intensidade da retomada do mercado cinematográfico, o que temos daqui em diante são enormes desafios em operar com racionalidade, bom senso e entendimento de que o que valia na fase pré-pandemia deve ser revisto e atualizado para os tempos à frente. Nesse novo momento, a tal equação tempo-espaço estará cada vez mais presente.

Essa equação se materializa quando olhamos o calendário de lançamentos programados para o segundo semestre de 2021, e para o primeiro de 2022.

As carreiras dos filmes estão agora mais longas, seja pelo menor número de cinemas abertos e operando, seja pelo retorno gradativo da audiência aos cinemas. As carreiras dos filmes estão mais longas, e os números que tínhamos anteriormente não estão sendo atingidos por enquanto.

O lançamento de Mulher Maravilha 1984 é um bom exemplo: lançado em Dezembro de 2020, o filme arrecadou, segundo a consultoria ComsCore, 72% de sua bilheteria nas quatro primeiras semanas em exibição.  O primeiro filme da saga – Mulher Maravilha - de 2017, gerou no mesmo período 85% de sua bilheteria total. Os filmes precisam agora de mais tempo para gerar os mesmos resultados de antes da pandemia.

O calendário atual mostra uma safra de filmes com excelente potencial, pronta para ser lançada, mas enquanto os Cinemas estão reabrindo salas, definindo horários e motivando a audiência para que retorne em grande número, é necessário adequar essa oferta para que possa gerar os melhores resultados. 

A lista de lançamentos próximos inclui títulos de peso como Um Lugar Silencioso 2, Cruella, Pedro Coelho 2, Viúva Negra, Velozes e Furiosos 9, Hotel Transilvania 4, Jungle Cruise, Esquadrão Suicida 2, Shang Shi, Duna, 007, Eternos, Top Gun, SpiderMan, Sing 2, Turma da Monica- Laços, e muitos outros. E somente este ano!

Esses filmes devem atrair interesse de milhões de espectadores, receber investimentos pesados dos distribuidores em campanhas em várias mídias, mobilizar a imprensa, blogs, sites, marcas e parceiros promocionais, e vão requerer distribuição nacional para criar e consolidar franquias importantes para o setor e para o público.

Já que, citando Isaac Newton, “dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo”, não há como o mercado acomodar tantos lançamentos num ambiente de relativa escassez de salas, horários e público, e onde os filmes já lançados precisam de mais tempo e espaço para gerarem melhores resultados.

Precisamos planejar os lançamentos pensando que nos próximos meses não haverá potencial de faturamento máximo se os filmes continuarem marcados para estrear um após o outro.

Mesmo que seja uma tarefa gigantesca, é necessário adequar o calendário de estréias; do contrário vamos forçar uma sequência de lançamentos com potencial de retornos financeiros e de imagem significativamente menores do que o ideal.

Precisamos usar o tempo e o espaço a nosso favor, e não há que ser nenhum gênio da ciência para perceber isso.

Marcos Oliveira
Marcos Oliveira

Marcos Oliveira é Consultor Especial do setor de Produção e Distribuição de Conteúdo Audiovisual, através de sua empresa Leverá Conteúdo e Negócios, que atua em desenvolvimento de projetos, captação, distribuição e consultoria. Sua carreira profissional inclui atividades em posições de liderança em empresas como Johnson & Johnson, Twentieth Century Fox Brasil e Austrália, Warner Bros e Universal Pictures.

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