22 Abril 2021

A profissão de roteirista

Em meados dos anos dois mil, um ofício, uma profissão, que começou a ganhar espaço, respeito e destaque no mercado audiovisual brasileiro foi o roteirista. Mas como se tornar um roteirista? Que tipo de formação um roteirista deve ter? Como é a indústria para o roteirista tanto no audiovisual nacional e no mercado internacional? Comecei a criar e a escrever roteiros em 2004 e de lá pra cá foram nove novelas, uma série e dois longa metragens em pré produção e um em desenvolvimento, com três roteiros premiados nos Estados Unidos , Reino Unido e França.

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Como em toda profissão precisamos ter talento e vocação e com o roteirista não é diferente, ele tem que estar sempre antenado ao que acontece no mundo e no mercado que trabalha, para poder criar e escolher qual história irá contar  para a sua audiência.  Para se consolidar na carreira de um contador de histórias para o cinema e TV é preciso ter foco e persistência. O primeiro passo é conhecer as técnicas de roteiro muito bem, para depois poder quebrá-las, como Pablo Picasso fazia com suas obras de arte. Pois escrever é um arte e para ser um exímio roteirista é preciso aprender, respeitar e dominar a técnica de contar uma história que entretenha a audiência tanto da telona quanto da telinha.

Os roteiristas que têm sucesso - e sucesso significa se sustentar com a profissão que você escolheu - principalmente no país em que vivemos, demanda  muito esforço, estudo e escrita, muita escrita. Roteiristas precisam estar constantemente escrevendo, aprimorando o seu ofício e isso se faz com prática, treino e estudo. Só assim o roteirista irá encontrar a sua voz, aquela que irá se destacar entre muitos.   Esse é o processo para começar a se construir uma carreira de uma das profissões mais belas e importantes do mercado audiovisual.

Alguns roteiristas descobrem que podem não amar o ofício e podem estar escrevendo  roteiros pelos motivos errados – fama, fortuna e ego. Há pouca fama e raramente uma fortuna no  jogo roteiro, mas existem sempre as exceções e são as exceções que fazem a diferença.  O roteirista tem uma enorme quantidade de trabalho para realizar e é um trabalho árduo que exige disciplina, saber lidar com críticas, lidar com rejeição e enfrentar a página em branco todos os dias. 

Existem pessoas que querem seguir carreira no cinema e na tv por causa do glamour , dos holofotes , mas depois de tanto baterem na parede percebem que é um ramo extremamente difícil, mas o quanto você quer uma carreira? Você quer isso mais do que qualquer outra coisa? A sua paixão o conduz  nos melhores e nos piores momentos? Você quer devotar sua vida artística a esse empreendimento dada todas as críticas, rejeições e sacrifícios que o roteirista deve suportar? Essas perguntas devem ser feitas todos os dias para fortalecer o dínamo que há dentro de você para continuar dia após dia escrevendo e escrevendo.

Se você bater em uma parede e encontrar obstáculos e falhas, encontre uma maneira de contornar  o que o impede de ter sucesso. Vamos! Afinal você é um ROTEIRISTA!  Sempre mire alto, não tenha medo de falhar , mas se o fizer tente uma abordagem diferente na próxima oportunidade. Adapte-se, permaneça no fluxo e procure outras maneiras de romper as paredes. Nunca considere qualquer falha um revés. É uma oportunidade importante de apreender  para que você possa se erguer novamente e voltar mais forte da próxima vez. 

Em algum momento da jornada , talvez depois  de alguns anos de luta muitos se perguntarão: “Eu realmente tenho o que é preciso para ser um roteirista?  Seja honesto e se a convicção está no coração, ataque- o com zelo e paixão e não olhe pra trás, continue em frente , pois depois de ascender a chama criativa, só você pode  impedi-lo de viver seus sonhos e não se preocupe com a competição. Não estarão competindo com Joss Whedon, Quentin Tarantino ou Aaron Sorkin por empregos.  A única competição real  deve ser sempre consigo mesmo para se tornar a cada dia um melhor roteirista.

Carlos Henrique Marques

Carlos Henrique Galvão Marques é Membro da Academia Brasileira de Cinema e membro da AFI - America Film Institute em Hollywood. É escritor, diretor, produtor e ator. Escreveu nove novelas e uma série, entre elas está “As Aventuras de Poliana”, vencedora de melhor novela em 2018. Também escreveu o roteiro do longa metragem “Rosa the Fighter”, vencedor do Cannes Screenplay Contest e recebeu nomeações como melhor roteiro original no Beverly Hills Film Festival e no Burbank Film Festi- val, ambos festivais de Hollywood. Recebeu menção honrosa com o rotei- ro “Henry” no UK Film Festival no Reino Unido e Guinevere como melhor roteiro original no Los Angeles Television Script and Film Festival. “Rosa the Fighter” está em pré produção em Los Angeles e Guinevere começará a ser pré-produzido no segundo semestre de 2022 no Reino Unido.