08 Junho 2018
Mais crédito, menos burocracia
Para cada real investido pelo FSA, o parque exibidor faturou R$ 2,73
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Entre 2008 e 2017, 24% dos recursos disponibilizados pelo Fundo Setorial do Audiovisual foram destinados ao segmento da Exibição. Nas operações de crédito e investimento, foram contemplados 47 complexos em 40 municípios, com um total de 276 salas. Considerando somente o valor alocado nas salas já inauguradas, para cada real investido, o parque exibidor faturou R$ 2,73.
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Ainda é pouco. O gargalo no mercado de exibição continua sendo um desafio a ser superado: a relação entre o número de salas e o tamanho da população no Brasil (uma sala para cada 65.000 habitantes) é muito aquém daquela verificada em países como a Argentina e o México. Além disso, somente 8% dos municípios brasileiros dispõem de salas, revelando alta concentração e baixa capilaridade no setor. Em um contexto de forte competição com o produto internacional, tudo isso dificulta e abrevia a carreira dos filmes brasileiros, que deixam assim de encontrar seu público potencial nos cinemas.
Como o setor conhece, a ANCINE atua em exibição por meio do programa PROINFRA – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Infraestrutura. Além disso, os exibidores também são contemplados com o Prêmio Adicional de Renda – PAR Exibição. É verdade que os resultados operacionais acumulados até aqui demonstram o êxito das ações do PROINFRA, mas elas precisam ser aprimoradas.
Sem prejuízo de outras ações, a atual gestão da ANCINE entende que o melhor caminho para que o ritmo da expansão e modernização do parque exibidor seja mais consistente é aumentar e aperfeiçoar as linhas de crédito, com ênfase particular nos mais de 4.000 municípios sem sala de cinema no País – muitos deles com mais de 200.000 habitantes. Para isso é preciso preparar e qualificar empreendedores que se encontram fora do eixo Rio-São Paulo.
É este o sentido da Resolução 151 no Comitê Gestor do FSA, assinada pelo diretor-presidente da ANCINE, Christian de Castro, no último dia 12 de abril. Criou-se ali uma nova linha de financiamento – no valor de R$ 100 milhões –, com regras específicas de acesso e operação, em cinco modalidades, com taxas, prazos e condições especiais. Um dos objetivos é financiar planos de negócio das empresas exibidoras, incluindo como itens financiáveis a aquisição de equipamentos importados. E não podemos esquecer dos já tradicionais recursos, agora na ordem de R$ 3,525 milhões para o PAR-Exibição.
Uma das modalidades é voltada para projetos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com custo financeiro ainda mais favorável aos proponentes. Outra se destina a projetos de atualização tecnológica e acessibilidade. Outras duas, particularmente inovadoras, atenderão à necessidade de capitalização dessas empresas, por meio de Capital de Giro e Adiantamento de Recebíveis – garantindo o provimento dos recursos financeiros necessários à consolidação e expansão de seus negócios. As empresas exibidoras proponentes – incluindo shoppings – deverão comprovar experiência mínima de dois anos, com a operação de, no mínimo, duas salas de exibição.
Além disso, a ANCINE trabalha para facilitar e agilizar o acesso de pequenos e médios exibidores aos recursos do FSA, reduzindo a burocracia e o tempo de análise entre a solicitação e a aprovação das propostas. Somente assim conseguiremos efetivamente fortalecer as empresas, apoiando a expansão do parque exibidor e sua atualização tecnológica; e aumentar o acesso da população aos filmes brasileiros, estimulando a abertura de salas em todas as regiões do país, descentralizando o parque exibidor e induzindo a formação de novos centros regionais consumidores de cinema.
Angélica Coutinho
Angélica é servidora concursada e atual Superintende de Desenvolvimento Econômico da ANCINE. Formada em Jornalismo, trabalhou por 26 anos na área de audiovisual como diretora, roteirista e produtora. Ela tem mestrado e doutorado em Letras com foco em roteiro para Cinema e TV e recentemente concluiu sua pesquisa de pós-doutorado sobre Gêneros de Programas de TV.
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