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Artigo / Audiovisual

11 Fevereiro 2021

Touch down nas Alturas

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Uma das atividades anuais quando cursei a faculdade de publicidade era avaliar os anúncios exibidos durante o Super Bowl – uma transmissão que reúne milhões de americanos na frente da televisão. Analisávamos as tendências do mercado publicitário americano, as marcas que investem milhões pelo espaço e as metáforas utilizadas para atrair a atenção aos consumidores. Mesmo depois de concluir o curso, mantive a tradição de avaliar as propagandas do Super Bowl como tantos outros que gostam do assunto. Nesse ano, um dos anúncios de destaque tinha uma mensagem clara para quem gosta de entretenimento: A montanha Paramount apareceu no horizonte do serviço de streaming.  

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No Super Bowl desse último domingo, uma campanha milionária no maior evento esportivo dos Estados Unidos mostrou mais detalhes sobre o lançamento do novo serviço streaming do grupo ViacomCBS. Nessa campanha, a montanha Paramount, hipoteticamente alguns metros mais alta que o monte Everest, é o destino e nova casa do entretenimento, com filmes, séries, notícias e esportes ao vivo. “Uma metáfora de como estamos todos no Paramount Plus agora”, disse o Joven Sheldon para os demais personagens de séries, animações, apresentadores de Talk Shows, âncoras dos jornais e esportistas que ali estavam (incluindo Sir. Patrick Stewart), no cume de um ícone do cinema que agora entra numa nova fase, em um mercado cada vez mais acirrado. O que sabemos é que o caminho, sem dúvida, será íngreme e arriscado.

Em 2018, a Paramount mostrava poucos sinais de que seguiria o mesmo caminho de Disney ou Warner Media e desenvolver um serviço próprio de streaming, apesar de trabalhar muito em parceria com outros players. Na época, Jim Gianopulos, quem tive o prazer de conhecer quando ainda estávamos na Fox, disse em uma entrevista que ter um serviço OTT não seria algo para o curto prazo, porém, não descartava essa hipótese. “Pode-se evoluir com o tempo em conjunto com a Viacom e outros proprietários de conteúdo, mas não há um plano imediato para isso.” complementou ele. Esse parecia ser realmente o plano, já que em novembro de 2018 a Paramount fechou um acordo com a Netflix para diversos filmes. Essa estratégia de buscar seu espaço em outras plataformas streaming possivelmente começou a mudar com a fusão CBS e Viacom. CBS já possuía seu serviço streaming desde 2014 - uma eternidade para o mercado atual - e atualmente possui cerca de 20 milhões de assinantes. Juntando o catálogo e canais da Viacom com os conteúdos da CBS, proporcionaram o tamanho e peso para enfrentar os outros players.

No dia 4 de março, o aplicativo CBS All Access será alterado para Paramount Plus e será mais um estúdio utilizando sua marca para atrair consumidores para uma nova plataforma. O lançamento será inicialmente nos Estados Unidos e na América Latina, seguido por alguns países na Europa no final de março e Austrália já no meio do ano. Resta saber se além dos mais de 30,000 conteúdos (CBS, Comedy Central, MTV, Nickelodeon, produção original e parte do catálogo do estúdio) haverá uma estratégia no mercado doméstico envolvendo o calendário de lançamento dos filmes nos cinemas. Para avançar esse desafio envolvendo streaming e cinema americanos, ViacomCBS pode seguir o caminho traçado pela Disney+, com o Premier Access, o da HBO Max e seus lançamentos simultâneos, ou buscar uma outra trilha.

No final, com a chegada de mais um estúdio ao mercado de SVOD, existem poucos espaços para iniciar essa escalada, e só o tempo vai dizer quais plataformas conseguirão um touch down no topo do mundo do entretenimento, e quais ficarão congeladas pelo caminho.

Ricardo Bollier
Ricardo Bollier

Profissional com mais de 15 anos de experiência na indústria do entretenimento, tendo passado por empresas globais como Fox Film, Warner Bros, Dolby e D-BOX. Atua nos mercados da América Latina e Estados Unidos, juntando conteúdo, experiências e tecnologia.

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