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Artigo / Audiovisual

20 Janeiro 2021

O crescimento do setor de Animação no Peru

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Embora a história gráfica do Peru tenha início há mais de dez mil anos, a primeira animação peruana está datada de dezembro de 1952, com um curta-metragem experimental de cinco minutos dos diretores Augusto Lopez e Rafael Seminario, fundadores da empresa El Lápiz Mágico cujo papel era justamente produzir e distribuir suas obras.

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Desde então, considera-se que o Peru tem certa trajetória na produção de animações, e começa a aparecer no cenário mundial. Destacam-se alguns momentos importantes no tocante ao fomento e à tentativa de configuração de uma indústria setorial como a eclosão do primeiro encontro chamado “Anima Perú - Encuentro Internacional de la Industria de la Animación” realizado em março de 2018 na sede do Ministério de Cultura (MINCUL), na capital Lima, cuja intenção foi apresentar o “Plan Estratégico para la Internacionalización de la Animación Peruana” desenvolvido por meio do programa “Innovate Perú” (Ministério de la Producción) com participação de profissionais nacionais e internacionais, especialistas em mercados, assessores tributários, advogados especializados em direitos autorais e estratégias de comunicação de internacionalização. Um segundo momento foi a realização do primeiro encontro “Ágora de Dibujos Animados” realizado em junho de 2018 pela “Dirección del Audiovisual, la Fonografía y los Nuevos Medios” (MINCUL) com objetivo de fortalecer o intercâmbio entre realizadores nacionais e seus projetos de animação por meio de pitch de projetos, work in progress e debates.

Outros marcos caracterizam o avanço do setor de animação no Peru, como alguns filmes que ganharam o espaço internacional. Por exemplo, o longa-metragem “Nuna, la agonía del wamaní” foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy de 2016 na categoria “Animation Du Monde Selection Pitch”, recebeu ainda o Prêmio de Projeto de Longa-metragem de Ficção de 2016 promovido pelo “Ministério de Cultura del Perú” e também se foi selecionado para o “Festival La Truca de Cali”.

Em 2020, a animação Vigilados, dirigida por Gianpierre Yovera e Francisco Pasache, e produzida pelo estúdio peruano Apus e coproduzida pelo Wild Bunch do Chile, foi a primeira animação peruana selecionada para a Animation Day, espaço dirigido ao cinema de animação no Festival de Cannes. A obra foi selecionada pelo edital nacional para longas-metragens de ficção da Dirección del Audiovisual, la Fonografia y los Nuevos Medios (DAFO) do Ministério da Cultura do Peru. Vigilados já havia tido protagonismo anterior de destaque, quando em 2018 foi selecionada na categoria pitch oficial de animação do prestigiado Festival de Annecy, no qual pretende fazer o lançamento mundial em 2022, e só depois disso estrear comercialmente. E neste início do ano de 2021, outro destaque do setor de animação no Peru, é a participação do estúdio Apus no videoclipe Heyboy, da cantora australiana Sia.

Embora num contexto mundial de desaceleração na produção audiovisual como um todo, observa-se que o crescimento da animação no Peru não cessou e está diretamente relacionado tanto ao modelo de negócio do setor, quanto aos fomentos público e privado, mas também ao crescimento do setor na América Latina com o desejo de configuração de um mercado próprio de coproduções, a partir de grandes experiências impulsionadoras como a conquista do Oscar, em 2016, pela animação chilena “La historia de un oso”, do diretor Gabriel Osorio.

Carla Rabelo
Carla Rabelo

Professora Adjunta do bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Doutora e Mestra pelo PPGCOM/ECA/USP. Integra os comitês editoriais das revistas Imagofagia e Cadernos Forcine. Foi docente de Linguagem do Cinema e Audiovisual na UNIMONTE, FIAM-FAAM/FMU e UNINOVE. Trabalhou como assessora institucional e coordenadora de projetos no Centro Cultural São Paulo (CCSP/SMC-SP). Atuou na área de produção audiovisual na TV Cidade de Aracaju (SE).

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