Exibidor

Publicidade

Artigo / Cinema

08 Dezembro 2020

O consumidor/espectador/usuário de cinema: uma reflexão sobre o consumo

Compartilhe:

As redes sociais são estudadas desde a década de 1930, mas seu comportamento vem sendo alterado por conta do avanço no uso intensivo das tecnologias que proporcionam uma nova realidade para as relações interpessoais. Entender esta dinâmica, cada dia mais complexa, é um ponto chave para a produção e fruição dos produtos culturais.

Publicidade fechar X

Durante algum tempo, acreditou-se que a internet seria a causa do fim de diversos serviços e produtos – entre eles, os produtos culturais. A arte não é a mídia em si. Música nunca foi o vinil, nem passou a ser o CD. A informação vinha dos jornais e revistas impressos, e hoje alcança um público muito maior com a disseminação de notícias (verdadeiras ou não) pela internet.

A vida digital evidenciou alterações nos âmbitos analógicos. O Uber não está acabando com os táxis. A Amazon não exterminou outros varejistas. O Airbnb não fez com que a hotelaria sumisse. A Apple Music não matou a indústria da música, bem como a Netflix não eliminou, nem eliminará, as salas de cinema. A tecnologia não é o disruptor. É a possibilidade da ampliação de plataformas e de novas formas de produzir e de consumir. A questão não é mais entender se a digitalização do analógico vai alterar as questões cotidianas e, consequentemente, a arte. Isso já é consenso. O que parece mais adequado é entender até onde isso vai – e como ela está modificando as relações.

A “era smart” (smartphones, smartTVs e etc.) apresenta uma nova lógica de análise. Considerando que os indivíduos possuem em seus devices possibilidades múltiplas de ofertas – e também a possibilidade de protagonismo a partir da ‘cultura participativa’ – de informação, será que podemos entender tais devices como centros culturais que competem com as ofertas físicas de cultura? As modificam, complementam ou competem? Para isso, falaremos sobre os tipos de difusão.

A edição de 2018 da pesquisa Panorama Setorial da Cultura Brasileira (www.panoramadacultura.com.br) verificou, portanto, nas abordagens investigadas, três tipos de fluxos de influência possíveis para o consumo das artes. I) aquele exercido pela massa, em que a quantidade de pessoas que consumiu um produto artístico influencia na decisão de outras pessoas a também consumirem tal produto; II) o que se entusiasma pelo domínio do conhecimento e de informações, como críticos, jornalistas, curadores e pessoas que detenham o conhecimento aprofundado sobre aquela linguagem artística e, III) o fluxo exercido pelas afetividades, onde as pessoas são influenciadas por amigos e pessoas próximas.

Esses fluxos formam três tipos de rede de comunicação. A de confiança, na qual o ator se permite correr riscos, abrindo mão do controle dos resultados e tornando-se dependente de outros atores, como acontece a partir do algoritmo das redes sociais e a presença dos influenciadores mediados por telas e plataformas digitais. A estratégica, cujo material é formado a partir de informações públicas, construídas por profissionais de comunicação e especialistas. A de amizade, baseada na troca de afeto e socialização, como o velho e bom “boca em boca” que, no mundo contemporâneo, soma-se às mensagens diretas ou grupos de WhatsApp.

E então? Como vamos nos comunicar?

Gisele Jordão
Gisele Jordão

Gisele Jordão é coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM São Paulo, professora da ESPM São Paulo e sócia da 3D3 Comunicação e Cultura. É doutora em comunicação e práticas de consumo, mestre em gestão internacional e graduada em comunicação social (ESPM São Paulo). Tem experiência na área de artes e gestão cultural, atuando principalmente nos temas: comunicação, gestão colaborativa, escuta afetiva, patrocínio e políticas culturais.

Compartilhe: