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Artigo / Exibidoras

04 Janeiro 2018

Não existe boicote a "Viva", mas sim uma vontade de que tudo se resolva da melhor forma

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Incrivelmente todos chamam de boicote dos cinemas brasileiros em relação ao filme “Viva”, o que é completamente errado. A decisão continua sendo individual de cada empresário e cada executivo de cada empresa de cinema. O que existe é uma indignação em relação ao posicionamento de uma importante major do mercado que enviou as condições comerciais e incluiu os 2% a mais da primeira semana sem ao menos iniciar uma conversa com as empresas exibidoras.

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O posicionamento de cada empresário e/ou executivo se limita ao enorme problema que enfrentamos no Brasil com as altas taxas de impostos que pagamos, os custos infinitos que aumentam sem parar a cada ano. Sigamos com alguns exemplos importantes dos custos fixos:

- Em 2015, a Centerplex Cinemas pagava ao ano um valor de R$ 826 mil em energia elétrica em todos os cinemas de seu circuito, simplesmente em 2016 os mesmos cinemas somaram o valor de – pasmem - quase R$ 2 milhões. Mais de 100% de aumento de um ano para o outro.

- Cinemas em território nacional, sofrem a todo mês com leis absurdas de meia entrada, tentativas e mais tentativas de carteiradas em nossos complexos, a invasão absurda de produtos que não são comprados em nossa bombonière.

- A meia-entrada no Brasil até hoje não foi resolvida de fato. 80% de nossos ingressos são de meia-entrada e sem chute algum e sem medo de ser feliz afirmo que desta porcentagem, em sua grande maioria são carteiras estudantes falsas.

- A rentabilidade diminui a cada ano. Nossas paredes de bilheteria não possuem mais espaços para a colocação de tantas informações de leis existentes em cada município exclusivas para cinemas.

- Em Fortaleza, se eu chegar com meu sobrinho e não tiver um documento do pai do meu sobrinho autorizando a entrada no cinema, não posso entrar no cinema. Uma lei criada do nada e sem consultar os empresários.

- Sem citar cidade ou lugar, meu cinema foi fechado por um promotor recém-nascido, mesmo com a carta do bombeiro autorizando a abertura do cinema e afirmando não haver riscos fechou meu complexo por inteiro. Por favor, cada um em seu devido lugar, o bombeiro que dá o alvará, ou seja, o promotor não pode em hipótese alguma fechar seu cinema por não concordar com o bombeiro. Afinal quem entende mais?

NÃO EXISTE BOICOTE! Queremos ser escutados, queremos conversar. Chamem as lideranças do mercado, vamos tentar explicar aos estrangeiros a dificuldade em relação aos problemas brasileiros.

Cada um no seu direito, a Disney no direito de achar que deve pedir mais 2% e os exibidores no direito de discutir os motivos que levam a isto.

Cada vez mais as distribuidoras diminuem as janelas de exibição, o que hoje no Brasil pode ser complicadíssimo! Entendemos todos os motivos que levam a isto, mas precisamos conversar. Um não existe sem o outro e sim, um sobrevive com o outro.

Os investimentos estão cada vez mais altos, e a abertura de novas salas se restringem a shoppings centers que por conta da crise não abrem espaços para novos complexos. A segurança no Brasil vai de mal a pior, o que prejudica a abertura de novas salas em prédios, os famosos cinemas de rua. Será esta uma praga jogada no mercado cinematográfico brasileiro, onde sempre que chegamos a marca de mais de 3 mil salas, o mercado para e recua? Final da década de 70 chegamos a ter quase 3.500 salas e após isto voltamos a ficar minúsculos abaixo das mil salas.

Confio e acredito que ambos os lados chegarão em breve a um consenso, pois ambos os lados possuem a melhor das intenções: o crescimento do cinema no mundo.

Márcio Eli Lima
Márcio Eli Lima

CEO da Centerplex Cinemas, 12ª maior exibidora do Brasil em número de salas com mais de 35 anos de atuação.

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