04 Novembro 2020
Remuneração do Captador
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A captação de recursos é um processo de longo prazo, que deve envolver toda a equipe de um projeto cultural, mas que precisa ter pelo menos uma pessoa responsável que se dedique exclusivamente a esta atividade.
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Esse é o décimo artigo com pílulas e dicas sobre captação e, lendo tudo que já foi dito por aqui, é possível perceber que a captação exige preparo, conhecimento interdisciplinar, pesquisa, vocação e tempo. Muito tempo!
O captador é o departamento comercial da sua produtora cultural, é o vendedor do seu projeto, e o representante institucional da sua organização. Por isso, é preciso investir e, acima de tudo, compreender que essa peça-chave para a viabilização de projetos é um prestador de serviço e não um investidor.
As leis de incentivo determinam um percentual para a captação de recursos (que varia entre as diferentes leis, mas não costuma passar de 10% do valor efetivamente captado) mas isso não significa que esta é a única remuneração devida. O trabalho da captação antecede a realização do projeto e as leis de incentivo não permitem gastos anteriores ao recebimento do recurso. Por isso foi adotado o percentual: como qualquer vendedor, serve de estímulo e cobre o lucro do trabalho desse profissional, mas não cobre os CUSTOS de desenvolvimento de todo o processo da captação, sendo assim, é importante que haja um pagamento mensal ao captador de recursos.
Quando dentro de uma instituição ou produtora, geralmente se paga um salário, com todos os benefícios, dentro dos padrões legais vigentes, ao funcionário dedicado à captação e, geralmente, uma remuneração variável por sucesso é prevista, dentro da lógica de percentuais e de estímulo/incentivo ao profissional. É por isso que, quando se contrata um captador de recursos externo à organização ou produtora, este deverá cobrar também um valor fixo mensal que cubra os seus custos mínimos e a dedicação de tempo ao seu projeto, bem como um percentual de sucesso, de acordo com as conquistas realizadas. Como um consultor ou qualquer outro prestador de serviços que atuará diretamente e com ampla dedicação ao seu projeto.
Importante lembrar que um captador ético precisa acompanhar o projeto até o final, sendo o responsável pela garantia de entregas dentro do combinado, apoiando o proponente no relacionamento com os parceiros e até na mensuração de resultados (relatórios), bem como apoiando o patrocinador na gestão das contrapartidas. O captador de recursos é um mediador fundamental dessas relações e o grande responsável pela fidelização e perenidade de parcerias. Invista em profissionais qualificados, comprometidos, éticos.
Conheça o código de ética dos captadores e a ABCR – Associação Brasileira de Captação de Recursos: https://captadores.org.br/codigo-de-etica/
Daniele Torres
Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.
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