21 Outubro 2020
A importância da distribuição
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A captação de recursos para o cinema tem nuances diversas da captação em geral, embora, na maior parte do processo, os caminhos sejam bem semelhantes, em termos de estratégias e ações a serem desenvolvidas para a obtenção de patrocínios. Porém, o audiovisual possui algumas especificidades e é importante trata-las aqui, uma vez que a Revista Exibidor é especializada no setor e a maior parte do público aqui interessado lida com o cinema.
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A distribuição de filmes e séries é uma questão extremamente relevante para a captação de recursos. Um avaliador, dentro de uma corporação empresarial, por exemplo, precisa entender e ter uma garantia mínima de como o projeto será veiculado, onde, como será garantido o alcance do público esperado e prometido no projeto. Isso porque um dos principais ativos de um patrocínio é a questão da visibilidade das marcas patrocinadoras. Por isso, projetos que já apresentam um plano de distribuição ou mesmo que já possuam distribuidoras associadas têm mais chances de conquistar investidores. Projetos que têm previsão de circular apenas em Festivais precisam ser muito identificados com temas de interesse do potencial investidor ou este precisará ser um interessado neste nicho de público, afinal, a visibilidade da marca será restrita a um público específico e pequeno. Por isso, na captação com patrocinadores pessoas jurídicas, os filmes “blockbusters” têm mais chances de obterem investimentos. Não apenas a quantidade de pessoas alcançadas diretamente (plateia) é maior, mas a repercussão também, o alcance de mídia espontânea, as chances do “buchicho” acontecer são maiores e, com isso, a visibilidade dos patrocinadores também é ampliada.
É claro que existem patrocinadores interessados nos chamados “filmes de arte”, mas são em número menor e, com certeza, são ainda mais assediados. Existem empresas bem identificadas com o cinema, que querem suas marcas associadas a filmes, séries e programas que sejam reconhecidos pelo diferencial, qualidade ou por nichos de público mesmo. Mas como já foi dito nessa série de artigos, patrocínio é moeda de troca e empresas não investem pela arte em si, mas pelo que podem receber dela, portanto essa captação sem um plano de distribuição bem definido é ainda mais difícil, porque são poucas as opções de investidores.
Falando em opções, uma boa alternativa para quem tem um projeto audiovisual e não tem garantia de uma ampla distribuição, nenhum acordo com canais de exibição ou mesmo não imagina que sua obra terá perfil para um alcance amplo de público e exibição em cinemas, é ficar de olho em editais específicos para o setor. Existem editais para produção, criação, pós produção e até mesmo para distribuição.
Oportunamente falaremos de outras especificidades da captação para o audiovisual, como a lei de incentivo específica do setor, o branded content entre outras formas de colaborar para a conquista do financiamento de obras. Acompanhe!
Daniele Torres
Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.
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