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Artigo / Audiovisual

20 Outubro 2020

Cinema da América Latina em novas plataformas de streaming

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Desde os anos 30, mas principalmente nos anos 60, o cinema produzido na América Latina se conformou como uma cinematografia de produção expressiva e constante especialmente em países como México, Argentina e Brasil. As histórias políticas dos países latino-americanos foram substrato para boa parte dos filmes de ficção e documentários cruciais para entender contextos sociais e também acompanhar experimentações estético-narrativas de seus realizadores e suas realizadoras. Embora seja um cinema marcado pelo político e militante, há propostas que buscam outras histórias e exploram outras nuances do que pode ser considerado como América Latina para além de estereótipos. Os festivais e mostras de cinema demonstram essa riqueza e abrangência. No entanto, os filmes latino-americanos continuam com dificuldades comerciais de distribuição e exibição tanto por desigualdades de mercado quanto por ausência de políticas cinematográficas robustas em seus países. Por outro lado, observa-se que produtoras têm buscado caminhos para visibilizar essa cinematografia e apresentar sua amplitude muitas vezes desconhecida dentro de seus países e de seus vizinhos.

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A pandemia provocou maior disponibilidade de filmes em plataformas de streaming e o cinema latino-americano tem protagonizado ações de democratização do acesso e aumento de público nesse momento de quarentena. A proposta de produtoras e cineastas em deixar seus filmes disponíveis se espalhou no Vimeo e Youtube, mas também em novas plataformas como: CholoFlix (Equador), BoliviaCine (Bolívia), CineCo/Plus (Colômbia), CR Films (Costa Rica), Centro Arte Alameda TV (Chile), OndaMedia (Chile), Cine.AR (Argentina), Sala de Cine Virtual/Puentes de Cine (Argentina), Play Piano (México), Cineaparte (Peru), Tondero/Netzun (Peru), Televisión on demand Play (Venezuela) e, a mais conhecida, Retina Latina que concentra um vasto catálogo de países como Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Uruguai e México (cf. LatAm Cinema).

Essas iniciativas facilitam o acesso a produções de países que não costumam circular com facilidade. Felizmente, com essas plataformas, tornam-se mais factíveis a visibilização e o conhecimento sobre a diversidade do cinema latino-americano, mesmo num contexto de alta necessidade de regulação do VOD para minimizar as assimetrias no campo da produção audiovisual. A partir do momento em que os públicos conhecem as matizes plurais desse cinema, torna-se mais possível o interesse em assistir a mais filmes produzidos na ‘região’ num contraponto à hegemonia estadunidense tanto nas salas de cinema quanto nas plataformas de streaming industriais (Netflix, Amazon Prime Video, Telecine, Hulu, Apple TV+, Disney+, Paramount+, entre outras). Desse modo, observa-se um circuito novo e alternativo de produção e exibição, e também independentes, para além de narrativas blockbusters homogeneizantes provenientes das majors.

No descompasso histórico ainda marcado pela alta produção e o baixo volume de distribuição/exibição/acesso dessa cinematografia, essas iniciativas de novas plataformas de streaming merecem divulgação, maior investimento e mais espectadores cinéfilos ávidos por diversidade.  

Carla Rabelo
Carla Rabelo

Professora Adjunta do bacharelado em Produção e Política Cultural da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Doutora e Mestra pelo PPGCOM/ECA/USP. Integra os comitês editoriais das revistas Imagofagia e Cadernos Forcine. Foi docente de Linguagem do Cinema e Audiovisual na UNIMONTE, FIAM-FAAM/FMU e UNINOVE. Trabalhou como assessora institucional e coordenadora de projetos no Centro Cultural São Paulo (CCSP/SMC-SP). Atuou na área de produção audiovisual na TV Cidade de Aracaju (SE).

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