13 Outubro 2020
Socorro, o conteúdo sumiu!! ou Querida, encolhi o mercado!!
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Quando falamos de cinema é sempre correto afirmar que “o conteúdo é Rei!”, pois desde o início dos tempos é dessa forma que o espectador se sente motivado a comparecer às diversas salas em todo o mundo.
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Uma rápida avaliação ...
Na metade da era analógica ir ao cinema era uma programação diferenciada e desejada, uma forma de se manter à frente, assistindo antes os conteúdos hollywoodianos e o melhor do cinema Nacional.
Já no final do período analógico e início da digitalização, a promessa era a segurança, praticidade, benefícios tecnológicos e qualidade “sem igual”. Isso pode ser considerado uma meia verdade, onde os Estúdios pagaram uma parte da conta (VPF) e colheram frutos de uma logística simplificada e com valores substancialmente menores.
E com a digitalização efetivada, os avanços tecnológicos agregaram valor aos complexos de cinema e passamos a afirmar que “o conteúdo é Rei, mas a experiência do Espectador é fundamental”. Afinal o estímulo das sensações com 3D digital, telas gigantes, áudio imersivo, 4D entre outros, eleva o prazer de assistir um filme na telona, em comparação ao sofá de casa.
Surge a Netflix e imediatamente é rotulada por exibidores, com aval de grande parte dos distribuidores, como “inimiga” Número 1! Com discursos emocionados e exagerados, as juras de amor e solidariedade aos exibidores brotavam por todos os cantos. Então nasce o “inimigo” Número 2 – Amazon Prime Video e, com ele o sinal claro de que o conteúdo continuava sendo Rei, mas não necessariamente e somente nas telonas.
É a partir daí, nos cinemas, que se inicia uma corrida por diferenciais tecnológicos, gastronômicos e atividades complementares. Investimentos gigantescos foram empregados de forma planejada e não planejada, fazendo com que em alguns cinemas o espectador não percebesse todo o esforço do exibidor para atraí-lo de forma diferenciada.
Um som imersivo ou mesmo uma projeção laser precisa ser apresentada à audiência como algo fora da curva e além da telinha da TV, pois muitos espectadores não percebem grandes diferenças quando não estimulados para isso.
A briga estava acirrada ente a telona e a telinha, com os principais estúdios estruturando e lançando seus próprios serviços de streaming, o que para muitos parecia uma mera resposta aos “inimigos 1 e 2”, em defesa das salas de cinema. Isso é verdadeiro em parte, pois foi sim uma resposta à Netflix e Cia., mas não em defesa dos exibidores.
A mensagem de que o processo Produção / Distribuição / Exibição estava mudando não ficou clara imediatamente, mas já se falava em janelas menores e “filmes que são para cinema e filmes que são para streaming”.
A pandemia chega e acelera o streaming “do bem” e o “do mal”, desestabilizando definitivamente o equilíbrio entre Distribuidor / Exibidor. O momento é de sobrevivência para muitos e fartura para alguns, onde quem se beneficia com o distanciamento social nada de braçadas, enquanto os empresários da aglomeração (escutei isso e confesso que fiquei chocado no início, mas acabei concordando) sofrem com os fechamentos dos seus empreendimentos e, mesmo na retomada sofrem pela falta de lançamentos.
Qual a interpretação do momento atual?
A resposta correta ainda não é clara!
Não existem vilões e mocinhos, mas sim empreendedores buscando retorno aos seus investimentos. Os Exibidores encolhem ou se unem e o mesmo ocorre com os Distribuidores. Numa avaliação otimista podemos considerar que estamos vivenciando uma “freada de arrumação”, onde estamos sacrificando os anéis e, talvez alguns dedos.
Encontrar novos caminhos é mandatório e, a boa notícia é que eles existem e já foram testados algumas vezes. O desafio é ajustar a ótica e expectativa para encarar uma competividade brutal, onde muitos talvez não tenham interesse ou fôlego para mais uma batalha nessas proporções.
É neste ponto que avaliamos a afirmação “O conteúdo é Rei!”. Continua verdadeira, mas pode ser conteúdo cinematográfico novo ou reembalado em ações cooperadas Distribuição / Exibição / Fãs, conteúdo de Esports, conteúdo corporativo... ações que façam sentido na geografia de influência de cada complexo.
Isso é simples? É claro que não! Mas merece uma avaliação, com um olhar próprio ou de parceiros estratégicos.
Luiz Fernando Morau | morau@integradora.digital
Profissional sênior em infraestrutura, desenvolvimento e integração de soluções no audiovisual, digital cinema, broadcast, games, VR, AR e digital signage. Sócio e CEO da INTEGRADORA DIGITAL
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