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Artigo / Audiovisual

10 Setembro 2020

A escolha de data - carnaval, agosto, férias escolares…

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O assunto parece estranho para um momento de cinemas retomando suas atividades aos poucos, mas é recorrente ouvirmos que não existe melhor época para se lançar um longa como a época das férias - julho ou janeiro, por aqui no Brasil. Quando estivermos com a programação novamente frenética, vamos perceber as mesmas questões com relação às datas? Possivelmente.

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Mas será que para todo produto devemos continuar seguindo um modelo único? Sabemos que não. Alguns filmes performam bastante bem se lançados fora de datas concorridas. Estar em momentos com menos opções nas telas pode ser uma ótima alternativa.  Fugir por exemplo dos lançamentos pré-Oscar, se considerarmos um filme com o mesmo perfil de público, parece um melhor caminho para sua marcação. Aliás, é no público que precisamos estar de olho constantemente para entender movimentos, desejos, interesses e principalmente conhecer suas demandas.

Buscando um caso antigo porém emblemático, lembro que pensamos o lançamento do longa Cidade de Deus nos cinemas para agosto de 2002 com um número de telas que fazia sentido para a época. Focamos no objetivo de estimular a demanda reprimida pelo filme, em sua semana de lançamento, e ampliar em seguida, caso estivéssemos certos. E bingo!! Funcionou. Algumas cópias 35mm foram feitas a mais para a atender à dobra na segunda semana. A data foi bem escolhida, apesar de ter sido em um mês com muitos títulos de grande potencial comercial. Entre eles estavam: Minority Report (Tom Cruise), Insônia (Al Pacino), Nunca Mais (JLo), Tudo pra Ficar com ele (Cameron Diaz), Em Má Companhia (Anthony Hopkins), K19 (Harrison Ford), Missão Perigosa (Stalone)...e um pouco mais adiante na primeira semana de setembro, Triplo X (Vin Diesel).  Era briga de cachorro grande mas o brazuca se protegeu muito bem, como sabemos. Acumulou 3.370.871 espectadores, num cenário aonde chegamos a um total de 176 salas programadas. Foi um sucesso incrível !!

Já ouvi "por aí" que o carnaval é data para se fugir de lançamentos nos cinemas… brasileiro quer ir pro samba, pro desfile, pro trio-elétrico. Não quer se enfurnar em uma sala de cinema. Também já vimos que não é bem desta forma. Se levarmos em conta os resultados de alguns filmes nesse período e se considerarmos que nem todas as pessoas aproveitam o carnaval do mesmo jeito, vale ter em mente que este feriadão, tanto quando Corpus Christi e semana santa, podem ser ótimas opções dependendo do perfil de filme que se planeja programar.

O cuidado e a análise com relação às datas exige um estudo amplo. Pode significar o ponto de partida para um bom lançamento sem percalços na largada. Lançar um filme que comunica prioritariamente para o público adolescente na mesma data que o lançamento de uma nova temporada da série Stranger Things pode significar dividir a atenção. Maratonar a série no final de semana pode ser TUDO o que o adolescente, estando ou não na quarentena, busca. Por isso, o olhar sobre a concorrência deve ser amplo. Restringir esta análise apenas para os produtos na janela cinema é um erro que não se deve cometer.

Games, praia, show, série… entretenimento de forma ampla pede um olhar cuidadoso para o cronograma de lançamento. Ainda mais se considerarmos que o número de títulos lançados semanalmente tem aumentado exponencialmente. Fiquemos de olho no entorno!! Vale sempre a análise.

Cris Cunha
Cris Cunha

Executiva com mais 20 anos de experiência na liderança de marketing de distribuição de filmes nacionais e estrangeiros. Esteve ligada ao lançamento, à estratégia e à distribuição de diversos longas, como: Cidade de Deus, A Vida é Bela, Madame Satã, Olga, Minha Mãe é Uma Peça, De pernas Pro Ar, Chico Xavier, Estômago, Todo Mundo em Pânico, entre outros. A partir de 2017, iniciou atividades ligadas à coordenação de lançamento de filmes - planejamento estratégico da campanha - e à realização de pesquisa de produto (quantitativa e qualitativa) para o segmento audiovisual.

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