09 Setembro 2020
Sponsor-kit
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O mercado adora importar nomes para dar um status diferenciado a algo simples. No caso, esta é titulação de algo básico ao processo de captação: o projeto de venda, o kit do patrocinador. O material de prospecção usado para apresentar o projeto é chamado no meio de “sponsorkit”, numa provável apropriação e adaptação dos mídia kits. Ou também de um recurso muito usado no meio esportivo internacional, de forma diferente.
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O projeto a ser apresentado a um investidor precisa ter informações muito claras e precisas sobre o que se pretende produzir. É preciso considerar que a pessoa que receberá o material, seja ele em meio digital ou físico, estará conhecendo tal conteúdo pela primeira vez, muito provavelmente ela desconhece seu produto cultural e vai avaliar seu projeto por meio daquele material, ou seja, ele é a porta de entrada, o cartão de visitas e precisa dar a dimensão do que será realizado, tirando do campo subjetivo que as diferentes interpretações de uma leitura permitem. É importante, portanto, demonstrar o resultado final a se alcançar. Isso é mais fácil em projetos de segunda edição em diante, onde é possível ilustrar com imagens do produto já realizado. Quando isso não existe, em projetos de primeira ou única edição, recomenda-se trazer imagens de referência, com os devidos créditos, para dar a dimensão daquilo que se pretende produzir a partir do patrocínio conquistado. Em casos de filmes, o ideal é ter um teaser ou um trailer, mas quando não há verba para esse investimento inicial, também podem funcionar bem as referências de filmes e diretores nos quais a equipe se inspira e mesmo o estilo de fotografia, figurinos, os atores selecionados e outras especificidades que possam dar uma noção ao interlocutor do porte e caminho que se pretende trilhar naquela produção. Descreva o conceito do projeto.
Obviamente, o projeto de venda precisa ser atrativo, bonito, agradável de se ler. É básico evitar letras miúdas e fontes que possam dificultar a leitura.
Não há um roteiro obrigatório para essa apresentação, mas ela deve conter as informações mais relevantes para uma análise de investimento. Uma boa dica é se colocar no lugar do investidor: se fosse você o patrocinador, o que você gostaria de saber sobre o projeto? Como você se sentiria seguro para investir num determinado tipo de produção? Num lugar-comum genérico seria possível dizer que é essencial falar dos objetivos, descrever claramente o que se pretende produzir, inserir a equipe técnica e possíveis apoiadores para gerar credibilidade, especificar o público a que se destina para gerar proximidade, justificar a importância do projeto e sua identidade com aquele potencial investidor. Sinopses são bem vindas! Valorize os benefícios oferecidos (as famosas contrapartidas!) e, se possível, explicite o plano de comunicação (ou ilustre conquistas de mídia em caso de ações já realizadas), e inclua cronograma (fundamental nos projetos de audiovisual, que costumam ter longo prazo de produção). O valor do projeto pode ser encaminhado num segundo momento, ou fazer parte de um anexo como um plano de cotas e contrapartidas, algo que deve ser avaliado, dependendo de como está sendo realizada a prospecção e abordagem àquele prospect específico.
É preciso investir nesse material - uma boa escrita, revisões, design: isso significa tempo, recursos humanos adequados e dinheiro. Mas ainda que possa variar em formato: projeto, teaser, site... o chamado “sponsorkit” é a forma mais efetiva de se iniciar um diálogo com o potencial financiador. Invista!
Daniele Torres
Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.
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