04 Setembro 2020
Em tempos de pandemia, a pós produção pode ser um grande trunfo para a produção - Parte II - Virtual Scouting
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Algumas das etapas do processo de pré produção de filmes e séries, demandam muito tempo, dinheiro e deslocamento de parte da equipe. Pesquisa de locação passando pelo "tech scouting" até chegar o momento de decupagem das cenas, são todos processos que agora podem ser otimizados.
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As ferramentas do Virtual Scouting oferecem aos cineastas uma nova maneira de navegar e interagir com ambientes de Virtual Production que, como eu falei no artigo anterior, são cenários virtuais, feitos em 3D, para substituir o chroma key em alguns momentos e evitar aglomerações nos sets, usando um painel de LED de altíssima resolução.
No Virtual Scouting uma equipe de não mais que 2 pessoas, faz a visita colhendo as informações necessárias dos locais para que no dia seguinte esse material se torne um ambiente totalmente virtual e o diretor, produtores e toda a equipe técnica possam visitar virtualmente cada locação, até encontrar o que melhor se encaixa para o projeto.
Utilizando óculos de realidade virtual que tem sistemas de localização é possível, literalmente, andar pela locação, explorando sua geografia, entendendo perfeitamente suas dimensões.
Enquanto diretor e o fotógrafo procuram os melhores enquadramentos, a equipe de arte usa ferramentas de medição para começar o planejamento do espaço e definir o que será necessário fazer naquele local.
Como funciona? "Nós vamos até a locação, escaneamos o local todo em 3D e transportamos esse ambiente para dentro do óculos de VR. Lá fazemos um tour virtual, configuramos câmera e lente para cada tomada, podemos fazer um shooting board, ou mesmo extrair um animatic", conta Fábio Holtz, sócio da Weezee, empresa de desenvolvimento de tecnologia em VR/AR que vem atuando no mercado audiovisual.
O processo é muito semelhante ao dia a dia no set. O diretor e fotógrafo instruem o operador de câmera como será o plano, e assiste o processo tanto no set vendo a câmera sendo colocada na posição desejada, como em um monitor virtual que mostra o sinal dessa câmera.
"Podemos colocar várias pessoas ao mesmo tempo na locação dentro do ambiente virtual utilizando os óculos de VR, e para as outras pessoas que precisam ver o que o diretor está vendo porém não precisam "estar presentes" na locação, criamos players individuais que mostram o viewfinder da câmera. Dessa forma toda a equipe pode participar remotamente." explica Marcelo Siqueira, que é meu sócio na Mistika e sócio da Weezee também.
Essa forma de produzir no Brasil começou a ser desenvolvida logo no início da pandemia visando proporcionar a otimização do tempo enquanto todos estavam em suas casas, mas tem se mostrado a cada dia uma ferramenta que certamente ajudará os produtores, mesmo após o período de confinamento.
Ariadne Mazzetti
Ariadne Mazzetti é sócia diretora da Mistika Post, produtora e representante de Infraestrutura da SIAESP.
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