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Artigo / Captação

26 Agosto 2020

O “Pós-venda”

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As instituições diversas produtoras de cultura, com ou sem fins lucrativos, perenes ou não, precisam absorver como parte essencial do seu DNA da captação: ela não termina quando o dinheiro entra! É fundamental cuidar desse relacionamento, desse pós-venda que, na verdade, é um grande passo para a fidelização de um patrocinador.

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Há uma pesquisa americana (não específica da área cultural) que diz que um negócio custa 7 vezes mais para ser fechado pela primeira vez, quando comparado ao esforço e gasto de tempo para a manutenção de uma parceria ou renovação de um investimento financeiro. Portanto, fidelizar é uma questão de economia e praticidade, também.

Nos projetos de audiovisual, em especial, o cuidado com esse relacionamento vai além das reciprocidades em si, visto que elas acontecem geralmente ao final do projeto, mas eles levam anos para serem realizados. É preciso, portanto, cuidar dessa relação e aproximar os investidores ao longo do processo de execução. Medidas simples como informativos periódicos, convites para acompanhamento de determinadas etapas (bastidores de filmes, por exemplo, são bastante atraentes... que tal convidar a equipe do seu patrocinador para uma visita ao set de filmagem?), teasers das edições, notícias sobre conquistas (como festivais, críticas, matérias...), um pré lançamento ainda antes da estreia, se possível. São exemplos de ações, em sua maioria simples e sem grandes custos extras ao projeto, que motivam e aproximam os investidores. Não dá para solicitar um patrocínio e voltar 3, 4 anos depois de um longo silêncio com convites para estreia...

Além disso, é crucial que haja um esforço em comunicar os resultados das ações, mostrando os impactos dos projetos patrocinados na sociedade. Em tempos em que é necessário justificar investimentos na cultura e defendê-los, a comunicação tem que estar planejada para ir até a pós-produção, informando não só os patrocinadores, mas a toda a sociedade, os resultados subjetivos, qualitativos e também os quantitativos, inclusive do ponto de vista econômico, dessas ações culturais. Geração de imposto, emprego, renda, retorno do investimento incentivado, impactos econômicos refletidos em outros setores como turismo, comércio, alimentação, etc.

Papel do captador

Importante lembrar que um captador ético acompanha o projeto até o final, sendo o responsável pela garantia de entregas dentro do combinado, apoiando o proponente na prestação de contas e avaliações (inclusive na elaboração de relatórios e comunicados aos investidores). Ele é o mediador dessa relação entre patrocinador e patrocinado, portanto, age em prol da satisfação de ambos os lados: garante que sejam cumpridas as contrapartidas prometidas e colabora para o cumprimento e valorização dessas entregas. E um projeto cultural bem-sucedido é, essencialmente, aquele que cumpre seus objetivos e metas com a satisfação de todas as partes envolvidas.

Ao sucesso de parcerias duradouras!

Daniele Torres
Daniele Torres

Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.

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