17 Agosto 2020
Vamos falar sobre Novos Serviços?
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Dentro dos mercados de cinema, teatros, parques, museus, shows e eventos, nosso dia a dia tem sido buscar por boas notícias e uma agenda otimista. A indústria do entretenimento presencial tem sofrido muito e, tudo indica, continuará sofrendo por algum tempo.
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Vamos focar nos mercados de Produção, Distribuição e Exibição. No início das restrições todos afirmavam caminhar de mão dadas para superar a crise (eu mesmo sugeri isso num artigo de alguns meses atrás), pois a união nos tornaria mais fortes.
Eu continuo acreditando que a união fortalece à todos, mas a falta de um horizonte palpável, somado à necessidade de sobrevivência faz com que os mais fortes olhem para o próprio umbigo e diminuam sua dose de solidariedade, para com os que sempre esperaram e acreditaram que seguir em frente é seguir alguém.
Os produtores de conteúdo nacional e/ou independente acompanham atentos aos desdobramentos da queda de braço entre os grandes estúdios de Hollywood – PVOD – Grandes Exibidores. O final ainda é imprevisível, mas já deixa claro que a oferta hollywoodiana para as salas de cinema não será a mesma, bem como o tempo e prioridade das janelas de exibição. Temos um potencial oportunidade neste embate, mas não significa que somente isso resgatará o produtor e o exibidor, pois o sucesso de um não necessariamente será do outro.
Quem está nadando de braçadas neste mar revolto são os serviços de streaming e, não é atoa que os grandes estúdios estão fortalecendo os seus próprios departamentos para este fim. Mais uma vez isso é necessário e importante para a sobrevivência deste gigantes, mas o exibidor, no modelo atual, fica exposto e fragilizado, independente do seu tamanho.
A pandemia trouxe de volta os cines drive-in, e o exibidor foi atropelado pelas operações piratas, que se multiplicaram de forma exponencial, mesmo com a tentativa de algumas distribuidoras em bloquear a liberação de seus conteúdos. As ações oficiais ou não visam trazer algum oxigênio para um mercado que vive de “aglomeração”, no bom sentido.
Outro elo importante nessa cadeia é o fornecedor de equipamentos e serviços. Os pedidos de equipamentos em carteira dos grandes fabricantes foram postergados ou cancelados, seu quadro de funcionários reduzido, escritórios e filiais desconectados. A grande maioria dos fabricantes e prestadores de serviços são alimentados, prioritariamente, pela indústria de exibição, que se tornou o elo mais fraco, provocando consequências ainda sem um dimensionamento exato do tamanho do estrago. Eu posso afirmar que estes fornecedores estão buscando por alternativas além dos horizontes dos cinemas.
A mensagem que o mercado dá para o exibidor é que ele precisa tomar as rédeas do seu negócio e não depender de que alguém diga o que deva fazer e de quando agir. Todos os demais interlocutores do mercado estão ocupados tentando se fortalecer e sair vivo desse imbróglio, juntos com o exibidor ou não.
Uma atividade estratégica se fortalece nos exibidores que já buscam por diferenciais e, bate à porta dos exibidores que ainda não despertaram para a sua importância.
A figura do desenvolvedor de projetos toma corpo de forma direta ou terceirizada, mas será crucial para fazer virar toda a infraestrutura de um complexo de cinema, que não viverá mais somente dos lançamentos cinematográficos em seu modelo tradicional e massificado.
Estamos falando de ações diversificadas e multidisciplinares, indo de festivais de exibição conceituados para engajar e atrair apaixonados pela telona, passando por eventos corporativos, até torneios de esports. Todos com o intuito de gerar “aglomeração”, só que dessa vez de forma criteriosa e fidelizada, pois quem se torna íntimo de seu público está em vantagem sobre os que apenas vendem ingressos e pipoca sem uma identidade.
Essa remodelagem se dará nas duas frentes – Fornecedor e Consumidor – com prestadores de serviços se adaptando para uma nova atividade e Exibidor / Distribuidor se antenando para as oportunidades apresentadas por empresas sérias.
Mesmo agora sendo difícil se antecipar e planejar o futuro próximo, pense a respeito considerando o seu cenário particular. Refletir já é um começo, pois se conscientizar de algo passa por essa etapa.
Luiz Fernando Morau | morau@integradora.digital
Profissional sênior em infraestrutura, desenvolvimento e integração de soluções no audiovisual, digital cinema, broadcast, games, VR, AR e digital signage. Sócio e CEO da INTEGRADORA DIGITAL
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