12 Agosto 2020

Contrapartidas

O maior fator de sucesso entre projetos patrocinados é sua identificação com valores, temas de interesse, públicos ou comunidades de atuação do patrocinador. Encontrar e ressaltar a identidade entre projeto e financiador é um passo fundamental para o sucesso. Por isso mesmo faz bastante diferença montar propostas exclusivas para cada potencial investidor, ressaltando essa identidade e os vínculos possíveis, bem como as vantagens oferecidas pela ação cultural àquele patrocinador.

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Ampliar e qualificar contrapartidas, oferecendo muitos benefícios é um diferencial de sucesso. Isso se deve à lógica da captação que está na troca e no atendimento das necessidades do investidor, não do seu produto cultural ou organização... então OFEREÇA! Experimente trocar a solicitação pela oferta. Inovar nas reciprocidades, sair do lugar comum e quase obrigatório da “inserção de logomarcas”. Quais oportunidades o seu produto oferece? Importante notar que existem vários tipos de contrapartidas:

- Visibilidade: tudo aquilo que puder ser oferecido para gerar retorno de marca e imagem para o patrocinador, das famosas inserções de logomarca em peças de divulgação à publicidade, ações conjuntas em redes sociais, etc.

- Relacionamento: todas as oportunidades que o projeto oferece para os investidores se aproximarem, por meio da ação cultural, de seus públicos de interesse. Dos ingressos ou produtos culturais às possibilidades de aproximação com poder público, passando por ações de endomarketing.

- Comerciais: product placement, promoções vinculadas, permissão de venda no local, exclusividade de vendas, etc.

- Propriedade: titulação vinculada ao projeto, naming rights.

- Permissões: de uso de imagens, trechos da obra, distribuição de amostras de produtos do patrocinador junto ao público, cessão de mailing, etc.

- Serviços: a depender das características e segmento da ação cultural, mas pesquisas com seu público são um ótimo exemplo de serviços que, em geral, projetos podem prestar ao patrocinador.

- Isenções fiscais: isenção de impostos municipais, estaduais ou federais.

- Responsabilidade social: embora sejam contrapartidas à sociedade, os patrocinadores se beneficiam ao associar a marca a um projeto socialmente responsável. As contrapartidas vão da gratuidade de ações à acessibilidade e inclusão social.

- Transparência e gestão: não são exatamente contrapartidas, mas obrigações; porém como fazem parte das “entregas”, pode-se valorizá-las como tal.  São as apresentações de relatórios, avaliação de resultados, prestação de contas, clipping, etc.

Com um cardápio variado de reciprocidades, seu projeto terá muito mais chances de conquistar investidores. Mãos à obra! Não é sorte, é estratégia.

Daniele Torres

Daniele Torres é museóloga, com pós em história da arte, gestão cultural e comunicação empresarial. Atua há mais de 20 anos com leis de incentivo e captação de recursos. Sócia da Companhia da Cultura, gestora de projetos e consultora de Investimento Social Privado, e também sócia diretora do Cultura e Mercado, site e escola de cursos livres. Atualmente é também conselheira da Comissão de Direito das Artes da OAB-SP.