10 Agosto 2020
Em tempos de pandemia, a pós-produção pode ser um grande trunfo para a produção - Parte I
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Depois de alguns meses de paralisação total do setor audiovisual, começamos a reabertura. A partir da Fase 2, estabelecida por sindicatos, associações e governos, poderemos rodar, seguindo todo o protocolo que foi discutido longamente por essas entidades. Na volta às filmagens, a grande questão: como manter o distanciamento social se precisamos de dezenas de profissionais nos sets? Para essa pergunta, a pós tem uma solução que pode ajudar muito o produtor na hora de seu planejamento.
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Hoje, já estão sendo utilizados no mundo - inclusive no Brasil - painéis de LED como uma espécie de cenário virtual. Dessa forma, tudo o que estiver acontecendo por trás do ator ou dos atores, será projetado, em perfeita qualidade, em um painel comandado remotamente pelo pessoal da pós-produção. Esse painel pode ter o tamanho de uma janela ou até 150 metros - ou mais.
Esse tipo de solução já está sendo estudada há algum tempo. Na Mistika, já utilizamos algumas vezes para ambientar lugares de uma forma mais prática usando o LED, em vez de chroma key. O conteúdo? O que vocês imaginarem! Podem ser pessoas, paisagens, o que for. Tudo criado previamente em computação gráfica, ou mesmo através de imagens captadas por um grupo reduzido de profissionais. Assim, o processo de pós é iniciado já no set de filmagem.
Em cenas onde é necessário gravar dentro de carros em movimento, por exemplo, o painel já vem sendo utilizado com bastante frequência. Para os atores há uma vantagem porque eles não vêm mais um fundo verde: eles vêem o tempo todo o que está acontecendo naquele momento e são impactados por isso.
Essa tecnologia que traz a realidade para o ambiente virtual, chamada " Virtual Production " também foi utilizada na série The Mandalorian, do diretor Jon Favreau, com produção da Disney+. A série ainda não chegou no Brasil, mas vocês podem conhecer um pouco do que foi feito no link do YouTube abaixo - e ver que todo o cenário foi construído em 3D:
https://www.youtube.com/watch?v=Ufp8weYYDE8&feature=youtu.be
Já em O Rei Leão, toda a construção foi feita em 3D, só que os movimentos de câmera, os enquadramentos, foram produzidos fisicamente. O diretor ia para o set, colocava um óculos de realidade virtual e usava uma câmera virtual mas nas mãos. Desta forma, ele conseguia andar nesse espaço, encontrar os melhores enquadramentos e tinha à sua disposição câmeras, gruas, viewfinder, travelling… tudo para atender às necessidades da direção e da produção. E em tempo real, para depois entrar em pós produção. A tecnologia é a mesma utilizada em games.
Por ser uma novidade mundial, a primeira impressão é a de que o custo será incompatível com os recursos que temos para a realidade financeira no Brasil. Mas é justamente o contrário. No link abaixo, apresento um teste realizado pela Mistika em parceria com a Invisible Works e Fast Solução, para validar este processo para o desenho de produção de um longa-metragem que será gravado no início de 2021:
Essa é uma das diversas formas que a pós tem encontrado para se aproximar ainda mais da produção: apresentando soluções que vão permitir que gastemos menos e, ao mesmo tempo, consigamos enfrentar a barreira do distanciamento social que a pandemia nos legou. Procurem se informar sobre essa novidade. E busquem nos seus projetos espaço para experiências dessa ordem.
E um ótimo retorno aos sets para todos!
Ariadne Mazzetti
Ariadne Mazzetti é sócia diretora da Mistika Post, produtora e representante de Infraestrutura da SIAESP.
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