28 Julho 2020

Cinemas não são locais de alto risco

Estamos completando 4 meses e meio com os cinemas do nosso país impossibilitados de funcionar. Quando imaginaríamos ficar tanto tempo com nossa atividade fechada? O propósito do nosso negócio, através da magia do cinema, é de reunir pessoas para proporcionar momentos felizes e emocionantes, porém, infelizmente, esta pandemia interrompeu o nosso trabalho.

Publicidade fechar X

Saudades do tempo em que nós, empresários de exibição, ficávamos indignados quando recebíamos a informação de alguns Shoppings Centers, de que não poderíamos funcionar nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro, calculando o prejuízo que o fechamento dos cinemas no Natal e Ano Novo iriam ocasionar ao nosso negócio.

A incerteza e angústia de quando conseguiremos reabrir nossa atividade é muito grande. Infelizmente, como a evolução do contágio do novo corona vírus não é homogênea, estaremos na dependência de cada Governo Estadual e Municipal para a liberação de nossa atividade.

Foi criado de forma inédita o movimento # Juntos pelo cinema. É um movimento de cooperação geral, reunindo mais de 200 profissionais e empresas de todo o mercado de cinema que se uniram com o objetivo de discutir as melhores práticas, ideias e atitudes para a retomada, após o período de paralização. Exibidores, distribuidores e os mais diversos parceiros desse setor estão trabalhando juntos para garantir segurança, transparência e responsabilidade no momento de reabrir as portas do cinema ao público.

Um grande desafio do setor é o de desmistificar uma imagem equivocada de que cinemas são um dos lugares de maior risco para a propagação deste vírus e que deve ser uma das últimas atividades a reabrir.

Quando aplicados os devidos protocolos de proteção, a exibição de filmes dentro de salas de cinema tende a ser mais segura que várias outras atividades da economia. Riscos acabam sendo mitigados dentro de um ambiente com pé direito alto, inclinação “stadium”, no qual estaremos usando máscaras, sem interagir com outras pessoas, apenas assistindo passivamente ao filme, mantendo-se o devido distanciamento social. Cinemas possuem menor risco do que restaurantes, academias, meios de transporte, igrejas, supermercados, escolas, confraternização entre amigos, entre outros, onde a interação entre as pessoas e o manuseio de objetos é muito maior, considerando que uma das poucas evidências que se tem é de que o contágio se dá pela boca, nariz e olhos, quando estas partes pegam o vírus de gotículas emitidas por quem está a menos de 1,5 metros de distância delas, ou quando mãos que tocaram superfícies infectadas são levadas ao rosto.

Diversas medidas serão tomadas, que objetivam a segurança e o bem estar dos espectadores, destacando o distanciamento nas filas para compra de ingressos e bomboniere, utilização máxima de 50% da capacidade de lugares, distanciamento entre grupos afins, com bloqueio de poltronas, pontos de venda alternados, uso obrigatório de máscaras, procedimentos especiais de sanitização e higienização antes e durante a operação dos cinemas, entre outros. Shopping Centers também estão aplicando protocolos de segurança no controle de acesso de seus clientes, tais como a medição de temperatura corporal dos clientes, sendo uma proteção prévia à chegada aos cinemas.

Importante salientar que os sistemas de refrigeração dos cinemas, em sua quase totalidade, possuem renovação de ar externo e sua manutenção preventiva e periódica, que inclui limpeza e troca de filtros, atende a Portaria do Ministério da Saúde 3.523/1998 e a Resolução 9/2003 da ANVISA, referente ao Plano de Manutenção, Operação e Controle  (PMOC) do sistema de ar condicionado, em conformidade com a Lei 13.589/18.

Também, não podemos desconsiderar os milhares de empregos existentes no nosso setor, na sua maioria por jovens, que estarão protegidos em seu ambiente de trabalho por rígidos protocolos, reduzindo a probabilidade de contágio, que poderá ser maior quando estão no ócio e sem os devidos cuidados que as empresas lhes proporcionam.

Portanto, trabalhamos incansavelmente para prepararmos nossos cinemas neste tão esperado momento da retomada de nossa atividade, para podermos voltar a oferecer aquilo que mais gostamos de fazer: proporcionar momentos felizes e uma experiência única aos nossos clientes, sempre pensando na sua segurança e bem-estar. A população também precisa de diversão.

Ricardo Difini Leite

Presidente da FENEEC – Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas e Diretor do GNC Cinemas