09 Julho 2020
O que nos traz a "Geração Z"
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Quantos rostos novos vemos ao longo do ano nos eventos do mercado, que aconteciam presencialmente, antes da pandemia? Poucos, certo? No final de junho, o Linkedin me notificou sobre uma profissional de uma rede exibidora multinacional que fazia 22 anos ligada à companhia aqui no Brasil. Nossa indústria tem um baixo turnover. Pode-se dizer que este comportamento também é geracional? Sim e não. Como tudo, existem perfis, demandas pessoais, desejos, objetivos… sem rótulos, por favor.
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De qualquer forma, vemos na nossa indústria casos como o do Sr. Guaraci que trabalhou na distribuidora Paramount por 41 anos (entre 1978 e 2019). Isso acontece por conta do grande prazer e dos desafios gerados a quem trabalha nessa indústria? Provavelmente. Mas vale uma análise sobre o que percebemos no mindset e comportamento entre os que "estão chegando". As pessoas da chamada "Geração Z".
Quem são eles? Esta definição sociológica está relacionada à geração de pessoas nascidas entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010, e que desde sempre estão familiarizados com todas as possibilidades da era tecnológica. Alguns entram agora no mercado de trabalho e outros estão elucubrando sobre seus caminhos. Mas eles têm algumas características semelhantes.
Ao observar este comportamento, é possível detectar uma tendência de dinâmica no ambiente profissional. Para quem é ou convive com um Z, não será surpresa descobrir que essa letra remete à palavra “zap”, comumente associada à agilidade, rapidez e energia. Trata-se de uma geração hiperconectada, também conhecida como a geração dos smartphones. Tenho duas filhas, ambas da geração Z. Me trazem aprendizados constantes - do olhar sobre conteúdo à postura diante de um produto ou serviço.
E quando o assunto é profissão ou carreira, os Zs são desconfiados, pois não acreditam na ideia de exercer apenas uma função pelo resto da vida, diferente do Sr. Guaraci. Já se espera dessa geração uma grande flexibilização nas relações de trabalho, com uma forte produção conectada à velocidade da tecnologia.
As principais características da geração Z são: responsabilidade social, ansiedade extrema, menos relações interpessoais, desapego das fronteiras geográficas e necessidade de exposição de opinião. A depressão e o Rivotril são conhecidos desse grupo.
É uma geração que não está apenas ligada em tecnologia e em rapidez da informações, mas sabe a importância do equilíbrio e do valor entre o soft skill e o hard skill.
Ao escolher uma empresa, os Zs consideram o propósito expresso e praticado da organização, o que, aliás, também é uma característica muito evidente na geração dos Millennials.
Em uma pesquisa chamada de "Líderes do Futuro" realizada pelo Meio e Mensagem e Sel Histórias de Comportamento vemos que quando questionados sobre o ambiente de trabalho, os espaços de coworking e home office são mais valorizados. Neste isolamento social, talvez sejam os que estão melhores adaptados. Em percentual vemos que os índices referentes ao ambiente de trabalho, os Zs preferem pela ordem: Coworking - 26%, Homeoffice - 20%, Escritório Corporativo - 16%.
Diante de crises, rupturas e dos cenários de insegurança, incerteza, desemprego e desastres ambientais, a geração Z tornou-se menos idealista e mais pragmática.
Por outro lado, ela almeja atuar em empresas que possuam um propósito claro e que lhe possibilite se conectar de alguma forma e devolver algo para a sociedade.
Toda essa agilidade de aprendizagem também se reflete na relação com produtos, marcas e empresas. Por isso, a transparência é uma questão fundamental nas relações de consumo. Vamos aos números: 26% dos Zs versus 19% dos Millennials dizem rejeitar produtos que não estão preocupados com o seu modelo de produção. Se ligam no lado ambiental, social, cultural de cada marca. E vale ficarmos atentos não só nos Zs como colaboradores no time da empresa, mas também como clientes / espectadores. O que querem ver, ouvir, de que forma querem ser abordados no ponto-de-venda, no cinema.
A Geração Z está trocando com muito mais facilidade o verbo “possuir” pelo verbo “compartilhar”. A ideia de consumo compartilhado só cresce, de automóveis a roupas. E como somos a indústria do entretenimento e oferecemos e compartilhamos conteúdo, qual seria a forma mais assertiva de buscarmos a atenção dos Zs ?
Com o turbilhão de mudanças causado pelo coronavírus, não é exagero dizer que diversas empresas tiveram que transformar sua forma de atuação para sobreviver no mercado. E isso não acontece de forma diferente com a indústria do cinema. Mas, aprendendo com outros segmentos, podemos avaliar o que diz Daniela Cachich, vice-presidente de marketing da Pepsico em uma entrevista para a Forbes em maio deste ano. Ela acredita que, mais do que nunca, é hora de abrir as portas para ouvir e entregar exatamente aquilo que a sociedade quer.
Com atenção constante aos posicionamentos e aos desejos imediatos dos consumidores, Daniela revela que a única certeza é a importância de estar aberto para ressignificar. “Estamos tendo que ressignificar muitas coisas nas nossas vidas e com a forma de fazer negócio não é diferente”, finaliza.
Pensando no que podemos aprender com a "lâmpada de Aladim", a chave é olhar para quem faz os pedidos e quais desejos estão sendo feitos. Vale olhar para gerações diferente, analisando novas demandas de quem chega. Olhos arregalados e atentos!
Cris Cunha
Executiva com mais 20 anos de experiência na liderança de marketing de distribuição de filmes nacionais e estrangeiros. Esteve ligada ao lançamento, à estratégia e à distribuição de diversos longas, como: Cidade de Deus, A Vida é Bela, Madame Satã, Olga, Minha Mãe é Uma Peça, De pernas Pro Ar, Chico Xavier, Estômago, Todo Mundo em Pânico, entre outros. A partir de 2017, iniciou atividades ligadas à coordenação de lançamento de filmes - planejamento estratégico da campanha - e à realização de pesquisa de produto (quantitativa e qualitativa) para o segmento audiovisual.
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