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28 Agosto 2015 | Fábio Gomes

Câmara dos Deputados recebe 1° Seminário da Frente Parlamentar do Cinema e das Artes Visuais

Evento foi presidido pelo deputado Celso Jacob e contou com nomes importantes do mercado

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(Foto: Arquivo pessoal - Deputado Celso Jacob)

Foi realizado na semana passada o 1° Seminário da Frente Parlamentar do Cinema e das Artes Visuais, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Presidido pelo deputado federal Celso Jacob, o evento foi promovido pela Comissão de Cultura e pela Comissão de Legislação Participativa (CLP).

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O seminário abordou temas importantes sobre a legislação federal da área da Cultura e a importância em aproximar a cadeia do cinema com o Ministério da Cultura e a ANCINE. “Muito se fala em abrir mais salas de cinema no interior, mas devemos pensar em como manter uma política de distribuição”, explicou o deputado Celso Jacob. Para ele, o principal é estabelecer critérios justos de sobrevivência das empresas do segmento.

Com um total de cinco mesas, o evento contou ainda com a presença de exibidores, produtores audiovisuais e representantes do setor, que puderam expor sua opinião. Entre os presentes estavam o ator e secretário geral do sindicato dos artistas do Rio de Janeiro Milton Gonçalves, que pediu mais salas de cinema ao redor do Brasil e mais espaço para os filmes nacionais.

“Em diversos municípios do país, muitos cidadãos não tem nenhum contato com a sétima arte. Nos grandes centros, só contamos com as salas em shoppings. Muitos cinemas de rua deram lugar a lojas comerciais, deixando centenas de cidadãos órfãos. Nas poucas e caras salas, podemos sentir a escassez de filmes nacionais exibidos com raras exceções de algumas comédias que batem recorde de bilheteria. Quando os distribuidores o fazem, os filmes ficam pouco tempo em cartaz impossibilitando os brasileiros de assistirem. De 100 filmes exibidos, 90 são estrangeiros”, afirmou.   

O Presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas, Paulo Celso Lui, também foi um dos convidados da mesa. O exibidor falou das facilidades trazidas com a digitalização e como ela ajudou a programação de exibidores pequenos ao redor do país.

“Com o digital você começa em uma sala a exibir um filme, depois de 20 minutos você pode mudar para outra sala, depois na outra, pode colocar legenda, pode colocar dublado... Sempre falei que com a digitalização do parque as empresa teriam um ganho financeiro e isso tem se comprovado. As empresas estão atuando hoje no digital e, com essa programação mais diversificada, conseguem atrair mais público”, afirmou.

O executivo ainda falou sobre o crescimento do público nos cinemas, mas fez ressalvas em relação as despesas que cresceram muito em relação aos últimos anos. “Foram as despesas de energia elétrica, que em alguns multiplex cresceu muito. Tenho um amigo que pagava R$ 16 mil por mês de energia elétrica e, agora, paga R$ 38 mil por mês com o mesmo consumo. E ele não consegue repassar isso para o preço do ingresso. Com a alta do dólar, todos os nossos produtos como lâmpada e outras peças aumentaram. Então, além das despesas com a digitalização que ajudam a ter uma programação melhor, ela implica mais despesas, pois precisa de mais profissionais capacitados”, completou. O executivo ainda falou dos problemas com o ECAD, que foram resolvidos, e pediu a prorrogação do RECINE.  

O produtor cinematográfico, Luiz Carlos Barreto, desabafou sobre a situação dos filmes nacionais. Segundo o profissional, sobra muito pouco ao produtor em relação ao que se arrecada e deu como exemplo um filme da produtora Marisa Leão, que havia levado quatro milhões de espectadores aos cinemas e arrecadado cerca de R$ 48 milhões.

“O que chega na mão do produtor é algo em torno de 8% a 10%. Ora, o produto é muito mal remunerado. Porque, inclusive, só de impostos estaduais, municipais e federais tinham R$ 10 milhões no filme da Marisa Leão. Mais do que ela captou nas leis de renúncia fiscal. E todos dizem que os produtores estão captando dinheiro na lei do audiovisual. E se paga mais imposto do que se captou na lei. Isso são resquícios de uma organização de mercado absolutamente defasada, precisa ser rediscutida”, afirmou.  

A representante da Motion Picture Association (MPA), Andressa Pappas, falou sobre a necessidade de iniciativas eficientes contra a pirataria no Brasil, que é um dos países com maior problema nesse quesito nos relatórios anuais da entidade.

“O Brasil, assim como todos os outros territórios globais, está nessa luta de reformar e modernizar a lei de direitos autorais, especialmente no que diz respeito à internet. O nosso empenhamento é no sentido em que a lei de direitos autorais não peque pela perda da segurança jurídica trazida por tantos tratados e compromissos nos quais o Brasil é signatário como a Convenção de Berna. Se não existem alternativas eficientes que assegurem que o criador e todos aqueles trabalhadores da área produtiva tenham o direito autoral respeitado, entendemos que a dificuldade cresce como o acesso a investimentos, a novas tecnologias e a tantas ferramentas de inovação. Não proteger o direito autoral pode fazer com que toda a nossa produção seja desestimulada e precisamos fazer o contrário. Que o criador se sinta seguro a criar”, afirmou.  

Além deles, participaram o Secretário-Executivo da ANCINE, Maurício Hirata Filho; o Presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro, Jorge Coutinho; o Coordenador-Geral de Formulação, Difusão e Articulação de Programas e Projetos da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, Luiz Sena, além da participação popular.

O Seminário foi considerado um sucesso pelo Deputado Celso Jacob e, ao final, ele agradeceu a todos os expositores que puderam deixar sua contribuição sobre o tema e afirmou que o trabalho da Frente Parlamentar do Cinema vai continuar em breve, com outras atividades envolvendo toda a cadeia produtiva.

Veja as fotos do evento.

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